As eleições legislativas antecipadas estão marcadas para 10 de março. Os debates eleitorais são um instrumento democrático importante, uma vez que visam o esclarecimento dos cidadãos relativamente às propostas e opiniões dos diferentes partidos e respetivos candidatos. E o pontapé de saída foi dado na SIC, esta segunda-feira, 5 de janeiro, com um frente a frente entre Pedro Nuno Santos e Rui Rocha.

Até 23 de fevereiro, dia em que os protagonistas serão os partidos com assento parlamentar (PS, PSD, Chega, IL, BE, PCP, PAN e Livre), na RTP, às 21 horas, os debates continuam e os candidatos continuarão a vestir-se a rigor, com blazers, camisas, gravatas e sapatos formais a perder de vista. A menos que sigam a tendência de Mariana Mortágua, cujo look se destacou por um pormenor: o calçado com que se apresentou.

A nova líder do Bloco de Esquerda, que foi eleita como sucessora de Catarina Martins em maio de 2023, na XIII Convenção do partido, em Lisboa, optou por um visual mais descontraído que o seu adversário, Luís Montenegro, com quem esteve a debater na terça-feira, 6 de fevereiro. Não, não descurou o blazer, mas desconstruiu a formalidade com um par de sapatilhas popular entre as massas: umas All Star Chuck Taylor, da Converse.

mariana mortágua debate be pcp
créditos: DR

Em vez do modelo mais clássico, de cano alto, Mariana Mortágua ficou-se pela versão em que as meias ficam à espreita. No entanto, quer estejamos a falar da versão em bota ou da que a candidata utilizou, o que é facto é que este é um dos modelos de ténis mais populares do mundo – já para não falar de que são bem antigos. Vamos a factos.

A Converse é uma marca norte-americana reconhecida pela sua coleção lendária de calçado, mas o que não falta no seu repertório são opções de vestuário e acessórios. Fundada em 1908 e apelidada de Converse Rubber Shoe Company, a marca passou por várias mudanças ao longo das décadas, sendo atualmente propriedade de uma das gigantes do vestuário desportivo, a Nike.

Tudo começou graças a Marquis Mills Converse, que abriu a sua própria empresa em Massachusetts, focada inicialmente em sapatos cuja bandeira era a sola de borracha, que se destacavam, por isso, daquilo que era apresentado no mercado da época. É que, no início do século XX, pele, madeira e fibras vegetais, como o linho, o cânhamo ou o esparto, eram os materiais que constituíam esta parte do calçado.

Tendo em conta que este material era tão flexível e confortável, não tardou muito até a etiqueta se aventurar no mundo do desporto, em 1915. Três anos mais tarde, em 1917, viriam a nascer aqueles que hoje conhecemos como All Star Chuck Taylor, um modelo de sapatos destinado a viver nos pés dos craques de basquetebol, que na altura tinha um nome muito mais curto –chamava-se Non-Skid e, em 1919, passou a ser All Star, lê-se na "The Athletic".

converse
créditos: DR/Converse

O nome de Chuck Taylor só entrou na equação anos mais tarde, em 1922, quando o basquetebolista, que integrou o Basketball Hall of Fame em 1969, foi contratado pela marca. A partir de então, viajou de uma ponta a outra dos Estados Unidos, com o objetivo de visitar escolas de basquetebol locais para promover ambas as variações dos ténis, que eram perfeitos para a modalidade.

Foi assim que o jogador se tornou indissociável não só da história destes sapatos, como de tudo aquilo que a marca representa. Isto fez com que a sua assinatura fosse acrescentada ao logótipo do modelo, em 1934, tornando-o nos primeiros sapatos com este elemento – e que pode ser visto ainda hoje, a par da icónica estrela da Converse, na lateral de todos os pares, diz a "Good Intention".

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A partir daqui, a popularidade deste modelo disparou. Ainda em 1934, a marca celebrou assinou um acordo com a Disney e a personagem mais icónica deste estúdio de animação, Mickey Mouse, utilizou estes sapatos. Os Chuck Taylor até chegaram a tornar-se no calçado oficial da equipa olímpica de basquetebol dos Estados Unidos, de 1936 a 1968.

A lista de conquistas para este modelo centenário continua até aos dias de hoje. Com o tempo, tornaram-se num símbolo da cultura popular e foram adotados por músicos como os The Ramones, Snoop Dogg e Ice Cube. E a aquisição pela Nike, levada a cabo em 2003, veio apenas consolidar ainda mais o estatuto da Converse enquanto um ícone da moda casual e do estilo de vida urbano.

Atualmente, os Chucks continuam a ser usados, mas não apenas nos campos de basquete. São uma declaração de moda e de descontração – até mesmo para políticos, como Mariana Mortágua é exemplo –, ao mesmo tempo que encapsulam uma história cultural riquíssima, que ultrapassa um século de existência. E se as opções eram reduzidas há uns anos, hoje em dia são quase infinitas.

Espreite algumas variações do modelo.