O portal de conteúdos sexuais Pornhub, um dos mais conhecidos a nível mundial, admitiu ter lucrado com tráfico sexual esta quinta-feira, 21 de dezembro, e concordou em efetuar pagamentos às mulheres que apareceram nesses vídeos publicados sem consentimento. De acordo com os procuradores norte-americanos, citados pela Reuters, o Ministério Público dos EUA em Brooklyn, Nova Iorque, acusou a Aylo Holdings, empresa-mãe do portal online, anteriormente conhecida como MindGeek, de envolvimento em transações monetárias ilegais, envolvendo receitas de tráfico sexual.

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A empresa, sediada em Montreal, no Canadá, irá pagar mais de 1,8 milhões de dólares norte-americanos (1,6 milhões de euros) ao governo dos EUA, bem como fazer pagamentos separados às mulheres prejudicadas. No entanto, nem o valor nem a forma como irão receber esses pagamentos foram divulgados. No acordo também está explícito que os procuradores irão, após três anos, rejeitar as acusações contra a empresa Aylo Holdings, desde que esta melhore os seus protocolos de conformidade. Para isso, a empresa terá um monitor de conformidade independente durante esse período.

“Esperamos que esta resolução, que inclui determinados pagamentos acordados às mulheres que viram as imagens publicadas nas plataformas da empresa e uma monitorização independente, traga alguma possibilidade de alívio às pessoas negativamente afetadas”, afirmou Breon Peace, procurador dos Estados Unidos no estado de Nova Iorque, em comunicado, citado pelo “Observador”.

A acusação teve origem após a Aylo Holdings ter recebido vídeos e aceitado pagamentos da GirlsDoPorn e da GirlsDoToys, dois sites da empresa agora extintos que hospedavam conteúdos sexuais, cujos criadores foram acusados ​​na Califórnia, em 2019, de enganar mulheres jovens a aparecer em vídeos pornográficos, publicados posteriormente no Pornhub.

Segundo os procuradores, a empresa recebeu, entre 2017 e 2020, mais de 100 mil dólares (90,8 mil euros) do site GirlsDoPorn, de acordo com uma cópia do acordo apresentado no tribunal federal do Brooklyn, citado pela “Reuters”, onde os funcionários da empresa sabiam ou deveriam saber que provinha das operações de tráfico sexual do site. A Aylo Holdings chegou mesmo a dizer que a GirlsDoPorn forneceu formulários de consentimento, que “pretendiam estabelecer” que as mulheres nos vídeos os tinham assinado, mas a empresa-mãe não tinha conhecimento de que estes eram falsos. 

Devido a isto, o diretor do gabinete do FBI em Nova Iorque, James Smith, disse que a empresa anteriormente conhecida como MindGeek “enriqueceu conscientemente ao fechar os olhos” às vítimas, e o Ministério Público defendeu que a empresa não agiu de forma suficientemente rápida para remover os vídeos não consentidos.