O mercado dos medicamentos para deixar de fumar está recheado de opções. Há dezenas (talvez centenas) de medicamentos que eliminam ou diminuem a necessidade e a vontade de fumar, seja através da toma de comprimidos ou da colocação de pensos na pele. Mas nenhum deles faz com que os fumadores deixem de sentir prazer quando pegam num cigarro. Até agora.

Um grupo de investigadores da Universidade de Toronto descobriu como voltar a carregar naquele botão que torna a nicotina novamente "nojenta". Vamos recuar. Se é fumador, certamente que se recorda de não ter gostado do seu primeiro cigarro. A verdade é que o sabor não é bom mas, com a continuação do hábito, o organismo fica viciado em nicotina. Como tem medo que se esgote, e tudo o que o corpo quer é não entrar em abstinência, o seu cérebro diz-lhe que os cigarros são altamente prazerosos.

Beber uma garrafa de vinho por semana é tão mau como fumar dez cigarros
Beber uma garrafa de vinho por semana é tão mau como fumar dez cigarros
Ver artigo

A nova fórmula encontrada pelos cientistas mexe exatamente com esse aspeto, desligando o botão que torna o tabaco saboroso. Os investigadores descobriram que a nicotina atua em dois recetores da mesma região do cérebro — a Área Tegmental Ventral (ATV) —, que também está relacionada com o sistema de recompensa do cérebro.

Quando alguém está viciado em tabaco, o cérebro atua de duas formas: por um lado os neurónios dizem para se afastar, por outro pedem que ceda para colocar fim à dor. A determinada altura, a dor e a vontade acabam por ser mais fortes, levando-o a colocar um cigarro na boca.

Mas o que os cientistas da Universidade de Toronto tentaram perceber foi exatamente o ponto dessa mudança. "Se desligarmos os outros neurónios [que fazem o cigarro parecer agradável], só resta o nojo ou aversão", explica a autora do estudo, Taryn Grieder, ao "Daily Mail".

Inês Castel Branco admite ter passado por dois abortos
Inês Castel Branco admite ter passado por dois abortos
Ver artigo

Esta é uma fórmula já disponível para controlar o vício do álcool, mas que ainda só está a ser pensada e testada para o tabaco. Ainda assim, alertam os cientistas, esta não seria de todo a cura para o vício na nicotina, mas sim uma ferramenta relevante para quem está num processo de deixar de fumar.

Para já o medicamento é apenas uma teoria, pelo que levará alguns anos até passar do papel e tornar-se uma realidade para todos os fumadores.