O Festival da Canção 2020 está prestes a chegar e depois da nomeação de Conan Osiris na edição de 2019, aproxima-se a altura de saber quem dos 16 novos candidatos vai suceder à interpretação do tema "Telemóveis".

Para apresentar as semifinais vão estar várias duplas conhecidas da televisão portuguesa — Tânia Ribas de Oliveira e Jorge Gabriel, Sónia Araújo e José Carlos Malato, Filomena Cautela e Vasco Palmeirim — que vão dividir-se pelas semifinais que decorrem de 22 a 29 de fevereiro, e a final que acontece a 7 de março em Elvas, no Alentejo.

Mas o foco vai estar em quem vai subir ao palco. Alguns nomes podem ser desconhecidos, mas não é o caso de Jimmy P, que pode ser mais popular entre os jovens, ou da canção "Antes Dela Dizer Que Sim", de Bárbara Tinoco, que certamente já passou na rádio enquanto estava preso no trânsito.

Além destes, há mais 14 nomes que vão passar pelo palco. Conheça cada um deles e a canção vão interpretar.

Luiz Caracol e Gus Liberdade — "Dói-me o País"

Luiz Caracol e Gus Liberdade apresentam-se em conjunto no Festival, mas é em separado que têm conduzido a carreira.

Luiz Caracol é músico, cantor e reflete no seu trabalho não só a influência da cidade de Lisboa, como também de países a que sempre esteve ligado: Brasil, Cabo Verde, Moçambique ou Angola. Já lançou dois álbuns, "Devagar", em 2013, e “Metade e Meia”, em 2017, e está a preparar-se para lançar o próximo trabalho.

Gus Liberdade está ligado à música como produtor e compositor, mas também já fez videoclipes e curtas-metragens (em animação e ação ao vivo). Estes trabalhos foram feitos para algumas bandas conhecidas, como NBC, DAMA, Klepht e o colega de palco no Festival, Luiz Caracol.

Mas não foi só aqui que os artistas se cruzaram. Juntaram-se para criar o projeto SÓ.TÃO, misturando aquilo que cada um sabe fazer de melhor: artes, música e animação audiovisual.

Para o Festival da Canção levam o tema "Dói-me o País", cuja letra é de António Avelar de Pinho, um nome já frequente nas músicas que passaram pelo Festival. A melodia ganha um ritmo acelerado a meio do tema, introduzindo um rap de Gus Liberdade.

Blasted — "Rebellion"

O nome original é Blasted Mechanism, encurtado para a apresentação no Festival, mas o nome original existe já desde 1996. Esta banda contrasta com o tipo de música apresentada anteriormente, substituindo a melodia pelas guitarras do rock alternativo.

Em 24 anos, os cinco membros, que não se mantiveram sempre os mesmos ao longo do tempo, já passaram por vários países, apostando em concertos que interajam com o público, usando para isso as artes visuais e a tecnologia, de forma a "criar uma experiência ao vivo inesquecível", como os próprios referem no site.

Ao Festival da Canção não levam nenhum dos temas dos nove álbuns, mas sim uma canção escrita por Blasted, Stego, Guerra, chamada "Rebellion". Vai ser tocada na primeira semifinal do Festival e apesar de ser uma banda de rock, nem sempre há uma forte instrumentalização, o que faz sobressair a letra da canção.

Cláudio Frank — "Quero-te Abraçar"

Nasceu no meio da música, influenciado por vários familiares ligados à área, e foi essa influência que o levou até ao Festival. Mas não são só. Cláudio nasceu em Luanda, emigrou para Portugal há dez anos, e os ritmos africanos continuam presentes na música, tal como o tema que leva ao Festival da Canção.

Cláudio participou no programa “Masterclass” da Antena 1, que junta compositores e autores num programa de rádio para mostrarem as suas ideias, e da rádio passou para a televisão. E independentemente do percurso, Cláudio revela à RTP que a participação no Festival “é o princípio da realização de um grande sonho”.

O tema "Quero-te Abraçar", escrito pelo próprio Cláudio, é uma música romântica com ritmo angolano e a letra que mistura o português e inglês.

Kady — "Diz Só"

De Luanda para Cabo Verde, Kady, coloca a influência das suas origens nos vários temas que soma à carreira, incluindo o álbum lançado em 2016 "Kaminho" — esse que fez até Portugal aos poucos.

É filha de Terezinha Araújo, co-fundadora de uma das banda cabo-verdianas mais conhecidas no país, e seguindo os passos da mãe, lançou a carreira em Cabo Verde. Desde que lançou o álbum, a projeção do seu trabalho começou a chegar a Portugal, de tal forma que surgiu a oportunidade de concorrer no Festival da Canção.

"Diz Só" é a canção que leva ao Festival, música de Dino D’ Santiago e escrita por Kalaf Epalanga, que fala sobre o destino da vida e da sua geração.

Dubio feat. +351 — "Cegueira"

Dubio, banda composta por Rui e Pedro Azevedo, surgiu em 2012 e está em progressão, mas já tem certo aquilo que não quer ter: "Não criar rótulos e nem pré-conceitos, o foco é fazer um rock limpo e simples para entregar a seus fãs algo diferente e inovador", prometem no próprio site.

Para o Festival da Canção juntam-se a +351, mas não foi preciso uma chamada para isso. Bastou os Dubio enviarem um ficheiro com uma faixa instrumental para a banda composta por três elementos — Duarte Teixeira, Hugo Azevedo e Margarida Almeida —, e foi essa mesma que os levou para o Festival da Canção.

É com "Cegueira", canção de Rui Azevedo, Pedro Azevedo e letra de Hugo Azevedo, que vão participar nas semifinais. A voz é de Margarida e junta progressivamente ao tom feminino um instrumental que dá intensidade à música.

Elisa Rodrigues — "Não Voltes Mais"

Começou no coro dos Pequenos Cantores do Estoril, descobriu o jazz, mas pelo meio do percurso uma licenciatura em Design de Moda pela UTL parecia desencaminhar o percurso pela música.

Isso não chegou a acontecer, e aos 21 anos dá o primeiro concerto, seguindo-se um álbum, festivais, palcos de todo o País e até uma tour com o músico Rodrigo Leão. Em 2020 é ano de integrar o Festival da Canção, onde apresenta o tema "Não Voltes Mais".

Mas ao contrário do título, Elisa Rodrigues parece querer voltar depois das semifinais, e inicia este caminho no Festival de forma independente e confiante. Tanto a música como a letra foram feitas por si.

Filipe Sambado — "Gerbera Amarela do Sul"

É Filipe Sambado, mas não há sinal de ligações ao samba, nem sequer ao Brasil. Uma das suas canções mais conhecidas, "Só Beijinhos", tornou-se famosa graças a uma novela portuguesa, "Alma e Coração", e foi em Portugal que lançou os seus três discos.

"Filipe Sambado e os Acompanhantes de Luxo" é o álbum mais recente, lançado em abril de 2018, e foi considerado um dos melhores discos nacionais naquele ano. Dois anos depois, não é o disco, mas o tema "Gerbera Amarela do Sul" que o pode levar a mais uma distinção: desta vez, representar Portugal no Festival da Canção.

Judas — "Cubismo Enviesado"

Judas interpreta e é Hélio Morais quem está por detrás do tema que vai ao Festival. Hélio é conhecido pela banda Linda Martini, onde é também compositor e integra ainda o mesmo papel nos PAUS, onde acrescenta a voz.

Hélio já passou por palcos de todo o mundo, soma cinco álbuns e dois EP (uma gravação mais longa que varia entre o single e o álbum) e agora é em Portugal que aposta as notas musicais. "Cubismo Enviesado" é o tema que Judas vai cantar na semifinal, marcado pelo verso "Vês ou não?", cantado 32 vezes.

Jimmy P — "Abensonhado"

Quase dispensa apresentações entre o público mais jovem, que acompanha há vários anos um dos nomes mais conhecidos do hip-hop português. Mas até os mais velhos conhecem já o cantor que não se define apenas pelo rap. "Fusão" é o estilo musical que predomina nas músicas atuais, misturando hip-hop, reggae, R&B, soul e funk.

Atualmente está a preparar o próximo álbum, que pode ficar para segundo plano caso o futuro no Festival da Canção seja mesmo "Abensonhado". Este tema, como é habitual nas canções de Jimmy P, passa uma mensagem para o público, mas parece também ter uma parte mais pessoal, visível em alguns versos e num em especial: "I’m sorry mama" (desculpa, mãe).

Ian Mucznik — "O Dia de Amanhã"

Ian Mucznik faz parte da banda Los Tomatos, fundada por si em 1993. O grupo já passou por festivais como o Sudoeste e a Festa do Avante!, onde atuaram para apresentar o álbum "Granda flash" e os dois singles, sempre com o registo próprio da banda: pop rock.

Na banda Ian é cantor, guitarrista e compositor e usou essa última valência para criar o tema "O Dia de Amanhã". Já a canção teve autoria de João Cabrita, músico que já participou em várias edições do Festival da Canção: em 2008 como saxofonista no tema "Canção Pop", interpretado por Ricardo Soler, em 2017 no Festival Eurovisão da Canção Júnior, em que foi co-autor e co-compositor do tema "YouTuber", e em 2019 acompanhou os Cais Sodré Funk Connection.

Elisa — "Medo de Sentir"

Elisa Silva é madeirense e do arquipélago traz para Lisboa o tema "Medo de Sentir". Este pode ainda fazer mais uma viagem até Évora, mas tudo depende dos resultados das semifinais. Até lá, Elisa, de 20 anos, soma no currículo vários festivais regionais e um curso de jazz no conservatório da Madeira. Depois de ter-se instalado em Lisboa em 2018, começou a preparar o lançamento de um EP.

Apesar de ser a mesma a compor as canções originais que vai apresentar no EP, para o Festival leva a música escrita por Marta Carvalho, que passou pelo programa "The Voice Portugal", em 2016, e já colaborou com vários artistas conhecidos: Carolina Deslandes, David Carreira, Diogo Piçarra, Agir, April Ivy e Karetus.

MEERA — "Copo de Gin"

Cecília Costa, Jonny Abbey e Leonardo “Goldmatique” Pinto são os nomes que fazem parte de MEERA e as caras que vão levar "Copo de Gin" ao palco do Festival da Canção. O grupo juntou-se depois de numa festa, num terraço no Porto, terem percebido que tinham gostos musicais semelhantes, conforme conta a RTP.

Começaram então no Porto a criar canções, mas é até Lisboa que trazem o tema "Copo de Gin", tema que tal como os outros que já criaram, pretende “desligar de todas as preocupações rotineiras”. Apesar do título, não é da bebida que se fala, mas sim de amor.

Tomás Luzia — "Mais Real Que O Amor"

É também sobre amor o tema de Tomás Luzia que começou no YouTube a partilhar alguns covers de músicos internacionais. Contudo, é em território nacional que concorre ao Festival da Canção para mostrar lá fora o tema "Mais Real Que O Amor".

Este foi escrito por Tiago Torres da Silva, escritor, poeta, letrista, que já colaborou com vários artistas como Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Anamar e Eugénia Melo e Castro. Mantém também uma ligação ao teatro, através da encenação, que o relaciona a peças como "Não digas nada" ou "Bibi vive Amália".

JJaZZ — "Agora"

JJaZZ dão a voz e cara ao tema, mas foi Rui Pregal da Cunha quem ficou responsável pela canção e letra. Rui tem já longa experiência no mundo da música e está associado a vários temas conhecidos como "Vá Lá Senhora", que cantou na banda Golpes, e também já é conhecido por um público mais jovem com "Indo eu a caminho de Viseu", para o disco infantil Leopoldina.

Leva o tema "Agora" ao Festival da Canção, cantado por duas vozes distintas, mas que transmitem aquilo que pretendem neste Festival: "Chega a hora. O que já está em marcha vais ter que acabar".

Throes + The Shine — "Movimento"

André Do Poster, Diron Shine e Marco Castro fazem parte da banda Throes + The Shine, que nasceu em 2012 no Porto. Começou por se caracterizar pelo som das guitarras, no primeiro álbum, "Rockuduro", e no segundo, "Mambos de Outros Tipos", que começou a introduzir uma vertente mais eletrónica.

"Enza" é o mais recente (e quarto) álbum da banda, lançado em maio de 2019, e aproxima-se de um género rock. Mas é com o registo eletrónico que se apresentam no Festival da Canção. A canção "Movimento" fala precisamente do constante movimento do mundo e de um lema muito próprio de São Tomé e Príncipe presente num dos versos: "Leve leve vive o mundo em movimento".

Bárbara Tinoco — "Passe-Partout"

Talvez uma das vozes mais conhecidas pelos ouvintes frequentes de rádio, Bárbara Tinoco não leva a balada "Antes Dela Dizer Que Sim", que ficou conhecida no programa "The Voice Portugal", em 2018, mas uma outra mais animada.

Tem apenas 20 anos, mas sabe bem que é música que quer, razão pela qual está a estudar Ciências Musicais na Faculdade Nova de Ciências Sociais e Humanas. O Festival da Canção pode precisamente abrir portas para uma oportunidade, que no "The Voice Portugal" não foi mais longe do que apresentação do tema original.

Desta vez, "Passe-Partout" não é escrita por si, mas por Tiago Nacarato, que também concorreu ao concurso do "The Voice Portugal" em 2017, com o tema "Onde Anda Você", que surpreendeu (e derreteu corações) na Prova Cega.