Elisabeth Anderson-Sierra, agora mãe de três filhos, sofre da síndrome de hiperlactação, ou seja, produz um excesso de leite materno, superior à necessidade de alimentação do bebé. Numa entrevista à “People”, contou quais as dificuldades do dia a dia relacionadas com esta síndrome, que é classificada como uma deficiência.

E quando a amamentação não é possível, que alternativas existem?
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Desde o tempo que gasta a extrair leite, ao dinheiro investido em equipamentos, passando ainda pela solução futura de realizar uma mastectomia dupla, esta é a história de Elisabeth, que vive com uma condição médica rara, diagnosticada em 2015, quando o primeiro filho nasceu.

“Não percebi o quanto precisaria de mudar completamente o meu estilo de vida para poder viver com a síndrome”, disse à “People”, ao recordar os primeiros tempos depois de ser medicamente diagnosticada. Foi mãe cedo, mas teve de aprender de imediato como utilizar bombas de extração de leite para poder satisfazer as necessidades do seu corpo. Revela ainda que, para “fazer tudo o que precisava de ser feito” [em termos de extração do leite], o tempo que perdia era significativamente maior “por causa do que havia disponível em termos de equipamentos e tecnologia na época”.

Além do tempo gasto, admite que tinha de ficar em casa a bombear, pois era onde tinha o equipamento, que na altura ainda não existia em “versão móvel”. “Extraía cerca de oito a 10 vezes por dia e cada sessão de extração podia durar cerca de 45 a 60 minutos”, revela Elisabeth, que considera que só a extração de leite já equivalia a um trabalho a tempo inteiro, sendo que ainda era necessária toda a parte de lavagem e esterilização do equipamento e congelamento do leite.

Possui mais de 14 bombas, toma vários suplementos e mesmo assim enche entre 30 e 40 sacos de leite todos os dias. A doação de leite foi a esperança de Elisabeth Anderson-Sierra. "Doei leite após o nascimento do meu primogénito para um centro de parto local. Foi bom porque eu estava a doar leite para pessoas do nosso círculo”, admitiu. Ainda assim, continuava com excesso de leite e decidiu dá-lo a outras mães, fora do centro de pós-parto, e inscrever-se num banco de leite.

Atualmente, já tem uma vida “mais normal”, dentro do que é possível com esta síndrome. Foi com a bomba de nível hospitalar “BabyBuddha” que conseguiu voltar a fazer planos fora de casa com a família. “Ainda não bombeei na montanha-russa, mas fora isso, não há nada que não possa fazer. Já bombeei numa viagem em família à Disney World, em espetáculos ao vivo e no cinema, porque quero ver coisas também”, revelou à “People”.

Sempre falou abertamente com os filhos sobre a condição médica e garante que estes estão preparados para a ajudar em caso de uma situação de emergência. Revela ainda que já tentou tratamentos médicos, onde até conseguiu ver algumas melhorias, mas sempre acompanhadas de efeitos colaterais. No futuro, fazer uma mastectomia dupla parece ser a melhor opção para Elisabeth. A cirurgia serve para remover o tecido que produz o leite materno. A mãe ainda se sente apreensiva quando à realização deste procedimento médico, pois já sentiu efeitos colaterais noutros tratamentos. “Tenho algum tempo para pesquisar e entender isso [mastectomia dupla]", diz, depois de contar que ainda está a amamentar o filho mais novo, de 7 meses.

Elisabeth Anderson-Sierra entrou para o Livro de Recordes do Guinness após a doação de cerca de 1,6 mil litros de leite. A norte-americana tem o objetivo de normalizar a amamentação e a doação de leite.