"O nosso pai era um homem bom, atento e disponível." Foi assim que Vera Sampaio, filha de Jorge Sampaio, deu início este domingo, 12 de setembro, às últimas homenagens ao antigo presidente da República, que morreu na sexta-feira, 10, aos 81 anos.

“Na nossa relação não existiam barreiras nem bloqueios. Era um homem bom, atento e disponível, que cultivava a amizade e a camaradagem porque sabia que na vida e na política, nada se pode fazer sozinho". Nas palavras de Vera Sampaio, os filhos sempre encontraram em Jorge Sampaio "o amor de um pai e a compreensão de um amigo".

"É uma vida de grande inspiração para todos nós". As reações à morte de Jorge Sampaio
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"Não havia discordância entre o político e o pai", reforça. Seguiu-se o discurso de André Sampaio, filho, cuja emoção transparecia a cada palavra e a cada pausa. "O nosso pai foi popular, sem ser populista. Foi sempre próximo, sem nunca banalizar a proximidade. Foi estadista e cidadão comum. Foi amado, sem gostar de ser venerado. Foi muitas vezes discreto, mas esteve sempre presente", declamou para os presentes.

"Foi um homem justo, corajoso, mas sem medo de chorar. Foi um homem bom. Foi um pai extraordinário”, concluiu.

Aos filhos de Jorge Sampaio seguiu-se o discurso do primeiro-ministro António Costa, que se referiu ao antigo presidente da República como "um homem bom e um português de exceção".

"Com ele, aprendi política e direito. Concordei, discordei, conspirei. Deu um valiosíssimo contributo para dignificar a nossa democracia e prestigiar Portugal", refere António Costa.

"Foi um homem de causas e valores praticados arduamente. Fui, desde muito jovem, amigo de Jorge Sampaio, seu camarada e amigo, estagiário na advocacia, diretor da sua primeira campanha eleitoral. A nossa democracia pode e deve orgulhar-se por ter sido servida por um político maior. Não há portugueses dispensáveis, por isso, não podemos dispensar Jorge Sampaio."

"Jorge Sampaio amou Portugal", recordou Marcelo Rebelo de Sousa

Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, iniciou o seu discurso vincando "a figura ímpar" e "o legado extraordinário" de Jorge Sampaio.

"É também um momento para lembrar o quão afortunado foi Portugal por ter tido, em Jorge Sampaio, um dos seus cidadãos mais ilustres. Serviu, como poucos, causas justas e a causa pública, antes e depois do 25 de Abril com convicção, combatividade, integridade" e, nas palavras de Ferro Rodrigues, com uma "enorme generosidade".

Marcelo Rebelo de Sousa, atual presidente da República, subiu ao púlpito posto nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, para recordar Jorge Sampaio como um homem que "amou Portugal".

"Jorge Sampaio amou Portugal pelas fragilidades. No humanismo fundado numa ética de compaixão, de partilha e de serviço, de identificação plena com o sofrimento, a privação o abandono. Fez dessa fragilidade sua, nossa, de todos nós. Jorge Sampaio nunca quis ser herói, mas foi", referiu Marcelo Rebelo de Sousa.

O atual presidente da República conclui dizendo que, para Jorge Sampaio, "Portugal nunca foi uma abstração, uma fortaleza fechada egoísta e distante". É isso, explica, que faz dele um dos "nossos maiores".

Jorge Sampaio foi presidente da República entre 1996 e 2006.