O caso Jéssica está a entrar na reta final e esta quinta-feira foi a vez de uma das principais arguidas, Tita, ser ouvida pelo juiz. A mulher, que é a principal acusada no homicídio da criança, e que inicialmente não iria prestar declarações, acabou por falar muito mais para tentar safar a filha, Esmeralda, e o marido, Justo, também eles arguidos, do que para tentar explicar o que aconteceu ao longo do dia 20 de junho de 2022, que levou à morte de Jéssica, de 3 anos. Tita criou narrativas pouco credíveis, foi apanhada em várias mentiras e contradições e o juiz não deixou passar nada em claro.

O principal argumento de Tita foi o de que "Jéssica foi para casa viva", conforme disse em tribunal. "Ela não morreu por lhe fazermos mal", argumentou. ou seja, na narrativa criada pela mulher, a culpada da morte da criança só pode ser a mãe, Inês Tomás, também ela arguida, já que ela, Tita, entregou-lhe a criança com vida. "A miúda não foi morta, a miúda foi viva. Foi na casa da mãe dela, a mãe é que sabe. Eu fui entregar a miúda, a miúda ia viva, o que ela fez eu não sei, o que ela fez na casa dela não sei".

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Só que esta tese não está sustentada em nenhuma prova, pelo contrário, há várias provas que a desmentem. De acordo com o que Tita disse ao juiz, Jéssica esteve sempre bem em sua casa e a única coisa que lhe aconteceu no dia da morte foi ter dado uma queda e ter-se magoado no nariz. "A menina estava a brincar, a saltar da cadeira para o cadeirão. Ouvi o barulho de uma queda. Era a menina que se tinha aleijado. Tinha uma ferida no nariz. Como ela caiu, eu pus-lhe betadine". De resto, desmentiu quase tudo aquilo de que a acusam, de espancar a criança, de ter ameaçado a mãe de Jéssica, de ter entregue a menina já num estado moribundo. O problema é que são as palavras dela contra as provas da investigação.

Primeira mentira: Tita diz que nunca ameaçou Inês, mãe de Jéssica. Esta quinta-feira, 6, em tribunal, foi exibido um áudio em que se ouve claramente Tita e a sua filha Esmeralda a ameaçarem Inês.

Segunda mentira: Tita disse que foi sozinha entregar Jéssica à mãe, para tentar ilibar a filha e o marido. Só que ao longo do processo várias testemunhas garantiram em tribunal ter visto Jéssica a ser transportada ao colo por Tita, que ia ao lado de Esmeralda, no momento em que foi entregue à mãe.

Terceira mentira: Tita disse que levou a criança pelo seu próprio pé e que ela estava bem. As mesmas testemunhas garantem que a criança ia ao colo, coberta com uma manta, com óculos de sol e um chapéu, muito provavelmente para ocultar os sinais de agressão.