Sharran Sutherland, uma mulher de 40 anos e residente nos Estados Unidos, estava grávida de 14 semanas e nada parecia antever problemas. Tudo mudou quando, durante uma simples consulta de rotina, os médicos detetaram que o bebé de Sharran tinha morrido devido a uma súbita paragem cardíaca. A equipa que acompanhou o caso sugeriu que fosse feita uma cirurgia para que fosse removido o feto mas, e segundo o que escreve o jornal "The Sun", os pais recusaram por não quererem que o bebé "saísse em pedaços". Assim, a mulher optou por ter um parto natural 175 dias antes da data prevista para o nascimento, e revelou em primeira mão as imagens do bebé, a quem deu o nome de Miran, para provar que é um "bebé real" depois de a equipa médica o ter declarado "lixo médico".

Segundo a mesma publicação, a lei só reconhece um bebé a partir das 20 semanas de idade em certos estados dos Estados Unidos — o que significa que Miran seria descartado como lixo caso os pais não tivessem reagido. Depois do parto, Sharran e o marido, Michael, tiveram autorização para levar o bebé, de apenas 20 gramas, para casa onde o colocaram no frigorífico. A ideia era impedir ou, pelo menos, retardar o processo de decomposição até que se sentissem emocionalmente aptos para o enterro.

As imagens que cedeu ao tablóide britânico mostram um feto quase formado com as orelhas, as mãos, pernas e lábios já visíveis e, diz Sharran, que a forma como as pessoas olham para os fetos é através de uma perspetiva desumana que afeta não só pessoas que tenham decidido fazer um aborto ou que tenham perdido os bebés durante a gravidez.

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"Quando uma mulher perde o seu bebé antes de nascer, é incapaz de fazer o luto da mesma forma que a mulher que tem um bebé que morre depois de nascer. É quase como se não se falasse disto, porque é tabu. Lidamos com isto sozinhas porque as outras pessoas não reconhecem o feto como um humano, como um bebé", revela à mesma publicação.

Michael e Sharran trouxeram Miran para casa porque não queriam que fosse descartado como lixo

"Não conseguia acreditar que os médicos tivessem designado o meu bebé como um simples feto, ou como lixo. Fiquei tão triste e zangada", e diz que entre descartá-lo ou trazê-lo para casa, a escolha era óbvia. Assim, trouxeram-no para casa e pensaram na melhor hipótese de lidar com a situação. Muito porque, continua, "pensar num funeral parecia extremo" — numa altura em que não sabia exatamente o que fazer, já que nunca tinha estado numa situação semelhante.

Depois de muita discussão, noites mal dormidas e uma realidade que custava muito a engolir, o casal decidiu — por recomendação de um agente funerário —, enterrar Miran no vaso de uma planta de casa para que, à medida que as folhas fossem crescendo, Sharran e Michael sentissem que o filho estaria ali com eles.

"Sei que vai soar mórbido para muita gente, mas foi esta a forma que arranjámos de nunca nos separarmos do nosso filho", lamentou.