Desde que apareceram, as trotinetes elétricas não têm sido consensuais. Se há quem veja neste meio de transporte uma boa alternativa aos transportes aos coletivos e individuais (e até uma salvação para o ambiente), há quem não lhes ache piada nenhuma por contribuírem para o aumento de acidentes. Em Paris, França, depois de um referendo em que participaram 103 mil pessoas, ficou claro em que pé estão os habitantes da cidade do amor. E é caso para dizer que amam tudo, menos este meio de transporte.

Cerca de 89% dos participantes (ou seja, mais de 91 mil moradores da capital francesa) foram claros, votando a favor de banir as trotinetes elétricas da cidade. E este é um cenário que se vai concretizar daqui a escassos meses. "Não haverá mais trotinetes de aluguer em Paris a partir de 1 de setembro", disse a presidente da câmara municipal, Anne Hidalgo, citada pelo "Observador", acrescentando que se trata de uma "vitória da democracia local".

A MAGG desafiou os leitores, através dos stories do Instagram, a responderem a uma sondagem informal, no qual participaram 641 pessoas. À pergunta "É a favor da proibição do uso de trotinetes nas grandes cidades?", 77% respondeu 'sim' e 23% que 'não'. Isto significa que a opinião do público que respondeu à pergunta da MAGG vai ao encontro da dos habitantes de Paris.

sondagem

Cerca de 100 mil participaram em referendo em França

Este meio de transporte, em regime self service, deixará de estar disponível a partir do início desse mês, depois de se ter estabelecido em Paris há cinco anos, em 2018. Isto porque os contratos das três empresas privadas associadas a estes meios de deslocação que operam na cidade, Lime, Tier e Dott, chegam ao final a 31 de agosto.

Na votação inscreveram-se 1,38 milhões de eleitores registados no município, mas os votantes foram pouco mais de 100 mil. E o facto de ter havido uma percentagem tão diminuta a contribuir para o veredito final, comparativamente aos que se inscreveram, foi amplamente criticado pelas empresas detentoras do serviço.

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Na ótica destas entidades, o referendo nada mais foi do que uma permissão para que um pequeno grupo de pessoas tivesse uma "influência desproporcional" no sistema de mobilidade urbana de Paris, segundo o porta-voz da empresa Tier, citado pelo "Expresso". "Lamentamos que os parisienses percam uma opção de transporte compartilhado e verde. É um retrocesso para os transportes sustentáveis em Paris", acrescentaram, em declaração conjunta, as entidades Lime, Dott e Tier.

Muito deste desamor deve-se aos sinistros que advém da utilização deste meio de transporte (ou da falta de cuidado de quem o utiliza). Em França, só em 2022, três pessoas morreram e 459 ficaram feridas. Em Portugal, de acordo com dados da PSP compreendidos entre 2019 e 2021, as trotinetes elétricas causaram 445 acidentes, de acordo com o "Jornal de Notícias". E é graças ao aumento das infrações, que resultam neste género de desastres, que a Polícia Municipal do Porto começou a fiscalizar e a multar, em dezembro de 2022, as trotinetes e bicicletas elétricas mal estacionadas pela cidade.