Em Lisboa, basta estar uns dois meses sem passar no eixo Campo de Ourique, Príncipe Real, Baixa e Cais do Sodré para apanhar com surpresas. Novos restaurantes surgem praticamente todas as semanas, mas também são muitos os que não chegam longe.

Novos conceitos, troca de chefs, cartas que revolucionam o restaurante. As movimentações gastronómicas começam ainda antes de pormos o garfo à boca, mas, ainda assim, há algumas que merecem ser lembradas e celebradas.

Pelos conceitos revolucionários, por acrescentarem valor, pelo sabor e toque individual que dão aos pratos, há dez restaurantes que fizeram por merecer um lugar no top dez da MAGG das novidades de 2019. Espreite a lista e marque já mesa. É que o sucesso dita, normalmente, casa cheia.

01. Fogo, Lisboa

Tardou, mas aconteceu. Depois do Loco, Alexandre Silva há muito que prometia um novo restaurante. Mas a logística de cozinhar com fogo fez tardar a abertura de um espaço onde não existe um fogão convencional.

Aqui tudo é feito na brasa, desde a entrada à sobremesa. Há um forno a lenha, uma grelha e uma zona onde assentam as panelas de ferro onde são cozinhados os estufados e sopas. No meio, uma fogueira que nunca se apaga e de onde vão buscar as brasas necessárias para alimentar todos estes pontos de cozedura.

No Fogo não há carta fixa mas, na secção das entradas, é o mar quem manda. Há xerém de berbigão (7€), chicharro dos Açores (8€), lingueirão na grelha (7€), camarão da costa grelhado  (12€) e amêijoa no forno à Bulhão Pato (15€).

Os pratos principais não são muitos, mas são certeiros. Há raia na grelha com um molho de manteiga e alho (17€) que vai justificar que venha para a mesa mais uma dose de pão. Nunca esquecer que no Loco, o bife vem servido com pão, pensado exatamente para esse efeito. Mas também há rodovalho (22€), sapateira no carvão (35€) e lagosta grelhada (45€).

Se preferir carne, conte com vazia de vaca com estufado de feijão (50€/kg para duas pessoas), cabeça de porco alentejano assada no forno, frango do campo com arroz de forno e um prato que é apenas para fãs de borrego: é que a carne é assada no forno e o arroz é feito com os seus sucos.

E até as sobremesas são feitas na brasa: há tarte de maçã no forno a lenha servida com gelado de leitelho fumado 85€), pão de ló de alfarroba, sorvete de noz, azeite e flor de sal(5€) e torta de mel com granizado de mel ácido (5€).

Morada: Avenida Elias Garcia, 57, Lisboa
Telefone: 21 797 0052
Horário: 12h30-16h, 19h30-24h. Domingo 12h30-17h. Fecha à segunda-feira

Levámos um carnívoro a jantar ao Meat Me
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02. Arkhe, Lisboa

Faz comida vegetariana de autor, mas por aqui não há fundamentalismos. É por isso que, ainda que os legumes sejam os reis da mesa do Arkhe, que abriu no início do ano em Santos, há queijo da Serra na receita dos gnocchi de abóbora assada e vinho no molho de gratin de batatas e cogumelos da época.

João Ricardo é o chef atrás do balcão mas muito à frente no que à cozinha vegetariana diz respeito. Do Brasil, onde nasceu, já passou por França, Suíça, Inglaterra e Bali, com este último destino a dar o mote a um corte com a carne e o peixe. Aperfeiçoou a técnica de criar à base de legumes e leguminosas e, depois de muita procura, acabou por encontrar o espaço certo em Lisboa para abrir o seu primeiro restaurante, onde em tempos funcionou o Pachamama.

Morada: Boqueirão do Duro, 46, Lisboa
Telefone: 211 395 258
Horário: 19h-23h, domingo 12h30-17h30 (fecha à segunda-feira)

03. Plano, Lisboa

Abriu no verão e aproveitou-se do bom tempo para servir refeições no jardim, à luz da lua e das chamas do fogareiro sempre aceso no exterior da guesthouse Dona Graça.

Agora que o tempo já não o permite, o chef Vitor Adão encontrou abrigo para o seu Plano no interior, num espaço dividido em três salas: uma que funcionará mais como bar, outra como sala de refeições e uma outra pensada para eventos privados, uma vez que tem apenas uma mesa para 14 pessoas.

O menu é de degustação, composto por nove pratos que acontecem consoante a imaginação do chef e é servido apenas ao jantar (60€, mais 40€ se for com harmonização de vinhos).

Morada: Rua da Bela Vista à Graça, 128, Lisboa
Telefone: 91 317 0487
Horário: 19h30-23h. Fecha segunda e terça-feira

04. Meat Me, Lisboa

O Meat Me é um parceiro oficial do espanhol El Capricho, aquele que já foi considerado um dos melhores restaurantes do mundo para provar carnes maturadas — em grande parte pela sua técnica “irrepreensível de assar”, como o próprio Meat Me frisa numa das páginas da sua carta.

Aqui por Lisboa é o chef Tomás Pires, 32 anos — já passou pelo The Oitavos, Tavares e Grupo Olivier — e a sua equipa que tratam de tudo. A carta está dividida por animais, desde a vaca, ao porco ou às aves, que podem seguir para a parrilla, para a robata ou para o forno, todos aquecidos a carvão.

No capítulo dos bovinos, há chuleton de vaca (125€/kg) ou de boi (235€/kg) El Capricho. Há lombo (27€, 250g), beijinho (17€, 200g) ou ainda vazia com osso Wagyu, uma vaca de origem japonesa criada no Chile (125€). Dentro dos clássicos, pode provar o bife Wellington (25€) ou a aba de novilho à colher (16,5€). Já nos suínos, não deixe de experimentar a tomahawk de porco preto de Monsaraz (35€) e, nas aves, as pernas, peitos e asa de codorniz  (12,5€). Para quem já está a pensar no amigo que não come carne, aqui há solução, seja pelo polvo barbecue (22€) ou pelo atum chimichurri (24€).

Mas para passar pelo Meat Me não precisa de ir comer. O espaço está divido em três outros, que coexistem, mas que também sabem ser independentes: o restaurante, o bar e um terraço ao ar livre.

Morada: Rua Duques de Bragança, 9, 1200-027 Lisboa
Telefone: 213 471 356
Horário: segunda a quinta-feira, das 12h30 às 15h30 e das 19h às 00h; sexta-feira, das 12h30 ás 15h30 e das 19h à 1h; sábado, 12h30 à 1h; domingo, 12h30 às 00h.

05. Frade, Lisboa

Restaurantes alentejanos não são novidade em Lisboa. Mas por alguma razão este leva a que muitos se desloquem até Belém, zona onde normalmente se vai quando há visitas a quem mostrar os Jerónimos ou os pastéis.

O espírito de família está bem presente no Frade, e tal não se deve apenas ao laço familiar de Sérgio Frade e Carlos Afonso, os primos que assume as rédeas da cozinha. A relação com os clientes é de proximidade e, por isso, tudo é servido ao redor de um balcão, o ponto central do espaço.

Embora esta não seja uma carta fixa, com sugestões criadas até no próprio dia, é bastante provável que encontre opções como os ovos com espargos (8€), muxama de atum com ovos (8,50€), galinha acerejada (7,50€), lulas com grão (8€), pato de escabeche (9€), coelho de coentrada (8,50€) e papada à alentejana (6€).

A MAGG, no dia da visita, foi arrebatada pelo arroz de pato. "Totalmente diferente daquilo a que está habituado. Feito com arroz malandrinho no ponto e bastante húmido, pato desfiado, um intenso (mas nada enjoativo) sabor a laranja e raspas de chouriço". Convencido?

Morada: Calçada da Ajuda, 14, Belém
Telefone: 939 482 939
Horário: 13h-23h. Fecha à segunda-feira

06. Kitchen Dates, Lisboa

É o primeiro restaurante sem desperdício do País, mas é muito mais do que isso. Rui e Maria vão ao fundo de todas as questões e não há nada que sirvam no Kitchen Dates que não conheçam ao pormenor. Conhecem os produtos, os locais de origem e até a forma como é transportado até ao restaurante de Telheiras. É que aqui o plástico não entra.

Ao fim de semana servem brunch, alguns jantares por marcação e, recentemente, passaram a abrir alguns dias para almoços. Mas pode sempre passar pela despensa, onde estão em exposição alguns dos produtos pelos quais já são conhecidos. Falamos do queijo de amêndoa, da nutarroba, uma espécie de Nutella saudável que fica uma delícia quando espalhada no pão de trigo barbela. Também ele disponível para venda.

Morada: Rua do Seminário, 7A, Lisboa
Telefone: 210 804 677
Horário: almoços de quarta a sexta-feira 12h-15h. Brunch e jantar só por reserva. Despensa aberta de quarta a sexta-feira 13h-20h, sábado e domingo 15h-18h

07. Taberna do Calhau, Lisboa

Uma ementa que se divide em categorias — ovos, bacalhau, pão, quentes e frios — já nos aguça a vontade de entrar. E é na Mouraria que Leopoldo Calhau decidiu criar o Alentejo dos seus pais, aquele de comida simples, mas sem hipótese de erro.

Ovos e pimentos (€7), linguiça assada (€6,50), cabeça de xara (€5) e gaspacho (€4,50) são as propostas mais simples para começar uma refeição na Taberna do Calhau. Mas para algo mais elaborado, experimente a cervejaria, que junta camarão e tremoço (6€), ou a alentejaninha, uma bochecha de porco que leva um molho parecido ao habitual de uma francesinha (9€).

O azeite, ingrediente essencial em todos os pratos, está também disponível para venda. Assim cada um dos que visita a Taberna, pode levar um pouco de Alentejo para casa.

Morada: Largo das Olarias, 23, Lisboa
Telefone: 21 585 1937
Horário: 12h-15h, 19h-24h. Domingo 18h-24h. Fecha à segunda-feira

Kitchen Dates. Já abriu o restaurante onde só há uma mesa e nenhum caixote do lixo
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08. Flor de Lis, Porto

O chef Arnaldo Azevedo assumiu o comando dos dois restaurantes do Vila Foz, um hotel instalado num palacete do final do século XIX. No FLor de Lis, aproveita tudo o que lhe vem do mar e aposta em pratos de influência portuguesa, sem deixar de lado as influências de outros mares.

Para entrada conte com enchidos de porco preto (24€), mas também uma tempura de camarão e lula (10€) ou uns ovos rotos (7,50€). Nos pratos principais pode escolher entre açorda de bacalhau (15€), arroz de peixe e mariscos (23€) ou cataplana (23€). Se preferir carne há bifes de lombo (19€), plumas de porco preto (20€) e chuletón com maturação de 60 dias (65€/kg).

Se quiser acabar a refeição com uma dose de portugalidade, peça a rabanada, aqui servida com creme de baunilha (8€).

Morada: Avenida Montevideu, 236, Porto
Telefone: 22 244 9700
Horário: 12h30-16h, 19h30-22h30

09. Esporão, Porto

Quem ouve falar em Esporão, estica logo o copo de vinho à espera de mais. O que não se prevê é que a este nome se associe comida, ainda que um bom vinho e um bom prato resultem sempre num casamento perfeito.

A Herdade do Esporão abriu um restaurante no Porto, naquele que é o primeiro da marca fora das regiões onde tem produção.

Por aqui servem-se cuscos à transmontana, legumes assados e lascas de queijo de S. Miguel (€12,50) ou a corvina, arroz carolino, lingueirão e limão confit (€16,50).  Antes disso, e para entrada, há salada de tomate com granizado de ervas frescas (6€) ou escabeche de coelho com pão torrado (6€).

O Esporão no Porto é também uma loja de vinhos, azeites, mel e cerveja artesanal, onde, além de vendas, se fazem provas e workshops.

Morada: Rua do Almada, 501, Lisboa
Telefone: 22 019 0253
Horário: 11h-24h

Fomos jantar ao Fogo, o restaurante onde até o gin leva carvão
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10. Elemento, Porto

Ainda antes do Fogo, em Lisboa, já no Porto se cozinhava com brasa. Os criadores do conceito, Ricardo Dias Ferreira e Patrícia Lourenço, gostam de chamar ao Elemento um restaurante de "firedining", uma vez que a comida é de requinte e por aqui não há outra fonte de calor que não a brasa.

O menu varia todos os dias e oferece experiências à carta ou em forma de menu de degustação (65€). É por isso que não lhe falamos dos pratos, uma vez que serão sempre uma surpresa. Mas das boas.

Morada: Rua do Almada, 51, Lisboa
Telefone: 22 492 8193
Horário: 19h-23h. Sábado 13h-15, 19h-23h. Fecha ao domingo

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