Nada mais é preciso do que um "olá". Acredite que esta simples palavra é o suficiente para surpreender um amigo com quem não fala há anos (não porque se chatearam, mas porque a vida fez com que tal acontecesse), pelo menos de acordo com um estudo publicado esta semana no Journal of Personality and Social Psychology.

Na investigação participaram quase seis mil pessoas, envolvidas em 13 experiências reais e hipotéticas, que incluíram também o restabelecimento de contactos com pessoas próximas e pessoas mais distantes, com quem os participantes não falavam há muito tempo, quer através de mensagem e e-mail ou mesmo de um presente.

O resultado? Duplamente surpreendente. Primeiro, porque originou surpresa instantânea na pessoa que recebeu a mensagem inesperada. Segundo, porque os investigadores confirmaram que este simples "olá" tem um impacto surpreendentemente positivo, como puderem perceber após recolherem um grau de apreciação de até sete quer de quem enviou, quer de quem recebeu.

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"No seu conjunto, esta investigação identifica uma forte tendência para subestimar o quanto os outros apreciam ser contactados e mostra, através da mediação e da moderação, que a diferente reação nos sentimentos de surpresa dos inquiridos é uma explicação subjacente", referem os investigadores no estudo.

No fundo, o "olá" e o impacto que pode ter é subestimado e isso deve-se ao facto de “as pessoas que pensam entrar em contacto não pensarem no quão positivamente surpreendidas as outras pessoas se sentem quando contactadas”, segundo Peggy Liu, citada pelo The Guardian. "Até mesmo enviar uma breve mensagem a alguém só para dizer ‘olá’ ou que está a pensar nessa pessoa, e perguntar como é que está, pode ser apreciado mais do que as pessoas pensam”, continua a principal investigadora do estudo, da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos.

Uma das 13 experiências envolveu 54 pessoas que voltaram a contactar um colega da universidade e as provas de que não devemos adiar uma mensagem que já considerámos enviar "um dia" estão à vista: uma vez analisado o grau de apreciação, para os que foram surpreendidos a avaliação foi de 6,17, enquanto os participantes deram 5,57 numa escala de 0 a 7.

Apesar de não sido a mudança nas relações pessoais durante a COVID-19 que espoletou este estudo, os investigadores não deixam de destacar que esse período tem influência na forma como pensamos sobre as relações sociais e familiares.

"Embora este trabalho não esteja explicitamente relacionado com a pandemia da COVID-19, não nos esquecemos de que as conclusões oferecem particular relevância durante uma pandemia global que separou milhões de pessoas dos seus contactos sociais durante um período prolongado de tempo", referem.

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Sabe aquele amigo de infância com quem tem boas memórias e até segue no Instagram, mas afastaram-se porque seguiram rumos e talvez para moradas diferentes? Ou o colega do anterior trabalho, antes de mudar de rumo durante a pandemia? Prepare uma mensagem a começar com uma simples palavra: "Olá".

"Para aqueles que regressam ao meio social com cautela e trepidação, sentindo-se lamentavelmente fora de prática e inseguros, o nosso trabalho fornece provas robustas e uma luz verde encorajadora para ir em frente e surpreender alguém estendendo a mão. É provável que tais reações sejam apreciadas mais do que se pensa", incentivam os investigadores.