Levou um político à demissão, acusou outro de assédio sexual e fez várias entrevistas provocatórias a figuras importantes da política norte-americana, como Bernie Sanders. Foi assim que Sacha Baron Cohen ("Borat") voltou à televisão, mascarando-se de várias personagens em "Who Is America?" para tentar apanhar os seus entrevistados em falso.

Apesar de ser uma série de humor, Cohen revelou recentemente que houve um episódio que não só não foi transmitido, como o obrigou a entregar todas as filmagens ao FBI devido ao tipo de conteúdo que continha.

A informação, revelada pelo próprio humorista à revista "Deadline", diz respeito a uma entrevista filmada na altura do escândalo em que Harvey Weinstein foi acusado por várias mulheres de abuso sexual. Na mesma entrevista, Cohen diz que a ideia passava por "investigar como é que alguém como ele [Weinstein] era capaz de se safar dos crimes que cometeu."

Para isso, entrevistou um concierge encarnando uma nova personagem, Gio Monaldo, que assumia ser pedófilo e estar em risco de ser preso por ter abusado de uma criança que agora o queria processar. Durante a conversa, e estando disfarçado, o humorista pediu vários conselhos para resolver o problema com o objetivo de provocar uma reação no entrevistado.

"A certa altura chegámos a falar de matar o miúdo que não existia. Ele insistiu que na América não se fazia isso e, no final, colocou-me em contacto com um advogado que seria capaz de o intimidar e silenciar", revelou.

"Era comédia ao extremo e achámos que, ao dizer aquilo, ele sairia da sala em fúria." Mas a verdade é que o concierge permaneceu imóvel e Cohen aproveitou para fazer uma nova provocação. Perguntou-lhe se ele lhe conseguiria arranjar um encontro para aquela noite e até revelou ter preferência por rapazes mais novos.

"Mais novos do que rapazes Bar Mitzvah [13 anos] mas acima dos oito anos", continuou o humorista na esperança de que a conversa não fosse dar a lado nenhum. Mas para sua surpresa, o concierge remeteu-o para outro contacto que, garantia, era capaz de encontrar vários miúdos que correspondessem àqueles requisitos. Aparentemente, aquela não seria a primeira vez que o concierge recebia pedidos daquele género.

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À mesma publicação, o comediante admitiu ter entregue todas as gravações ao FBI por achar que estava perante uma organização de pedofilia que servia os milionários norte-americanos. É que, durante a conversa, o entrevistado revelou já ter trabalhado para vários políticos e empresários.

"Era demasiado negro e errado. A nível jornalístico era fascinante. Mas era tão extremo que achámos que seria demasiado perturbador para o público". Apesar do esforço e preocupação, Cohen revelou que foi notificado pelo FBI que decidiu não dar seguimento ao caso.

A primeira temporada de "Who Is America?" conta com sete episódios e terminou em agosto. Apesar do sucesso de audiências e de estar nomeada para um Globo de Ouro, o humorista já fez saber que não vai regressar para novos episódios — principalmente por considerar que seria muito difícil surpreender alguns dos seus alvos.

"Seria impossível regressar. Para esta série aproveitámos o facto de ninguém estar à espera que fosse eu debaixo daquelas figuras para que fosse um sucesso. Antes disto, não tinha feito nada com personagens minhas há mais de uma década por isso ninguém pensou: 'Espera lá, será que esta é uma personagem do Sacha Baron Cohen?' É esse o problema."