O documentário "Leaving Neverland" foi lançado a 3 e 4 de março e, desde então, o mundo não consegue parar de falar sobre a produção da HBO, que se foca nas acusações de abuso sexual de que Michael Jackson foi alvo.

Ao longo das quatro horas do documentário, que ficou disponível na HBO Portugal a 8 de março, podemos ver testemunhos inéditos de duas das alegadas vítimas, Wade Robson e James Safechuck, das suas mães e familiares próximos, bem como gravações e cartas do próprio cantor, destinadas aos dois homens, que acusam Michael Jackson de ter abusado sexualmente deles enquanto eram crianças.

"Leaving Neverland" tem causado muita controvérsia: a família da estrela pop colocou processos contra a HBO, os fãs mais fieis acusam Wade Robson e James Safechuck de quererem apenas dinheiro e popularidade, mas é inegável que este é um documentário que não deixa ninguém indiferente e consegue, no mínimo, colocar a dúvida sobre se estas alegações não serão de facto verdadeiras.

Ao longo da produção, os espectadores são confrontados com muitos detalhes dos abusos que alegadamente sucederam dentro das paredes de Neverland, o rancho megalómano do conhecido cantor. Mas ao contrário desses detalhes, em que temos de acreditar (ou não) nestes relatos, existe algo que está mais do que provado — falamos da coleção de pornografia de Michael Jackson, também referida no documentário, cujas imagens foram reveladas ao público em 2016, depois de confiscada pela polícia numa busca a Neverland.

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As imagens, fotografias, livros e vídeos que foram recolhidos pelas autoridades de Santa Bárbara, Estados Unidos, em 2003, seis anos antes da morte de Michael Jackson, constituem uma coleção bizarra de pornografia, com homens e mulheres em cenas de bondage, imagens eróticas de homens jovens e adolescentes e ainda cenas de sadomasoquismo.

De acordo com o relatório da polícia relativo à recolha deste material, existiam pelo menos sete coleções encontradas no quarto e na casa de banho privada de Michael Jackson que mostravam rapazes em idade adolescente, e mesmo mais novos, completamente despidos ou parcialmente, bem como fotografias Polaroid de dois jovens, um deles com um robe de quarto e outro de tronco nu. Nas próprias fotografias, as imagens estão identificadas como Greg e Kendall.

Para além destas imagens, foram encontradas mais de outros dois rapazes, também de tronco nu, em poses provocativas ao lado de Michael Jackson. O "Radar Online", que teve acesso ao relatório das autoridades e aos documentos do tribunal (onde estes materiais foram descritos ao pormenor aquando das primeiras acusações de abuso sexual do cantor), cita um investigador do caso: "Estes materiais expõem Michael Jackson como um predador sexual manipulador, que usa sangue e imagens sexuais explicitas, de sacrifícios animais e de atos sexuais perversos entre adultos para convencer as crianças a cederem à sua vontade".

A mesma fonte acrescentou que o cantor também possuía "imagens nojentas e chocantes de torturas de crianças, adultos, para além de outras imagens de nudez infantil, bondage feminino e sadomasoquismo", e o relatório policial refere que estes materiais podiam estar a ser usados com a intenção de seduzir crianças e jovens rapazes.

De acordo com as notas dos investigadores incluídas no relatório, um dos responsáveis pelo caso afirmou que, baseado na sua experiência profissional, "este tipo de material pode ser usado como parte de um processo de 'sedução', em que as pessoas (que pretendem molestar crianças) reduzem as inibições das suas vítimas e facilitam, assim, o abuso".

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Ron Zonen, promotor público do distrito de Santa Bárbara, que fez parte da equipa de acusação num dos processos de abuso sexual contra Michael Jackson, salientou ao "Radar Online" que estas imagens e vídeos tinham um propósito claro: "Muitas destas coisas são usadas para tornar as crianças menos sensíveis, e Michael Jackson chegou a admitir ter levado crianças atrás de crianças para a sua cama por longos períodos de tempo. Identificámos cinco rapazes, e todos eles o acusaram de abuso sexual. Na minha cabeça, não há qualquer dúvida de que ele seja culpado de abuso sexual infantil".

Apesar de estes casos terem chegado a tribunal, Michael Jackson, que morreu em 2009, nunca foi considerado culpado: em 2005, o cantor foi ilibado de sete acusações de abuso sexual infantil e de outras duas de intoxicação alcoólica a menores de 14 anos.