O presidente eleito na Argentina, Alberto Fernández, 60 anos, promete que vai avançar com um projeto para legalizar o aborto quando assumir o cargo a 10 de dezembro."Vou tentar que saia o quanto antes. Não depende só de mim", afirmou ao jornal Página/12, como consta o site "Gazetaweb". Se a sua promessa for aprovada, vai gerar uma reviravolta na política do país. A primeira vez que debateram o tema no congresso argentino foi em 2018, devido a um projeto apresentado por mulheres ativistas. Apesar de ter sido aprovado pelos deputados, foi rejeitado pelo senado por 38 votos e Mauricio Macri, o presidente da época, recusou a apoiá-lo, segundo explica o jornal "The Gaurdian".

Alberto Fernández anunciou em entrevista ao diário "Página 12" que quer enviar um projeto de lei ao congresso ainda este ano, no período de sessões extraordinárias. "Sou ativista do fim da criminalização do aborto", explicou o futuro presidente, "será enviado um projeto de lei pelo presidente", acrescentou.

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Com esta lei aprovada, a Argentina também se destacaria  como a primeira grande nação latino-americana, com 45 milhões de habitantes, predominantemente católica da região — 92% da população declarou-se católica no último censo de 2011 — com aborto legalizado. No país o aborto só é permitido em casos de estupro, ou se a vida da mulher estiver em risco.

Segundo o jornal "The Guardian", Alberto Fernández afirmou: "Não quero que esse debate seja uma disputa entre progressistas e conservadores, entre revolucionários e retrógrados, isso é uma questão de saúde pública".

Alberto Fernández também demonstrou a sua posição face a este tema na apresentação do livro “Somos Belén”, de Ana Elena Correa — que aborda a história de uma jovem que foi presa por ter um aborto espontâneo —, esta quinta-feira, 14 de novembro, na Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires. O futuro presidente defendeu que é necessário respeitar o direito que a mulher tem sobre o seu corpo: “Quando alguém descriminaliza e legaliza o aborto, isso não o torna obrigatório. Portanto, se uma pessoa continua a ter a convicção de que Deus não permite, ela que não o faça. E nós respeitamos”, afirmou,  como consta o jornal “Económico Valor”.