Das 97.170 amostras de variedades populares de fruta fresca cultivada na Europa, 58% das maçãs e 85% das peras portuguesas mostraram estar contaminadas com pesticidas perigosos, segundo dados divulgados esta segunda-feira, 23 de maio, pela rede de organizações não governamentais "Pesticide Action Network" (PAN), de acordo com o "Diário de Notícias".

Os dados são alarmantes, não só porque estamos a falar de pesticidas perigosos que, supostamente, "deveriam ter sido banidos na Europa por razões de saúde", referem os autores da investigação, dado que podem causar cancro e outras doenças graves, como também pelo facto de os novos dados virem confirmar uma tendência crescente nos últimos anos.

Entre 2011 e 2019, as taxas de contaminação de maçãs e peras mais do que duplicaram na União Europeia, segundo o relatório. Não é, por isso, caso único de Portugal, mas por cá o valor é tão alto que coloca estas frutas em segundo lugar no ranking das mais contaminadas em 2019.

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Numa análise mais geral de toda a fruta fresca, nos últimos nove anos a presença de pesticidas aumentou na ordem dos 53% e há frutos que se destacam: os mais contaminados em 2019 foram as amoras (51%), depois os pêssegos (45%), os morangos (38%), as cerejas e os alperces (35%).

Os legumes também não escapam, e apesar da menor frequência (por serem menos sensíveis a pragas e doenças que levem ao uso de pesticidas), os mais contaminados são, segundo a PAN, o aipo, a raiz de aipo e a couve.

Soluções para travar a contaminação por pesticidas? Apostar em técnicas de agricultura biológica para controlar pragas e proibir determinadas substâncias. Contudo, este é um processo difícil de pôr em prática.

"É claro para nós que os governos não têm qualquer intenção de proibir estes pesticidas, independentemente do que diz a lei. Têm demasiado medo do lobby agrícola, que depende de produtos químicos poderosos e de um modelo agrícola obsoleto", disse Salomé Roynel, da PAN Europa, num comunicado a que o "DN" teve acesso.