Para Débora Monteiro e Miguel Mouzinho, ir às compras a um supermercado chinês é tão normal como ir comprar legumes ao mercado. E na cozinha dos dois, existem especiarias que quase ninguém por cá conhece.

Não que sejam uns experts em cozinha, têm sim um background de experiência além-fronteiras que lhes permite viajar numa cozinha que vai muito além do bacalhau e das migas.

Miguel viveu 16 anos em Macau e nem com o regresso a Portugal perdeu o hábito de comer noodles e dim sum numa base quase diária. Chegou até a ter um restaurante de dim sum numa altura em que Lisboa ainda se perguntava que raio seriam aquelas bolinhas recheadas.

O 'muto vede' é um caldo de legumes, massa de arroz, cogumelos, tomate cereja, pak choi, cogumelos, cebolinho e rebentos de soja (12€)

A ideia não funcionou e Miguel abriu mais tarde o Food and Booze, num conceito que misturava cocktails com os petiscos, mas a vontade de recriar aquilo que acontece em almoços de família falou mais alto e, no mesmo espaço da rua da Atalaia, abriu agora o asiático Má-Sá.

O espaço é pequeno e a carta, a condizer, é curta. "Preferimos ter pouca coisa mas tudo feito com qualidade", conta à MAGG Débora Monteiro, que agora concilia a representação com este negócio feito a dois.

Do menu fazem parte dois dos pratos preferidos do casal: a sopa Tom Yum, a que deram o nome de King Kong, advertindo para o sabor "muito picante", e os noodles, todos eles batizados com expressões que, ditas em voz alta, deixam sempre escapar um sorriso. O próprio nome Má-Sá vem da brincadeira que Miguel faz sempre que o jantar é massa. "Meio que a brincar com a forma de falar dos asiáticos ele diz sempre: Má-Sááááá", conta Débora.

Os crepes, ou 'clepes', como aqui são designados, podem ser vegetarianos ou de camarão

Assim, o caril é "calil", o caldo vegetariano chama-se "muto vede" e os crepes de entrada são "clepes". E é exatamente por aí que começamos, uma vez que os crepes vegetarianos (4,50€) e os de camarão (4,90€) fazem parte da lista das entradas, que fica completa com o "é da mami" (4€) — mais um trocadilho, desta vez com a palavra que define os feijões de soja — ou o "muto bom" (5,20€), que mais não é que feijão verde cozinhado em tempura.

Na lista de dim sum, há a opção vegetariana (4€), camarão e porco (4,80€), apenas camarão (4,20€) e porco doce (5€).

Há ainda duas saladas, uma de tiras de novilho (11,50€) e outra de camarão (12€), mas ambas com o aviso de "muito picante", como assim o exige o paladar asiático.

Morada: Rua de Atalaia, 4, Lisboa

Horário: 18h-24h. Fecha à segunda

Quando chegamos à lista de noodles, há opções de caril (13€), vegetariano (12€), de caldo de galinha, a que deram o nome de Cock (12,50€) e o Cow me Baby (13€), feito com caldo de rabo de boi.

Ninguém pensa propriamente na Ásia na hora de sonhar com uma sobremesa, mas aqui esse item da carta não ficou esquecido. Há bolas de gelado (4,20€), Bolo da Nonna (4€ a fatia ou 5,80€ se for servido com gelado), feito pela mãe do Miguel que, garante Débora, "não dá a receita a ninguém". E para acabar em grande esta refeição feita de noodles e trocadilhos, há ainda uma opção de sobremesa chamada Tinder, cuja descrição diz apenas que, como é do dia, "nem sempre está disponível".