Quando o tempo quente se aproxima e o sol aparece a tentação é pôr os braços e as pernas de fora. Mas a dor de cabeça é sempre a mesma: a depilação. Em Portugal há cada vez mais homens e mulheres que recorrem à técnica da fotodepilação para se verem livres dos pelos indesejados. Há vários métodos de depilação de longa duração (pois nenhum é definitivo), todos com preços e técnicas diferentes: a luz pulsada, o laser alexandrite e o laser diodo são os três mais usados e a MAGG foi descobrir qual o mais vantajoso e com melhores resultados.

A fotodepilação engloba os sistemas de depilação com Laser e com a Luz Pulsada (mais conhecida por IPL). Por trás de cada um destes anúncios encontram-se máquinas e métodos bastante diferentes.

Luz Pulsada e Laser são conceitos diferentes

A luz intensa pulsada (ou IPL, do inglês, Intense Pulsed Light), é normalmente mais utilizada em centros que oferecem diversos tipos de tratamentos (como a remoção de manchas escuras da pele ou de linhas de expressão), por ser uma máquina mais versátil do que o laser. A sua principal diferença é a luz utilizada em cada um deles: a emissão de luz da IPL é feita através de uma lâmpada que permite projectar a luz em todas as direcções e a do laser é unidirecional.

A luz pulsada enfraquece o pelo à medida que atinge as células pilosas e, ao contrário do que acontece com o laser, esta não tem a capacidade real de destruir as células que reforçam a sua raiz. São máquinas que têm uma longitude de onda variável, que vai de 500 a 1200 nanômetros, que resulta numa luz policromática, que faz a leitura de todo o espectro de cor. Assim, em vez de se concentrar na raiz do pelo, dissipa-se por todos os tecidos circundantes, por isso a sua eficácia é menor, sendo necessário fazer a manutenção das áreas depiladas com maior frequência do que na depilação a laser. Mesmo assim, este é um bom método para quem não quer um tratamento tão abrasivo para a pele, além de permitir o tratamento feito em casa: existem vários aparelhos de luz pulsada a partir de 140 euros. Se for feito numa clínica especializada é mais barato do que o laser, pois os equipamentos também têm um preço mais acessível.

O laser também é um método de fotodepilação e, dentro dele, podem-se encontrar variadas máquinas e técnicas diferentes. A palavra significa Luz Amplificada pela Emissão Estimulada de Radiação, e utiliza-se para identificar os equipamentos que são capazes de gerar um tipo específico de radiação electromagnética – a luz lazer.

Esta luz tem determinadas características que lhe conferem propriedades únicas: ela é unidireccional pois a luz é emitida em linha recta, numa única direcção, sem divergir; é monocromática porque tem uma única longitude de onda, o que é uma das suas principais características; a sua intensidade permite focar a radiação num único ponto, com uma grande concentração de energia. Tudo isto faz com que seja um método com melhores resultados na remoção do pelo de uma forma mais permanente. Por ser monocromático, o Laser Alexandrite utiliza apenas um comprimento de onda, o que faz com que o feixe de laser faça apenas a leitura do pigmento presente no pelo, destruindo-o desde a raiz por acção térmica, ou seja, pelo calor.

Quanto à dor existem diferenças entre os dois: a depilação a luz pulsada pode ser menos dolorosa, pois o feixe de luz não é tão direto. O laser, devido à elevada potência da energia que utiliza, é mais doloroso, no entanto, existem algumas técnicas de resfriamento da pele que diminuem bastante a sensação de dor, tornando-a mais suportável.

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Existe o risco de queimadura

Celina Galego, gerente da clínica Centros Único, no centro comercial Colombo, explica como estes tratamentos funcionam: "O pelo tem a parte do folículo, que é onde está a cor e, à volta dele, tem umas células que vão dar o reforço de crescimento. Portanto, quando damos o disparo com a luz do laser [ou luz pulsada] ele só vai ler a cor do pelo e atingir as células que estão à sua volta, que reforçam o crescimento" e, assim, vão-se eliminando todos, de sessão em sessão.

Pessoas muito morenas têm alguma contraindicação, embora cada vez existam lasers mais preparados para peles escuras"

Por isso, a depilação a laser e a luz pulsada não é eficaz na remoção de pelos brancos e louros devido às baixas concentrações de melanina destes. Os pelos muito finos também são difíceis de remover com fotodepilação, pois exigem um maior número de sessões. Assim, é fácil perceber que se obtem melhores resultados sempre que o contraste entre a cor do pelo e da pele é mais evidente.

A dermatologista Joana Coelho afirma que "pessoas muito morenas têm alguma contraindicação, embora cada vez existam lasers mais preparados para peles escuras". Ele não é indicado para peles muito morenas, mulatas ou negras, pois existe um maior risco de causar manchas irreversíveis, queimaduras e cicatrizes na pele. A razão prende-se com o facto de que, tanto o laser como a luz pulsada serem atraídos pela melanina do pelo (o pigmento que lhe dá cor), que penetra nas camadas da pele e dá pequenos choques. Quando a cor da pele e do pelo são parecidos, pode acontecer que a luz não consiga perceber em qual deve dar o choque, aumentando o risco de queimaduras na pele. Ou seja, se por um lado os pelos escuros atraem a energia, por outro a pele também escura dificulta o processo, uma vez que a luz usada não vai conseguir estabelecer a devida diferença entre pele e pelo.

Diferentes lasers com diferentes técnicas

Um estudo feito pela Deco Proteste, sobre o melhor aparelho e técnica, afirma que "atualmente, o laser é o método mais eficaz. Nos centros de estética são frequentemente utilizados os lasers de Alexandrite e de Díodo de longo pulso, com melhores resultados para o primeiro. Ambos apresentam efeitos superiores aos da luz pulsada intensa, mais conhecida por IPL". Refere também que esta tecnologia é mais barata e envolve menos riscos do que o laser, por não ser tão forte. Além disso os aparelhos para usar em casa são menos potentes e, consequentemente, menos eficazes do que os dos centros de estética. No entanto afirma que "para obter os mesmos resultados, são necessárias mais sessões e, consequentemente, mais tempo de tratamento, mas o custo final é bastante mais baixo".

Embora o Alexandrite e Díodo sejam ambos lasers, são equipamentos de depilação diferentes: “A maior diferença do laser de Díodo em relação ao laser Alexandrite é ao nível da nanodosagem, ou seja, a intensidade da radiação emanada pela luz", explica Celina. O laser Díodo tem a nanometragem de 810 nanómetros, e o alexandrite de 750. "Quando a nanodosagem é menor, como é o caso do Alexandrite, e com isto não estou a dizer que é um mau laser, relativamente aos resultados ele demora um bocadinho mais e, ao nível da dor também é diferente."

A depilação a laser Alexandrite é mais eficaz nos pelos finos e leves e em peles mais claras. É praticamente indolor pois incorpora um sistema de refrigeração que permite o arrefecimento da pele antes de cada disparo laser, tornando-o mais confortável do que os outros métodos de depilação. A depilação a laser Díodo é mais forte, ou seja, oferece melhores resultados para as pessoas com um tom de pele mais escuro, no entanto, mesmo tendo um sistema de refrigeração que tem como função proteger a pele durante o tratamento, e sendo também aplicado um gel transparente que facilita a condução da radiação, ela é dolorosa: "O laser Díodo dói mais mas é suportável, sente-se apenas um ligeiro calor, sendo também mais duradouro. Mas tudo depende de pessoa para pessoa", continua Celina.

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As suas contraindicações

Para Miguel Silva, de 22 anos, a experiência com o tratamento de depilação com o laser Díodo não foi a melhor: ficou com queimaduras nas pernas. "No dia a seguir [ao tratamento] tinha queimaduras dos disparos. Ficaram zonas mais escuras, e quando eu passava com a toalha, depois do banho, ficava-me a arder e em carne-viva", conta. A explicação dada foi que a frequência do laser não tinha sido bem ajustada. "Acabei por não fazer queixa porque me garantiram que iam baixar a frequência. Deixei de lá ir mas disseram-me que podia oferecer as outras sessões que faltam a alguém ou então trocavam para outro tratamento", explica. No entanto não se conseguiu ver livre das marcas que ela deixou: "Agora se olhar ao pormenor dá para as ver, nos quadríceps principalmente."

A depilação a laser, quando bem feita, ou seja, quando usada a frequência certa para o tipo de pele da pessoa, não tem risco e é benéfica na medida em que deixa de haver pelo"

A médica Joana Coelho afirma que "a depilação a laser, quando bem feita, ou seja, quando usada a frequência certa para o tipo de pele da pessoa, não tem risco e é benéfica na medida em que deixa de haver pelo". A dermatologista explica que este é um método já muito estudado, e que, na sua opinião "apenas não deve ser feito em pleno verão porque a pessoa estar bronzeada aumenta o risco de queimadura". No entanto, refere que "se for feita por uma técnica competente é um método muito seguro".

Celina Galego explica que, antes de qualquer procedimento, sempre que há um cliente novo, é preciso fazer um teste: "Esse teste serve para analisarmos o fototipo da pessoa, ou seja a sua cor de pele, e para vermos a cor e a densidade do pelo. A partir daí vamos parâmetrar a máquina e, de acordo com estes fatores, ela vai-nos dar os parâmetros a utilizar e nós fazemos um teste com três disparos na zona onde se vai fazer o laser". Nesses três disparos analisa-se o que mais se adequa àquela pessoa em específico, ou seja, o mais confortável, e todas as sessões vão ser feitas com aqueles parâmetros. Assim não existe um risco de queimadura tão grande.

No entanto existem pessoas para as quais não são aconselhados este tipo de tratamentos, tais como: "Pessoas que tiveram problemas oncológicos, pessoas com VIH (além das defesas estarem em baixo, é uma questão de segurança porque, inicialmente, é usada uma lâmina para rasurar os pelos, e pode acontecer, por algum azar, cortar-se), pessoas que estejam a tomar imunossupressores, pessoas com tumores, com infeções ativas na pele (por exemplo um herpes ativo ou varicela), e também pessoas com febre porque automaticamente o laser aquece ligeiramente a pele e pode ativá-la mais com o calor”, explica a especialista.

Há cuidados imprescindíveis

Dermatologista e especialista apontam na mesma direção quanto aos cuidados mais importantes a ter: não apanhar sol nos dias antes e a seguir. As queimaduras são mais prováveis de acontecer em pessoas com pele mais escura, pois é mais difícil reparar que apanharam sol. "Eventualmente as lesões na pele podem acontecer quando, por exemplo, as pessoas omitem que apanharam sol ou quando estão a tomar medicamentos que são fotossensíveis ao laser".

Apanhar sol, mesmo que seja numa zona do corpo em que não vai haver depilação a laser, afeta o resto do organismo por causa da produção de melanina, por isso a especialista recomenda que "uma semana antes da sessão, não apanhe sol direto, como praia, piscina ou solário, com incidência de mais de 30 minutos". Usar auto-bronzeador também está fora de questão por causa da sua pigmentação na pele.

Outro cuidado muito importante são os sinais: "Há pessoas que têm muitos sinais e todos têm de ser protegidos. Nós temos um lápis branco que o laser não lê, ou seja, pintamos de branco o sinal e, quando damos o disparo, o laser não consegue ler o que já está pintado de branco", explica Celina.

A hidratação e a aplicação de cremes com fator de proteção solar (de preferência de fator SPF 30 ou mais) também é muito importante. Celina afirma que "antes da sessão do laser, as pessoas devem ir com a pele hidratada e, depois, também a devem hidratar muito bem". Aconselha-se ainda a quem faça piscina ou ginásio, que não o faça nos dois a três dias a seguir, "isto por causa do cloro e da transpiração, que podem fazer arder um pouco a zona que foi depilada a laser.”

A duração dos tratamentos não é eterna

Muitas vezes publicitada como um método de depilação definitiva, nem o laser nem a luz pulsada garantem a remoção eterna do pelo. Para além dos resultados variarem bastante de pessoa para pessoa, por causa do tipo de pele, pelo e do método utilizado, a produção natural de hormonas do corpo vai fazer com que os pelos continuem a ser produzidos. No entanto, com estes tratamentos eles podem ficar mais finos, e espaçados.

Celina Galego explica que "nas primeiras semanas é normal que voltem a crescer, mas não com a mesma intensidade e densidade", e que a maioria vai acabando por cair logo a seguir à primeira sessão, "e assim sucessivamente: a partir da terceira ou quarta sessão já vai haver zonas em que realmente já há falhas de pelo."

Existe sempre um número referenciado de sessões que se devem fazer para completar um tratamento, e que dependem dos métodos e serviços. Celina Galego refere que "normalmente, em mulheres referenciamos sempre entre 6 a 8 sessões e, nos homens, entre 8 a 10 sessões. Depois depende da eficácia do laser no pelo, mas o máximo que podemos fazer é mais duas sessões do que as que estavam indicadas".

Mesmo havendo uma necessidade de manutenção do tratamento, pois ele não é definitivo, esta pode nunca ser necessária: "Nós temos pessoas que nunca fizeram manutenção, mas nós dizemos que, sempre que apareça um pelinho ou outro, porque pode eventualmente aparecer, embora nunca na mesma intensidade, e se ele incomodar, pode fazer manutenção. Mas por norma não as temos tido depois dos procedimentos.”

Para Constança Portugal de 22 anos, esta foi "a melhor coisa" da sua vida. "Eu fiz 6 sessões de depilação a laser Alexandrite e, desde o ano passado que não faço nenhuma. Às vezes passo a lâmina se vejo um pelo ou outro, mas é muito raro".

Para Ricardo Correia de 24 anos fazer a depilação a laser Alexandrite foi uma decisão baseada tanto na estética como no bem-estar físico e higiene, e não se arrependeu: "Com uma sessão conseguem-se resultados muito prolongados. Inicialmente ia de mês a mês e agora já faço intervalos de três a quatro meses".