Numa altura em que se assiste a uma saturação no mercado dos smartphones, a nova estratégia da Apple para gerar lucro parece ser através dos serviços. É nesse contexto que, em meados de agosto, é lançado o Apple Card em parceria com a Goldman Sachs, um novo cartão de crédito que, segundo a multinacional tecnológica, tem a vantagem de não estar associado a nenhuma entidade bancária. No entanto, a Apple e a Goldman Sachs estão agora a ser investigadas depois de terem sido acusadas de criar um cartão de crédito que discrimina os clientes em função do género.

Ao que parece, o Apple Card atribui um limite de crédito muito superior a homens do que a mulheres. A acusação surgiu na quinta-feira, 7 de novembro, por David Heinemeir Hansson, um programador e empresário dinamarquês que expôs a sua indignação no Twitter aos seus mais de 358 mil seguidores.

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"O Apple Card é um programa completamente sexista. Eu e a minha mulher declaramos em conjunto os nossos impostos, vivemos em regime de bens partilhados e estamos casados há muito tempo. Ainda assim, os algoritmos da Apple acham que eu mereço um limite de crédito 20 vezes superiores ao dela", começou por escrever.

E continua: "Ninguém quer viver sobre as regras caprichosas do algoritmo. Não nas finanças, não na compra de casa, não na publicidade, não no mercado de trabalho e não em qualquer uma das áreas na qual a inteligência artificial possa ter poder de decisão."

Steve Wozniak, um cofundador da Apple, juntou-se a Hansson nas críticas ao Apple Card e escreveu que estava a sentir o mesmo problema ao ter um limite de crédito dez vezes superior ao da mulher.

Face às acusações, a Goldman Sachs respondeu e diz que os candidatos ao programa do Apple Card são "avaliados de forma independente e em função do rendimento e da credibilidade, tendo em conta o crédito e a dívida pessoal". E continua ainda alegando que "com base nestes fatores, é inteiramente possível que dois membros de família recebam créditos diferentes".

Mas a entidade bancária garante que a avaliação desse crédito nunca tem influência no género dos candidatos: "Não tomamos e nunca iremos tomar decisões de crédito que se baseiem em funções de género."

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No entanto, e segundo escreve o jornal "ECO", as sucessivas denúncias levaram a que o Departamento dos Serviços Financeiros de Nova Iorque, nos Estados Unidos, abrissem uma investigação à Goldman Sachs.

“A lei de Nova Iorque proíbe a discriminação contra classes protegidas de indivíduos, o que significa que um algoritmo, assim como qualquer outro método de avaliação de credibilidade para créditos, não pode analisar os indivíduos com base em idade, credo, raça, cor, género, orientação sexual, nacionalidade ou quaisquer outras características protegidas", afirmou Linda Lacewell, responsável do departamento em comunicado oficial.

As investigações estão agora a decorrer. Entretanto, o Apple Card continua apenas disponível nos Estados Unidos e desconhece-se se alguma vez chegará a Portugal.