Alguma vez se questionou sobre a existência de anos bissextos? É do conhecimento geral que, a cada quatro anos, o mês de fevereiro ganha mais um dia, mas a resposta a esta pergunta é, por muitos, desconhecida. A MAGG fez a mesma questão, e não descansou até compreender o porquê de, de quatro em quatro anos, o segundo mês do ano ter mais um dia (como é o caso de 2024). 

Sabe-se que o ano tem a duração de 365 dias e os meses têm 30 ou 31, sendo que fevereiro tem 28. No entanto, a verdade é que o nosso planeta demora, aproximadamente, 365.242189 dias a dar a volta ao Sol, o que arredonda para 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 48 segundos. Sendo que um ano civil tem 365 dias, para onde vão as outras horas? Sim, é verdade. Elas são somadas e posteriormente compensadas a cada quatro anos, no dia 29 de fevereiro. O ano bissexto ocorre, assim, para ajustar o ano civil com o ano solar (associado ao movimento de translação da Terra).

Mas qual é a origem dos anos bissextos?

Para entender a origem dos anos bissextos, é preciso perceber algumas das características dos primeiros calendários que foram utilizados. Segundo o site Espaço do Conhecimento, o primeiro calendário romano foi criado por Rómulo, fundador da Roma, e era composto por 304 dias agrupados nos 10 meses correspondentes aos ciclos lunares. Posteriormente, Numa Pompílio, sucessor de Rómulo, criou um novo calendário que estava dividido em 355 dias, agrupados em 12 meses, mas a cada dois anos era necessário adicionar mais um mês à contagem, para que o ano marcado no calendário coincidisse com o ano solar.

Alguns séculos depois, em 45 a.C, com as diferenças ainda existentes entre o calendário da época e o ano solar, o astrónomo Sosígenes foi convocado por Júlio César para encontrar uma maneira de acertar melhor o formato, e o astrónomo baseou-se no calendário que foi adotado pelos egípcios: o calendário solar alinhado pelas estações do ano.

Júlio César estabeleceu, assim, o chamado ano comum com o calendário juliano, adicionando 10 dias ao ano, ficando com 365 dias regulares no total e um adicional a cada quatro anos. Assim, era possível ver as quatro fases da Lua todos os meses e as estações do ano iriam coincidir nos mesmos dias todos os anos. Este dia adicional serve, assim, para evitar um desfasamento entre os meses do calendário e as estações do ano, sendo preciso acrescentar mais um dia a cada quatro anos para compensar os "quatro quartos" que, caso contrário, ficariam perdidos.

E porque é que o dia extra é em fevereiro?

Na altura, como a contagem dos dias era feita de forma regressiva, o dia adicional do ano bissexto foi incluído em fevereiro, conforme a determinação do imperador Júlio César, segundo o site "Brasil Escola". Isto porque era utilizada em latim a expressão “o sexto dia antes das Calendas de Março”, que se referia ao dia 24 de fevereiro, e por isso, para ajustar o ano civil ao solar, o dia 24 era vivido duas vezes, e daí originou a palavra “bissexto” (bi - de dois - sexto - de seis dias).

Como foi Júlio César a implementar os 365 dias no ano, também foi o imperador que dividiu os 10 dias que adicionou aos 12 meses e, na altura, era o mês de agosto que tinha 29 dias. No entanto, o imperador foi homenageado na altura e deram o seu nome a um mês, julho (derivado de Julius), que tinha 31 dias. Quando subiu ao poder, como expressa o "Diário de Notícias", Augusto teve inveja que o mês que recebe o seu nome, agosto, tivesse menos dias do que o de Júlio César, e acabou por redistribuir os dias, de forma a dar 31 a agosto. O imperador decidiu, assim, retirar do segundo mês do ano, pois era neste mês que existia o "dia a dobrar", fazendo com que este ficasse com 28 dias, 29 em anos bissextos.

Em 1582, o Papa Gregório reorganizou as datas e mudou o dia bissexto, esclarecendo que não se viveria mais o dia 24 de fevereiro duas vezes e que existiria um dia novo a cada quatro anos, o dia 29 de fevereiro. 

Como saber se um ano é bissexto

Além de sabermos que é de quatro em quatro anos, que aconteceu em 2020 e que agora acontecerá em 2024 e por aí adiante, existe mesmo uma regra para determinar se um ano é bissexto ou não: ele tem de se divisível por quatro. O ano de 2024, por exemplo, é divisível por quatro, logo, é bissexto.

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No entanto, para os anos centenários, a regra é que ele seja divisível por 400, e, se não for, não pode ser considerado um ano bissexto. Ou seja, se dividirmos 2024 por 4, o total será 506, um número exato. Mas, se dividirmos 1900 por 400, o total será 4,75, um número não exato. Isto faz do ano 1900 um ano comum. Se dividirmos outro ano centenário, como 1220, por quatro, o total já é 3, um número inteiro, o que faz do ano 1200 um ano bissexto.

Um fato também interessante é que outros planetas também têm anos bissextos, já que esses anos existem dependendo sempre da órbita que cada um faz ao redor do Sol e ao redor de si mesmos, e esses movimentos não são perfeitamente sincronizados. Marte, por exemplo, segundo o "Espaço do Conhecimento", tem mais anos bissextos do que comuns, visto que um ano em Marte equivale a 668 dias, mas o planeta demora 668,8 dias marcianos para dar a volta ao sol. Assim, a cada 10 anos, Marte tem quatro anos com 668 dias e seis anos com 669.