A Agência Internacional de Investigação sobre o Cancro (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou esta semana o aspartame como “possivelmente cancerígeno”. Este adoçante está presente em vários produtos que consumimos diariamente, como iogurtes, cereais, pastilhas elásticas ou Coca-Cola Zero.

Adoçante artificial da Coca-Cola Zero é cancerígeno? OMS diz que sim (e está prestes a declará-lo como tal)
Adoçante artificial da Coca-Cola Zero é cancerígeno? OMS diz que sim (e está prestes a declará-lo como tal)
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O Comité de Especialistas em Aditivos Alimentares (JECFA), da OMS, sugere que as pessoas não cortem totalmente o adoçante, mas que limitem uma dose diária. Neste caso, ao consumo de cerca de 40 miligramas por quilo. Assim, uma pessoa que pese 60 quilos tem de beber cerca de 12 latas de Coca-Cola Zero para exceder esta recomendação.

Para que os consumidores fiquem mais esclarecidos relativamente a tudo isto, que é muita informação junta, o “Vox” procurou as respostas às perguntas mais frequentes.

O que é o aspartame?

O aspartame é um adoçante artificial descoberto em 1965. À medida que a preocupação com o consumo excessivo de açúcar crescia e as taxas de diabetes tipo 2 e obesidade nos Estados Unidos aumentavam, os adoçantes artificiais tornaram-se num substituto com baixas calorias do açúcar em alimentos e bebidas, com os consumidores a considerá-las versões “diet” (“dieta”, em português) de produtos populares.

O que é que significa a conclusão da OMS?

Simplesmente não se sabe o suficiente sobre o risco de cancro do aspartame em humanos. A IARC baseou-se em apenas três estudos disponíveis que analisavam o efeito cancerígeno do aspartame em humanos, que mostram possíveis ligações com o cancro do fígado.

Assim, com base na avaliação da OMS, não vai acontecer nada automaticamente, e cabe aos reguladores, empresas e consumidores decidirem como responder a esta informação. Assim, a escolha de continuar a beber Coca-Cola Zero, mascar pastilha elástica Trident ou comer gelatina sem açúcar fica ao critério de cada um.

“A ciência ainda está a evoluir, mas recomendamos que as pessoas usem o relatório de hoje da IARC como um momento para refletir sobre o uso de aspartame, mas também como uma oportunidade para rever a sua alimentação no geral, incluindo a carne processada e o álcool, substâncias cancerígenas conhecidas associadas ao aumento do risco de cancro”, disse William Dahut, diretor científico da American Cancer Society.

Devemos evitar tudo o que contém aspartame?

Não há uma resposta clara. O Center for Science in the Public Interest (CSPI), um grupo de defesa e vigilância do consumidor, recomenda já há muito tempo que os consumidores evitem o aspartame, devido às suas possíveis ligações com o cancro.

“Isso deve ser muito preocupante para os consumidores, para a indústria e para os reguladores”, disse Thomas Galligan, principal cientista de aditivos e suplementos alimentares da organização. “Mas digo isso com uma ressalva muito importante, que os consumidores não devem trocar o aspartame pelo açúcar”, alerta.

“Refrigerantes açucarados comuns representam um risco maior à saúde dos consumidores do que o aspartame e outros adoçantes não nutritivos”, acrescenta, recomendando os produtos que contenham o adoçante natural stevia.

Será que alguns refrigerantes vão desaparecer dos supermercados?

O diretor financeiro da PepsiCo afirmou à Reuters que a empresa não tinha planos de mudar os seus produtos atualmente. A empresa usa aspartame na Pepsi Zero Açúcar e não da Diet Pepsi.

O CSPI está a pedir às empresas que valorizem a avaliação da IARC e reformulem os seus produtos ou que, pelo menos, aumentem a disponibilidade de produtos sem açúcar. Contudo, consideram que tal apenas irá acontecer se houver alguma reação significativa do consumidor que resulte em numa diminuição acentuada na procura