"The Goop Lab" chegou à Netflix a 24 de janeiro e apresenta-se como uma série documental onde a atriz Gwyneth Paltrow, Elise Loehnen, chefe de conteúdos na Goop, e Wendy, também membro da Goop, "testam a sua idade biológica com diferentes protocolos alimentares e experimentam alguns tratamentos faciais", conforme a descrição na plataforma.

Mas antes de falarmos sobre a pontuação de 1,8 — sim, apenas 1,8 em 10 — no IMDb, é preciso esclarecer o que é a Goop. Falamos de uma empresa fundada em 2008 por, já se adivinha, a atriz Gwyneth Paltrow, que começou por ser um boletim informativo semanal enviado por email. Hoje já tem site e neste são publicados artigos sobre beleza, moda, bem-estar ou relacionamentos, aos quais se junta ainda um podcast, receitas e uma loja de vendas online — incluindo a polémica vela que tem o cheiro à vagina de Gwyneth (que está esgotada no site).

Da plataforma online, a atriz passou para o documentário que tem dado que falar. Começamos pelo IMDb, onde a nota não é favorável. Tem como base 888 avaliações de utilizadores e desses apenas 57 deixaram comentários.

Muitos ameaçam cancelar a subscrição na Netflix se não melhorar o serviço, tal como várias pessoas que se juntaram à hashtag #SayNoToGoop no Twitter. Outros ainda falam em "pseudociência" quando se referem ao documentário.

"Isto é pseudociência no seu pior. As informações e os 'factos' revelados são perigosos e muito propensos a que várias mulheres que acreditam neste lixo acabem no hospital. Não acredito que isto tenha tido luz verde. Quão irresponsável", diz uma utilizadora do IMDb, que deu apenas uma estrela ao "The Goop Lab".

Esta estrela poderia ser na verdade um ponto negativo noutros casos, já que um dos comentários na mesma plataforma diz: "IMDb, deviam realmente ter um sistema de classificação negativa. Isto seria um -10", arrasa negativamente outro utilizador.

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E o facto é que as criticas quanto à veracidade das informações transmitidas na série documental arrastam-se para os meios de comunicação social. O jornal espanhol "El País" chega mesmo a falar em "ameaça à saúde pública", porque a série tem um péssimo impacto na "confiança popular na ciência, na medicina e nas decisões informadas", acrescentando ainda que é conduzido por pequenas vozes do mundo da medicina alternativa.

Isto porque o documentário com seis episódios fala sobre várias técnicas que promovem o bem-estar e ajudam a controlar a mente. O primeiro episódio foca-se no uso de cogumelos como terapia psicadélica, mostrando que permitem libertar emoções intensas.

Já o segundo apresenta Wim Fof, conhecido como o "Homem do Gelo", que fala sobre o poder da mente e da respiração para controlar emoções e sensações (como o frio). Segue-se o terceiro episódio, "o nosso prazer", que incentiva as mulheres a explorarem os seus próprios corpos e desejos. É um dos mais comentados, conseguindo até uma critica mais ou menos positiva.

"Se toda a série fosse dedicada à exploração da saúde e bem-estar sexual, com Paltrow num papel de guia simpática ou produtora executiva com o mínimo de envolvimento, não só valeria a pena ver o 'The Goop Lab', como teria um valor genuíno para o público", diz o site "Screen Rant". Mas a crítica acaba por apontar os defeitos, que passam pela promoção de ideias sem sentido e que podem ser prejudiciais.

Se nos virarmos para o site agregador de críticas cinematográficas “Rotten Tomatoes”, os críticos avaliam a série documental com uma pontuação de 29% (numa escala de 0 a 100%). Nem o meio da escala a série "The Goop Lab" consegue atingir e isso reflete-se nas criticas.

Uma delas pertence ao site "Bloomberg", que mais uma vez fala sobre pseudociência e adiciona um novo adjetivo: infomercial. Isto porque muitos dos convidados apareceram do podcast do Goop, o que pode querer dizer que foi apenas mais uma forma de promover os conteúdos e rentabilizá-los.

De forma irónica, o jornal "TheGuardian" também deixa algumas críticas sobre a série, focando-se principalmente no episódio sobre sexualidade feminina, em que Gwyneth Paltrow "parece não saber o que é uma vagina", num dos momentos em que se mostrou perplexa ao descobrir que vagina é apenas o canal de parto e devemos falar em vulva.

Outro deles foi quando veio à conversa o facto de as estrelas da pornografia fazerem cirurgias plásticas aos lábios vaginais, informação que choca Gwyneth. Depois de analisar tudo isto, o jornal britânico chega finalmente à critica: "Isto é o auge e um ponto fraco do capitalismo ocidental tardio. Isto são seis horas de masturbação, apesar de não ser a do tipo que Betty [a educadora sexual do terceiro episódio] aconselharia".