Depois da vitória na Eurovisão 2022, Volodymyr Zelensky garante que a edição de 2023 do evento vai realizar-se na Ucrânia, como manda a tradição do festival europeu, que dita que o país vencedor é o anfitrião do certame no ano seguinte. "No próximo ano, a Ucrânia vai ser a anfitriã da Eurovisão", escreveu o presidente da Ucrânia numa publicação nas redes sociais este sábado à noite, 14 de maio, após a vitória dos Kalush Orchestra em Turim.

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Apesar da guerra que assola o país desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro deste ano, Zelensky salienta que tem planos para o festival de música realizar-se em Mariupol, numa cidade "livre, pacífica e reconstruída". O presidente salientou, na mesma mensagem, que a Ucrânia terá condições para organizar a Eurovisão pela terceira vez. "Vamos fazer o nosso melhor para, um dia, receber os participantes e os convidados da Eurovisão na ucraniana Mariupol."

Depois da vitória em Turim, Zelensky agradeceu aos Kalush Orchestra, a banda vencedora pela Ucrânia, mas também a todos os que votaram na atuação do país — os votos do público aproximaram-se dos valores máximos permitidos e catapultaram a Ucrânia para o primeiro lugar, deixando o Reino Unido pelo caminho.

"A nossa coragem impressiona o mundo, a nossa música conquista a Europa", escreveu o presidente ucraniano nas redes sociais. "Tenho a certeza de que o nosso acorde vitorioso na batalha contra o inimigo não está longe", concluiu Zelensky.

A Ucrânia vai ter condições para organizar a Eurovisão? Nem sempre a tradição se manteve

Apesar da garantia de Volodymyr Zelensky, a verdade é que a Ucrânia encontra-se no meio de uma guerra causada pela invasão russa. Cidades destruídas, tropas inimigas em território ucraniano e centenas de refugiados espalhados pela Europa. Cientes dos desafios inerentes à organização do festival da Eurovisão em 2023, a organização do evento já se pronunciou sobre o tema.

"Damos os parabéns à Ucrânia e aos Kalush Orchestra pela sua vitória e soberba atuação. Agora, vamos começar a planear a edição de 2023 junto do  país vencedor", pode ler-se em comunicado divulgado pela organização do festival.

"Obviamente, existem desafios únicos inerentes ao país anfitrião da competição do próximo ano. No entanto, e como em qualquer outro ano, estamos ansiosos por discutir todos os requisitos e responsabilidades envolvidas na organização de uma competição como a Eurovisão, para garantir que temos as condições apropriadas para a 67.ª edição do Festival Eurovisão da Canção."

Caso a Ucrânia não tenha condições para receber a edição de 2023, esta seria a oitava vez na história que o país vencedor não recebia a competição no ano seguinte. Em 1957, apesar da edição anterior ter consagrado a Suíça como vencedora, o festival realizou-se na Alemanha, depois de a cidade de Frankfurt ter sido escolhida pela organização.

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Em 1960, a Eurovisão realizou-se no Reino Unido, em Londres, depois de também a cidade ter sido selecionada, e embora o país tenha garantido o segundo lugar no ano anterior. A razão? Depois de terem vencido em 1959 pela segunda vez num curto espaço de tempo (ganharam também 1957), os Países Baixos recusaram-se a receber a competição.

Três anos depois, em 1963, Londres voltou a receber o festival pela mesma razão, depois de também a França se recusar a organizar a competição depois de o ter feito duas vezes nos anos anteriores. Amsterdão, nos Países Baixos, recebeu o certame em 1970 depois de uma vitória conjunta de três países — Reino Unido, Espanha e França — em 1969, numa situação bastante controversa.

Em 1971, o Mónaco venceu a edição desse ano, mas não reuniu as capacidades requeridas pela organização da Eurovisão para realizar o festival no ano seguinte. Assim, o Reino Unido recebeu o certame mais uma vez, desta feita na cidade de Edimburgo. O Reino Unido voltaria a receber o evento em 1974, em Brighton, depois de o Luxemburgo vencer em 1973 e se recusar a organizar o festival dois anos seguidos.

O ano de 1980 foi última vez que um país recusou ou não teve condições para receber a competição: Israel declinou a oportunidade depois de vencer em 1979, e a Eurovisão do ano seguinte realizou-se novamente nos Países Baixos.

O grupo Kalush Orchestra garantiu a vitória à Ucrânia, com a canção "Stefania", na edição deste ano, em Turim, na Itália. MARO, a representante portuguesa, ficou em nono lugar na classificação final com o tema "saudade, saudade".