Na lista de coisas a fazermos antes de morrer estava saltar de pára-quedas. Já podemos riscá-la. Agora, contamos-lhe como foi a nossa experiência, que consistiu, em suma, em atirarmo-nos de um avião, a três mil metros do chão (ou dez mil pés), com um instrutor.

Esta plataforma planeia-lhe a viagem toda, mas só lhe diz onde vai 2 dias antes. Conheça a Flappin
Esta plataforma planeia-lhe a viagem toda, mas só lhe diz onde vai 2 dias antes. Conheça a Flappin
Ver artigo

Esta atividade é ideal para os mais corajosos, aventureiros e viciados em adrenalina. Se já considerou efetuá-la, mas anda a adiar, ou até gostava de a proporcionar a alguém, só que tem algumas dúvidas, continue a ler o artigo para ficar com tudo esclarecido. Dizemos-lhe como foi, passo a passo, desde as sensações aos preços.

Avançámos com esta loucura a convite da Odisseias, que, em parceria com a Tandem Low Cost, nos desafiou a vivermos a experiência para, depois, a relatarmos. O salto tandem a três mil metros é um dos packs que têm à venda e é válido para uma pessoa apenas.

O que é preciso para saltar?

Escolhemos saltar no Aeródromo Municipal de Évora, que fica a pouco mais de uma hora de Lisboa de carro. Podíamos fazê-lo em qualquer horário entre as 7 e as 18 horas. "Qualquer horário é bom para saltar", asseguraram-nos, de antemão, avisando-nos de que, ao avançar ao nascer ou ao pôr do sol, as imagens ficam com uma "luminosidade diferente".

Por esse motivo, optámos por estar em Évora logo às sete da manhã. No entanto, tenha em conta que, ao marcar o horário, estará a definir a hora a que preencherá a ficha de inscrição e não a hora a que vai embarcar no avião. Terá de conceder alguns dados e, claro, autorizações. É um processo rápido (e não se esqueça de ter consigo o cartão de cidadão).

skydive portugal
Esta é a ficha de inscrição que todos têm de preencher antes do salto. créditos: MAGG

A partir desta fase, é aguardar. O tempo de permanência no Aeródromo pode variar entre duas a quatro horas a partir do momento em que assina o formulário. No nosso caso, e porque tivemos azar com a meteorologia, chegámos às sete e apenas saltámos às 11 horas. Mas de modo algum esta espera afetou a experiência.

Estava uma manhã húmida, com nevoeiro rasteiro e sem se ver uma brecha de céu azul. Por esse motivo, foi preciso colocar o salto tandem em stand-by e adiar algumas horas. Esperámos no bar que ali existe, onde aproveitámos para tomar o pequeno-almoço. Não sabíamos o que pensar.

Estaríamos condenados a ter de voltar noutro dia? O tempo iria melhorar ou até piorar? Saltávamos na mesma, independentemente das condições meteorológicas? Eram estas as perguntas que nos passavam pela cabeça enquanto comíamos um pastel de nata. "Deves alimentar-te normalmente, mas sem excessos", tinham-nos avisado.

Ao fim de três horas, ouvimos o nosso nome através dos altifalantes. Estavam a chamar a primeira equipa para realizar o salto. O frio na barriga chegou de forma automática, porque estava, finalmente, a tornar-se real. Dirigimo-nos ao hangar da Skydive Portugal e começaram os preparativos.

Como é a preparação antes do salto?

Depois de nos aconselharem a levarmos "vestuário confortável e ténis", fomos com umas leggings, com uma T-shirt e com uns ténis. Na mala trazíamos também uma sweatshirt, uma garrafa de água e uma escova de cabelo, que se revelaram muito necessárias.

Inicialmente, tivemos um pequeno briefing acerca do que iríamos viver e de como devíamos proceder. Aprendemos as posições em que devíamos colocar-nos dentro do avião, durante o salto e no final. Ao saltar, tínhamos de nos colocar em meia-lua e, para aterrar, levar os joelhos ao peito e levantar os pés.

Escolhemos a cor do fato que queríamos (amarelo, mas há muitas), vestimo-lo e, com a ajuda dos instrutores, colocámos o arnês. Foi-nos atribuído um instrutor para saltar connosco, o Filipe. Quando chegou o momento, dirigimo-nos ao avião, um Cessna 206 Caravan, e recebemos a notícia de que seríamos os primeiros a saltar.

Desde que ouvimos chamar o nosso nome pelos altifalantes que o coração não acalmou, mas, agora, estava ainda mais acelerado. Fomos, por isso, os últimos a entrar no avião e ficámos junto à porta. O Filipe avisou-nos de que, quando a abrisse, os nossos batimentos iam ficar ainda mais rápidos. E tinha razão.

O momento em que voámos

O avião levantou voo e, durante uns dez minutos, foi ganhando altitude. Éramos 18 lá dentro (nove instrutores experientes e nove estreantes corajosos). Cada profissional conversava com o seu respetivo aluno e, a certa altura, uniam-se a nós com os arneses, para garantir que permanecíamos juntos durante o salto.

Depois de voarmos bastante sobre as planícies alentejanas, perguntámos ao Filipe como seria possível aterrarmos no aeródromo, uma vez que já nos tínhamos afastado. Descobrimos que, afinal, tínhamos estado sempre a voar às voltas (o que fazia mais sentido). O Filipe foi tentando tranquilizar-nos e recordando os passos a seguir.

Num ápice, a porta abriu-se, colocámo-nos à beira do avião e o instrutor deu o impulso — já estávamos em queda livre. Não há forma de descrever os primeiros segundos sem ser utilizando a palavra "aterrorizantes". Fizemos um esforço para abrir os olhos, assim como o Filipe nos tinha pedido, e tentámos vencer o medo.

Aqui, a sweatshirt que levámos provou-se útil, uma vez que, na estratosfera, está bastante fresco. Em segundos, deixámos de ter qualquer saliva na boca. As nossas pernas tremiam de forma incontrolável enquanto estávamos a tentar absorver a paisagem, que tanto era composta por edifícios como por água, carros e campo.

Como tinha estado nublado, até pudemos atravessar uma nuvem (algo que nunca pensámos fazer). Recebemos uns toques para abrirmos os braços (e para os recolhermos, na devida altura) e comandámos o paraquedas com a ajuda do instrutor. Quando este abre, tudo se torna menos assustador, já que a velocidade diminui.

Ao fim de dez ou 15 minutos e mais perto do chão, recebemos a indicação de que devemos colocar-nos na posição de aterragem. É o instrutor quem tem o primeiro contacto, sendo que nós apenas deslizámos pelo chão de uma forma tão ligeira que chega a surpreender, tendo em conta a velocidade que atingimos (200km/h).

Se alguma vez questionou qual é a sensação de voar, é aqui que vai encontrar a resposta. Há quem, depois de experimentar a primeira vez, fique viciado. Foi o caso do nosso instrutor, que trocou a vida de advogado em Lisboa pela de paraquedista em Évora — e já lá vão mais de sete mil saltos.

O que acontece depois do salto?

Quando finalmente voltámos a sentir as pernas (e os pés bem assentes no chão), fomos tirar o fato e o arnês. Durante toda a experiência fomos gravados pelas câmaras GoPro que os instrutores mantêm no pulso, que vão tirando centenas de fotografias e captando as partes mais giras do salto (antes, durante e após).

Mostraram-nos, num computador, essas imagens, que receberíamos minutos depois numa pen em formato de asa. Os vídeos e as fotos vinham sem edição. Por norma, o vídeo editado demora uns dias (ou semanas) a chegar ao e-mail de cada um. Se está à procura de fotografias instagramáveis, tire daí as ideias. E boa sorte a tirar os nós do cabelo.

Recebemos um diploma que comprova que saltámos e despedimo-nos do Filipe, que, sem dúvida, contribuiu em grande parte para o quão positiva foi a experiência, desde as piadas que lançou na tentativa de quebrar os nervos às palavras tranquilizantes, de apoio e de segurança que trocou (e até à forma apaixonada como falou de tudo).

Por mais apavorante que tenha sido este salto tandem, não existe uma pinga de arrependimento no nosso corpo por o termos feito. Achamos, até, que devia ser uma vivência obrigatória para cada um de nós, pois merecemos saber o que é voar e sentir a liberdade que tal proporciona.

Quanto custa uma experiência destas?

Um salto tandem como aquele que fizemos custa 149€, mas, de momento, está em promoção no site da Odisseias, custando apenas 139,99€. Está em causa o pack gold, que pode incluir vídeos e às fotografias (que, a nosso ver, são absolutamente imprescindíveis), mas que deve ser adquirido no local, assim como o pack silver (o mais barato, que custa 149€ e que contempla nove mil pés) e o pack premium (o mais caro e longo, por 199€ e a 15 mil pés).

Todos os participantes devem ter peso igual ou inferior a 100 quilos. Se o limite for excedido, deverá contactar a entidade para o diretor técnico avaliar a viabilidade. Apenas podem saltar pessoas com idade igual ou superior a 16 anos e os menores de 18 terão de apresentar uma Declaração de Termo de Responsabilidade.

Não há limite de idade para saltar, desde que a pessoa não sofra de doenças de foro cardiovascular, respiratório, neurológico, ortopédico, glaucoma, otites crónicas, sinusites, epilepsia, toxicodependência, alcoolismo e diabetes (ou outras que a impeçam de praticar a atividade).