Cada pessoa reage ao álcool de forma diferente: enquanto duas cervejas são mais do que suficientes para deixar alguns meio zonzos, há quem só fique minimamente afetado ao quinto gin tónico. A resistência às bebidas alcoólicas é regida por muitos fatores, desde a massa corporal à habituação, entre outros.

No entanto, enquanto muitas pessoas conseguem reconhecer quando beberam aquela bebida a mais e param de consumir, há outros que parecem não se aperceber do que se está a passar, e continuam a ingerir bebidas atrás de bebidas, mesmo quando o estado de embriaguez lhes atrasa a fala ou dificulta os movimentos — e há um novo estudo que afirma que tal pode não ser apenas parvoíce, mas sim uma mutação genética.

A investigação levada a cabo por estudiosos da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, que foi publicada no início do mês de fevereiro no "Journal of Neuroscience", afirma que esta incapacidade de parar de beber e reconhecer o estado de embriaguez pode dever-se a uma espécie de "travão" em falta no cérebro.

Estudo. Afinal nem um copo de vinho por dia faz bem
Estudo. Afinal nem um copo de vinho por dia faz bem
Ver artigo

A maioria das pessoas possui um mecanismo apelidado de núcleo da cama da estria terminal (BNST), que nos ajuda a sentir os efeitos do álcool e a gerir o quanto podemos beber. No entanto, se este mesmo mecanismo não estiver a funcionar corretamente, o individuo não consegue perceber que já bebeu o suficiente, e continua a ingerir álcool.

Os investigadores trabalharam com ratos, e identificaram a área do cérebro que está ligada à amígdala cerebelosa e que controla as nossas respostas a estímulos, bem como ao nucleus accumbens (interface neural entre a motivação e ação motora), associado com as recompensas, sendo estes animais criados com mutações genéticas em certas proteínas.

Quando estas proteínas não conseguem reagir com a enzima ERK, devido à mutação ou porque a sua atividade está a ser bloqueada artificialmente, os "travões" que nos permitem ter a noção que é melhor parar de beber desaparecem, escreve a "Insider", citando Paul F. Worley, investigador na Universidade de Medicina Johns Hopkins.