Sam Morrison sempre gostou de provocar através da sua arte. Prova disso foi quando, durante o ensino secundário, criou um baralho de cartas com vários compartimentos escondidos que permitiam juntar várias cartas numa só e, assim, ganhar vantagem nos torneios entre colegas.

Apesar do sucesso — e até de alguma controvérsia, principalmente durante os torneios da escola —, Morrison levou a sua arte para o meio digital em meados de setembro de 2017. Foi nesta altura que teve a ideia de estampar alguns dos tweets mais polémicos e contraditórios de Donald Trump, atual Presidente dos Estados Unidos, em chinelos.

Em entrevista ao "Business Insider", o artista revelou que a ideia lhe surgiu naturalmente quando começou a ver a quantidade de contradições que Trump ia escrevendo na sua conta oficial do Twitter.

"Se dermos uma vista de olhos pelos mais de 40 mil tweets de Donald Trump, é certo que se vão ler algumas opiniões contraditórias. Quis salientar toda essa hipocrisia, só que em forma de chinelos". Os chinelos, explica, são uma espécie de trocadilho entre as palavras "flop" (fracasso ou fiasco, em português) e "flip-flop" (chinelo).

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Morrison, que até então tinha um trabalho a tempo inteiro na área da publicidade, deixou tudo para se concentrar apenas no novo produto. Investiu tudo o que tinha e tratou de idealizar, produzir, estampar e empacotar todos os chinelos que eram encomendados através da plataforma que criou.

Apesar de ser da área da publicidade, conta ao "Business Insider", nunca gastou um único dólar em anúncios para convencer possíveis compradores. O produto falou por si.

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Prova disso foi quando os cerca de mil chinelos que criou esgotaram em menos de um mês, depois de se tornarem virais em plataformas como o Twitter e o Reddit, de abrirem os noticiários da BBC e de serem manchete de várias plataformas de notícias como o "The Huffington Post", "MSNBC" ou a revista "Fortune".

O sucesso destes chinelos (que foram vendidos a cerca de 25€ por par) é facilmente explicável ao ver um dos modelos mais populares, chamado "Syria Edition", onde o artista estampou dois tweets publicados em 2013 e 2017.

Num deles, Donald Trump pedia a Barack Obama, na altura Presidente dos EUA, que não atacasse a Síria, enquanto que no outro (com apenas quatro anos de distância), felicitava as forças militares pelo ataque organizado à região.

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Atualmente os vários modelos de chinelos encontram-se esgotados devido à "complexidade de todo o processo de fabrico", que era supervisionado apenas por uma pessoa. Ainda à mesma publicação, Morrison não sabe precisar quando, ou se alguma vez, voltará a haver stock.