O abuso do monopólio de publicidade online custou à Google 1,49 mil milhões de euros, conforme avança esta quarta-feira, 20 de março, o jornal britânico "The Guardian". Esta punição está relacionada com o facto de a Google ter impedido publicidade de terceiros na página de resultados de pesquisa.

A Google cimentou o seu domínio enquanto motor de busca online e protegeu-se da pressão competitiva ao impor restrições contratuais anti-competitivas em sites de terceiros. Isso é ilegal de acordo com as regras da União Europeia. A má conduta durou mais de dez anos e negou a outras empresas a possibilidade de competir no mérito e de inovar”, disse Margrethe Vestager, Comissária Europeia para a Concorrência, ao jornal britânico.

A Comissão Europeia divulgou a decisão na rede social Twitter

De acordo com o "The Guardian", que cita o relatório da comissão, a Google utilizou um recurso para desmobilizar concorrentes que oferecessem "uma melhor oferta de receita de anúncios". Já em 2009, a Google optou por uma estratégica em que permitia que os anúncios dos rivais fossem veiculados, mas assegurava que não era colocados nos “espaços mais lucrativos nas suas páginas de resultados de pesquisa."

"Os rivais da Google não foram capazes de competir nos méritos, seja porque houve uma proibição definitiva de aparecer em sites de editores ou porque a Google reservou para si o espaço comercial mais valioso desses sites, ao mesmo tempo que controlava como é que os anúncios dos rivais podiam aparecer", afirmou a Comissária Europeia para a Concorrência.

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A empresa de tecnologia reagiu através de comunicado. “Sempre concordámos que os mercados saudáveis ​​e prósperos são do interesse de todos. Fizemos uma ampla gama de alterações nos nossos produtos para atender às preocupações da comissão [europeia]. Nos próximos meses, faremos mais atualizações para dar mais visibilidade aos rivais na Europa."

Esta não é a primeira vez que a empresa é multada. A Google já foi sancionada pela UE duas vezes nos últimos dois anos, num total de 8,24 mil milhões de euros por abuso de poder nos mercados. Primeiro, em junho de 2017, quando foi obrigada a pagar 2,42 mil milhões de euros por abusar da sua posição de motor de busca dominante e tirar proveitos no serviço de comparação de compras. Depois, em 2018, em 4,34 mil milhões de euros, por relacionar ilegalmente o sistema operativo Android — do qual era detentor — a várias exigências, impedindo que os fabricantes de telemóveis enviassem os aparelhos sem pré-instalar as aplicações de pesquisa e o navegador do Google.