Quem já conviveu mais do que cinco minutos com um gato, percebeu que eles são fascinados pelos nossos dedos. Não sabemos se há qualquer coisa no formato, cheiro ou cor que os atrai, mas a verdade é que basta gesticular um bocadinho para atrair a atenção dos felinos. E tais leões esfomeados perante um antílope solitário, é vê-los deitar as garras de fora e abocanhar os nossos dedos como se não houvesse amanhã.

Quando eles são pequeninos e têm a dentição fraquinha, até é engraçado. O pior é quando começam a crescer e aqueles dentinhos fofinhos transformam-se em facas afiadas. É por isso que todos os veterinários recomendam que se evitem brincadeiras com as mãos desde cedo, para que os gatos não adquiram o mau hábito de ver presas em cada um dos nossos dedos.

Apesar da violência com que os gatos atacam as nossas mãos — e pés, tornozelos, às vezes até joelhos —, nunca ninguém ponderou seriamente que eles fossem capazes de fazer uma refeição se nós deixássemos. É óbvio que parariam quando vissem o sangue, e nem lhes passaria pela cabeça dar uma trinca na carne. Certo? Bem, de acordo com um grupo de cientistas, errado.

No centro de ciências forenses da Universidade de Colorado Mesa, nos EUA, os investigadores estavam a analisar a decomposição de 40 corpos. Este é um trabalho que é realizado diariamente por cientistas e estudantes, que se dedicam a estudar o que acontece ao nosso corpo depois de morrermos. É uma forma de ajudarem as autoridades, explicando-lhes o que "é natural que aconteça a um corpo e o que não é natural", explica a professora Melissa Connor ao "The Washington Post".

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Os corpos estavam no exterior, numa espécie de "jardim de cadáveres". Tudo decorria com normalidade até que um gato conseguiu escapulir-se para dentro da área. Sem que nada o fizesse prever, começou a comer os restos mortais de uma mulher de 79 anos. Pouco tempo depois, chegou um segundo gato. O alvo escolhido foi um homem de 70 anos, que estava no exterior há quase uma semana.

Durante 35 dias, os gatos regressaram ao local para fazerem as suas respetivas refeições. Apesar de terem 40 cadáveres à disposição, cada um regressou ao corpo que tinha escolhido primeiro. "A principal teoria é que os gatos são picuinhas a comer. Quando encontram um alimento de que gostam, mantêm-se fiel a ele", explica Garcia, a autora principal do estudo que foi publicado em novembro do ano passado no "Journal of Forensic Sciences".

Os cientistas aperceberam-se também que os felinos preferiam comer as zonas do braço e abdómen, bem como tecidos mais suaves que já tivessem sido anteriormente danificados.

Esta investigação tem um valor científico interessante porque raramente é possível documentar este tipo de comportamento. Já o comportamento em si é relativamente natural. Mikel Delgado, investigador na Universidade da Califórnia, recordou no seu blogue uma altura em que trabalhou num abrigo para animais. "Um gato que foi para lá quando o dono morreu tinha-lhe comido o nariz", escreveu. "Não é um problema de comportamento. É apenas a realidade".

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