Um acidente automobilístico, uma queda ou até apenas um embate da cabeça pode levar a uma lesão cerebral traumática. Pode ocorrer a qualquer pessoa através de uma força externa que provoca uma disfunção cerebral e pode trazer muitos problemas a longo prazo — e até originar distúrbios neurológicos e psiquiátricos.

Não é frequente sofrer uma lesão deste género. No entanto, um novo estudo revela que mais de metade dos sem-abrigo — mais precisamente 53% — já sofreu uma lesão cerebral traumática num momento da sua vida. A investigação, publicada na revista "Lancet Public Health" esta segunda-feira, 2 de dezembro, juntou resultados de pesquisa de seis países diferentes — Austrália, Canadá, Japão, Coreia do Sul, Reino Unido e EUA — e estima que a lesão cerebral traumática pode ser uma consequência ou uma causa da condição de vida dos sem-abrigo, escreve o jornal "TheGuardian".

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As lesões foram consideradas de moderadas a graves num quarto dos sem-abrigo, o que é dez vezes mais do que acontece na população em geral. Jehannine Austin, do Instituto de Pesquisa em Serviços de Saúde Mental e Uso de Substâncias da Colômbia Britânica, no Canadá — local onde foi realizado o estudo — afirma que: "A relação entre os sem-abrigo e a lesão traumática cerebral pode funcionar de duas maneiras: a lesão traumática cerebral pode aumentar o risco de um sem-abrigo e o sem-abrigo pode aumentar o risco de uma lesão traumática cerebral".

Por esta razão, explica que precisam de uma melhor compreensão deste relacionamento "para resolver o problema e melhorar os resultados na população sem-abrigo e marginalmente abrigada."

No entanto, Jesse T Young, investigador da Universidade de Melbourne, defende na revista "Lancet Public Health" que “está a ficar claro que a lesão traumática cerebral pode ser uma causa e uma consequência da falta de habitação. As consequências funcionais e socioeconómicas associadas às lesões traumáticas cerebrais podem apresentar desafios para encontrar e reter casas”.

Rob Aldridge, da University College London, também complementa esta ideia num artigo publicado na revista “Lancet Public Heath”, “Sem abrigo: Um barómetro da justiça social”, e defende que os sem-abrigo na Inglaterra têm problemas significativos de saúde.

"É uma emergência de saúde pública que já sabemos como combater — mas não conseguimos. A maioria das pessoas que viviam em situação de rua deviam ter sido internadas em crise aguda de saúde. As suas necessidades de saúde representam uma falha do sistema em intervir precocemente e evitar danos graves. Toda a gente tem direito à dignidade e respeito. A falta de moradia é um barómetro da justiça social que reflete um problema sério na nossa sociedade, cujo remédio está ao nosso alcance ”, afirma Rob.

Numa outra pesquisa de Rob Aldridge, o investigador revela que quase uma em cada três mortes de pessoas em situação de sem-abrigo poderia ter sido evitada se tivesse havido acompanhamento médio adequado.

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