A Nike revelou na passada quinta-feira, 11 de abril, os novos uniformes masculinos e femininos de atletismo dos Estados Unidos da América desenhados para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, já que a empresa norte-americana é responsável pelo design e distribuição destes equipamentos no país. No entanto, o uniforme destinado às mulheres está a ser alvo de fortes críticas nas redes sociais. 

Isto porque, nas primeiras imagens divulgadas pela “Citius Magazine”, citada pelo jornal “USA Today”, vê-se o kit feminino vestido num manequim, onde revela ser uma espécie de cueca cavada com pouca quantidade de tecido na vulva. O equipamento foi alvo de fortes críticas, causando alguma preocupação em relação à exposição das atletas durante os Jogos Olímpicos, e algumas atletas já expressaram as suas opiniões.

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“Desculpem, mas digam-me uma equipa feminina da NBA ou da NSL [liga de futebol] que iria apoiar este novo equipamento com entusiasmo”, começou por escrever numa publicação do Instagram Lauren Fleshman, atleta norte-americana e campeã mundial de atletismo. “Isto é para o atletismo olímpico. Atletas profissionais deveriam conseguir competir sem precisarem de dedicar um espaço do seu cérebro à vigilância constante dos pelos púbicos ou à ginástica mental de ter todas as suas partes mais vulneráveis à mostra”, continuou.

“Os kits femininos devem estar ao serviço do desempenho mental e físico. Se este fato fosse verdadeiramente benéfico para o desempenho físico, os homens também o usariam. Este não é um fato de atletismo de elite para o atletismo. Este é um fato nascido de forças patriarcais que já não são bem-vindas ou necessárias para que as mulheres olhem para o desporto. (...) Parem de dificultar as coisas para metade da população”, finalizou. 

Também Cassey Ho, influencer por desenhar peças de roupa que sejam confortáveis e favoráveis em todos os tipos de corpo, falou sobre o assunto no seu Instagram. “À primeira vista parece um fato de banho e eu gosto do facto de ter um fecho na parte de cima porque assim dá para vestir e despir mais facilmente, mas esta parte aqui [a apontar para a virilha da mulher] não vai segurar nada”, disse. “Será que este design fará mesmo com que as mulheres consigam correr mais rápido ou estamos apenas a vesti-las desta forma porque atrai espectadores?”, perguntou Cassey.

Após as fortes críticas nas redes sociais, a Nike explicou, num email enviado à “Reuters”, citado pela “CNN Brasil”, que estava a oferecer aos seus atletas mais opções de uniformes compostos por cuecas e calções para estes Jogos Olímpicos, já que nos anteriores apenas oferecia a opção das cuecas. 

A marca norte-americana avançou que os novos equipamentos são “os mais informados sobre os atletas e orientados por dados que a empresa já produziu”, e que o seu objetivo desde o início foi “dar voz a cada atleta, criando uniformes que satisfizessem os desejos de escolha, conforto e desempenho dos atletas". Ao todo, existem cerca de 50 opções de uniformes de atletismo, segundo o “USA Today”.

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No entanto, há também quem apoie a decisão da Nike sobre o equipamento feminino de atletismo. A saltadora com vara patrocinada pela marca norte-americana, Katie Moon, escreveu no X (antigo Twitter) que não se importa de usar menos tecido porque gosta de ter o mínimo de tecido agarrado ao corpo quando está quente e suada. "A questão é que temos a possibilidade de escolher o que vestir e, quer nos sintamos melhor num saco de batatas ou num fato de banho durante as competições, devemos apoiar a autonomia”, disse, citada pelo mesmo meio de comunicação.

“Temos pelo menos 20 combinações diferentes de uniformes para competir com todos os tops e partes de baixo disponíveis para nós. Temos a opção masculina à nossa disposição, se quisermos", acrescentou. Também Sinclair Johnson, atleta de meia distância, explicou que a Nike incluiu vários atletas no processo de teste e garante que o equipamento “não se parece com isto num ser humano”.