Em todos os parâmetros da sociedade, antes do 25 de Abril, a censura era algo já intrínseco à população portuguesa, e a imprensa e a literatura foram as áreas mais lesadas. O famoso lápis azul, símbolo da censura em Portugal, atuava sempre que fosse necessário nos textos e livros que falassem sobre algum assunto proibido na altura, sempre com a justificação de que era usado para impedir as tentativas de difamação do Estado Novo.

Foram várias as páginas que não viram a luz do dia naquela altura, e isso, para a FNAC, levantou uma questão: será que alguns dos livros mais relevantes da atualidade poderiam existir na altura do Estado Novo?

Alguns dos livros mais importantes da literatura, como obras de José Saramago, não iriam estar disponíveis. Porquê? Devido à exposição de assuntos delicados e proibidos, como as relações sexuais, religião e política, de que agora se fala tão abertamente.

Assim, com a ajuda de várias personalidades do mundo da cultura, a FNAC selecionou várias obras que, antes da Revolução, nunca estariam na mesa de cabeceira de um português, com o propósito de continuar a estimular o debate sobre a importância da liberdade de pensamento, escrita e expressão. Será que tem algum destes em casa?

João Céu e Silva, Richard Zimler, Rui Couceiro, Teresa Nicolau, Valter Hugo Mãe e Zeferino Coelho foram as personalidades que fizeram parte do conselho, e a pluralidade de autores na lista é notória: José Saramago, António Lobo Antunes, Mia Couto, Frederico Lourenço, Margaret Atwood, Maria Filomena Mónica ou mesmo Maria Teresa Horta são nomes que, há 50 anos, não seriam vistos na capa de um livro.

E sim, falamos de livros como "Ensaio Sobre a Cegueira", um manifesto pela liberdade, ou até "Pode Um Desejo Imenso", onde, na obra, Luís de Camões é homossexual. Assuntos que hoje em dia, como referido, toda a população tem liberdade para falar e dar a sua opinião, mas impossíveis de escrever na altura. Espreite a seleção.

Veja os livros.