Depois de chegar às salas de cinema norte-americanas em julho deste ano, "Som da Liberdade" foi responsável por criar uma verdadeira guerra cultural nos Estados Unidos. Depois de se achar que o filme nunca iria ver a luz do dia em Portugal, eis que o cenário muda de figura, porque vai chegar ao País ainda em 2023.

Aponte na agenda, porque a partir de 21 de dezembro, vai poder finalmente ver este filme, que é protagonizado por Jim Caviezel, que ganhou fama como o protagonista de "A Paixão de Cristo" em 2004. O projeto é inspirado na história verídica da Operation Underground Railroad (OUR), uma organização sem fins lucrativos norte-americana de combate ao tráfico de seres humanos para fins de exploração sexual.

Fundada por Tim Ballard em 2013, personagem interpretada por Caviezel, a OUR terá participado em operações sob disfarce na Colômbia, México e República Dominicana, tendo alegadamente contribuído para a detenção de vários suspeitos ligados ao tráfico sexual de crianças, entre os quais Marthijn Uittenbogaard e Lesley Luijs, que fundaram nos Países Baixos um partido pró-pedofilia (entretanto extinto).

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Inspirado numa reportagem da CBS que remonta a 2014, o filme segue Ballard, que embarcou numa jornada para resgatar de Rocío uma menina das Honduras explorada sexualmente na Amazónia. Mas o que está a gerar polémica é o facto de a produtora, os financiadores e o próprio protagonista terem ligações com a direita conservadora.

Foi precisamente esta fação que, aquando da estreia, se derreteu em elogios ao filme, por se dirigir a um setor trabalhador americano que, aos seus olhos, tem sido ignorado pelas elites de Hollywood. Já os liberais dizem que se trata de uma ferramenta de recrutamento da extrema direita, promovendo as teorias dos conspiracionistas do grupo QAnon sobre uma seita de pedófilos de Hollywood e um Partido Democrata que, alegadamente, sequestra crianças e extrai o seu sangue.

Ainda assim, "Som da Liberdade" tornou-se um êxito improvável. Com um orçamento de 13,2 milhões de euros, o filme já faturou em bilheteira mais de 180 milhões de euros, ultrapassando "Indiana Jones e o Marcador do Destino" e "Missão: Impossível – Ajuste de Contas Parte Um".