O conhecido ator e cineasta francês Gérard Depardieu, de 74 anos, continua a somar polémicas ao seu repertório. Depois de ver um vídeo seu exposto, que remonta a 2018 e no qual faz comentários misóginos e fala sobre partes íntimas femininas, o artista tem mais de uma dezena de mulheres a acusá-lo de crimes de abuso sexual, das quais a jornalista e escritora espanhola Ruth Baza é exemplo.

Veja o vídeo.

Segundo os relatos da jornalista, agora com 51 anos, o episódio aconteceu a 12 de outubro de 1995, quando entrevistou o cineasta para a revista "Cinemanía", em Paris. Foi uma invasão sem o seu "absoluto consentimento, em momento algum", confessou Ruth Baza, que na época tinha 23 anos, enquanto o ator tinha 46, à France-Presse (AFP), de acordo com o "Jornal de Notícias".

"Fiquei absolutamente paralisada", acrescentou sobre o crime de que alegadamente foi vítima, que terá ocorrido nos escritórios da antiga produtora Roissy Films. A jornalista diz que apresentou queixa na polícia espanhola na quinta-feira, 14 de dezembro, altura em que lhe disseram que foi vítima de violação e não de assédio sexual, que foi a causa inicial da sua denúncia.

“Quando começamos a entrevista, estávamos os dois em pé e, não sei como, de repente ele abraçou-me. Ele começou a beijar todo o meu rosto. Beijou-me na boca e eu não conseguia mexer-me”, recordou, em declarações à agência noticiosa, acrescentando que o ator chegou a tocar-lhe "no interior das pernas", avança a mesma publicação.

Contudo, além das alegações de abuso sexual, Depardieu também foi alvo de uma polémica devido a comentários misóginos num vídeo divulgado na quinta-feira, 7 de dezembro, pela cadeia de televisão France 2. As imagens fazem parte de um documentário realizado pelo escritor e realizador Yann Moix, no âmbito de uma visita do cineasta francês à capital da Coreia do Norte, segundo o "Observador".

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No vídeo, que remonta a 2018, pode ouvir-se Depardieu a dizer que as "mulheres adoram andar de cavalo", já que foi filmado num centro de equitação. A razão? Segundo o próprio, "o clitóris delas roça na sela. Elas gostam muito. São umas cabras". Depois de proferir estas palavras, o ator sexualiza uma rapariga de cerca de 10 anos que estava a praticar a modalidade.

Mas as palavras polémicas não se fica por aqui. Ainda no mesmo documentário, mas numa outra cena, o ator está a conversar com uma mulher, a quem revela o seu peso, que se fixa nos 124 quilos – e a conversa acaba por resvalar para o lado sexual, sem razão aparente. "Espera, não estou ereto agora. Quando estou ereto peso 126", ouve-se o cineasta a dizer à mulher.

Quanto ao caso de abuso sexual, este não é o primeiro que vem a público e que mete Gérard Depardieu em cheque. Em dezembro de 2020, o ator já tinha sido acusado pela atriz Charlotte Arnould, que serviu de mote às alegações de outras 14 mulheres. Todas elas afirmavam terem sido vítimas do ator, que lhes terá tocado sem o seu consentimento e terá feito propostas explícitas em contextos profissionais.

Pela primeira vez, em outubro deste ano, o ator reagiu às acusações de violação e agressão sexual, que têm sido umas atrás das outras e que ganharam expressão com o surgimento do vídeo polémico. Numa carta aberta publicada no jornal "Le Figaro", Depardieu defende-se, dizendo que “nunca, mas nunca" abusou de uma mulher e que, face ao que se tem dito sobre si, só tem a sua palavra para se defender.