Os leitores perguntam, a psicóloga Sara Ferreira responde. É assim todas as semanas. Saúde, amor, sexo, carreira, filhos — seja qual for o tema, a nossa especialista sabe como ajudar. Para enviar as suas perguntas, procure-nos nos Stories do Instagram da MAGG.

Olá, leitor

A sua pergunta faz-me pensar em várias possibilidades. Mas vamos lá.

O grande mito em que muitos casais (sejam de namorado(a)s, sejam de maridos e mulheres)  caem é: “Se alguém ama o seu companheiro, não se sentirá atraído por nenhuma outra pessoa.” Vamos então à verdade. Aperte os cintos.

No mundo da fantasia esse mito é verdade. No mundo real, a coisa é diferente. O ser humano é bonito, amoroso e quente, mas também é feio, suado e falho. A carne é fraca. Os olhos veem. A cobiça coça. A imaginação vai longe. O coração pede.

As pessoas podem trair a sua parceira ou parceiro pelos mais variados motivos. Nesse milhão de razões diferentes podem inclui-se por exemplo o tédio, o desejo, a falta de vontade/coragem de deixar um companheiro, mesmo quando o relacionamento está morto e acabado, gosto pelo “jogo”, pelo controlo/poder, alta tolerância a correr riscos, baixa tolerância à frustração, desejo de ultrapassar limites, sentirem-se capazes de conquistar pessoas e levá-las para a cama e a lista não acabaria aqui.

Por incrível que pareça, o desejo de vingança (raiva) também é um fator motivador frequente (tanto para homens como para mulheres), isto é, se uma pessoa foi ferida por quem ama, o desejo de se vingar pode ser forte demais para resistir… mesmo que um parceiro já tivesse valorizado ou acordado (implícita ou explicitamente) de alguma forma a fidelidade na relação com o outro parceiro.

Um outro motivador frequente da traição é o aumento da auto-estima. Parece contra-intuitivo, dado que a infidelidade (tanto no namoro como no casamento) tende a terminar com consequências pessoais significativas, mas para algumas pessoas, o ato de ter um ou vários casos pode aumentar o seu próprio "ego" e auto-estima.

Bom, já percebemos que existem muitos motivos aí. Vou falar da sua questão mais especificamente pegando com um outro aspeto que é o “calcanhar de Aquiles” da ‘psyché’ humana. Da ‘psyché’ (a “psiquê” ou em grego antigo: Ψυχή) e não do psiché (ou pechiché), entenda-se!

E esse “calcanhar de Aquiles” da psique humana é o quê?

O lado sombrio (ou o lado “sombra”), também chamado de “lado lunar”, enfim, oiça aqui a música do Rui Veloso com o mesmo nome que dá para ficar com uma ideia.

Como diz o Sr. Rui na letra da sua canção:

“Toda a alma tem uma face negra / Nem eu nem tu fugimos à regra”.

Sim, todos nós – sem excepção – temos um lado sombra. E sombra porquê? Por oposição ao lado “luminoso”, aquele que gostamos de mostrar à luz do dia, que é o lado que apresentamos perante o mundo, está do lado de fora, que todos podem ver (e nós também), pautado por aquilo que consideramos ser o que é aceitável (social, cultural e moralmente, etc.).

Já quanto ao nosso lado sombra (tal como Carl G. Jung o formulou), este é um lado que muitas vezes reprimimos, rechaçamos de nós mesmos, o qual temos dificuldades de ter acesso, muitas vezes. Curiosamente, e não raras vezes também, este é o lado que os outros vêm ou percebem mais em nós do que nós mesmos.

E o que é esse “lado sombra”?

Não deixa de ser o nosso inconsciente que se manifesta no nosso comportamento, na nossa vida prática. A sombra é um grande ladrão de energia. E quanto mais uma pessoa ignora a sua presença, maior será o dano causado.

Ainda existem pessoas que não têm essa noção clara de que nós temos um aspeto consciente e um aspeto inconsciente dentro da nossa forma de “funcionar” que guia (para não dizer que governa) a nossa vida.

Por outras palavras, a parte emocional comanda a racional, e tanto mais assim é quanto menos consciência disso tivermos.

Há mais de um século que este conhecimento foi trazido à tona, especialmente devido aos trabalhos de Freud, sendo que muitas pessoas ainda acham que nós somos aquilo que se percebe a olho nu e ponto final.

Estes conhecimentos psicanalíticos – amplamente estabelecidos na ciência, desde há muito e no mundo inteiro – a partir dos quais se formulam vários tipos de terapia têm um conjunto de teorias poderosas por detrás. Os seus idealizadores basicamente são génios que desvendaram mecanismos da nossa psique e ao utilizarmos as suas ferramentas conseguimos tomar as rédeas da nossa mente e viver bem melhor.

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De acordo com Sigmund Freud, a mente divide-se em três partes estruturais: o “Id”, o“Ego” e o “Super Ego”. Abreviando horrores, o “id” é a parte da mente que está mais disposta face a pensamentos e impulsos instintivos e caóticos. O “ego” é a parte organizada e realista da mente que está na dianteira da mente consciente. O “super ego” ou “super eu” é a perceção da mente do indivíduo que percorre a sociedade em termos das noções do que é correto e de imperativos morais (figuras de autoridade, religião, ordem, lei são expressões culturais do “super ego”, por exemplo).

Numa alegoria "Batmaníaca", resultaria em algo mais ou menos assim:

'Adoro a minha namorada mas não consigo deixar de a trair'

Então, e quais são as emoções ou quais são os conteúdos do nosso lado “sombra”?

Bom, cada um tem os seus! Muitas vezes tem a ver com o nosso “lixo emocional”, que neste sentido é todas aquelas situações/emoções/perceções/histórias da nossa vida que de algum modo nós temos dificuldade de aceitar, por lhe estarem envolvidas emoções ou sentimentos mais difíceis ou perturbadores para nós.

Por exemplo, são situações em que existe medo ou vergonha, existe inveja ou tristeza, existe raiva ou angústia, entre muitas outras emoções ou sentimentos ditos “negativos” que – pelo menos para o comum dos mortais – acarretam uma sensação desagradável.

Então, e na tentativa de fugi destas emoções o que é que o ser humano faz?

Muitas vezes “bloqueia” estas emoções. E podemos mesmo “negá-las” em nós, o que nos leva a viver uma situação de autossabotagem (situações que de alguma forma nos fazem prejudicar a nós mesmos).

Na sua pergunta, caro leitor, não deixo de perceber algo “autossabotador” uma vez que diz que “adora a sua namorada” (lado luminoso ou “solar”) mas “não consegue deixar de a trair” (lado sombra ou “lunar”).

Imagine que a sua personalidade é uma casa, e que o leitor supostamente conhece-a por já ter percorrido todos os seus cómodos. Mas até que ponto se sente realmente cúmplice de todos os corredores entre os cómodos? E se descobrir que ao ficar em silêncio poderia notar sons vindos de cómodos desconhecidos? E se presumir que um corredor, longe de correr com a dor, parece que ainda a chama? E se descobrir um labirinto que impacta o que acontece nos cómodos do que diz conhecer plenamente?

É nestes “cómodos” ignorados que costumam morar todas as facetas menos admiráveis publicamente, aqueles porões de humanidade que queremos esquecer por, devido a algum motivo, nos envergonharem.

Recusamos "mergulhar" nesse porão, ter acesso a memórias terríveis ou sentimentos de desamparo, solidão ou inadequação.

Para evitar tudo isso repelimos a reflexão ou a intimidade genuína (aquela que estabelecemos em primeiro lugar connosco mesmos), afinal, ser “desmascarado” seria por demais doloroso. Mas mesmo assim passamos a vida com o receio sempre presente de que alguém nos flagre na nossa trapaça.

Geralmente, o resultado que vemos na superfície são escolhas que nos colocam em lugares complicados. Como assim?

Pensemos um pouco neste tema em específico. Vontade de “trair a pessoa amada” pode ser um impulso que surge e quando isso acontece ele pode não surgir necessariamente como algo “enorme” ou grande, sequer. Pode surgir em tamanhos pequenos, numa proporção muito subtil até.

Se formos pessoas atentas a nós mesmas seguramente percebemos certos impulsos da nossa personalidade que o nosso inconsciente faz vir à tona de alguma maneira. Às vezes, através de um sonho, às vezes através de algo ou alguém que nos chama a atenção, algum desejo particular, e não estou só a referir-me aqui à questão da “traição”.

Mas em relação ao que me diz, quando esse impulso surge, inicialmente de formas mais subtis, muitas vezes nós nem percebemos e o que é que acontece? Se nós não nos damos conta (logo, não lidamos), não o trabalhamos, ele pode aumentar, e pode manifestar-se de novo e várias vezes, crescendo cada vez mais. E porque é que isso acontece??

Porque esse impulso precisa ser lidado. De alguma forma, precisa que nós lhe demos uma condução, que façamos algo com ele. Ele demonstra-nos acima de tudo o quê?

Uma necessidade psicológica que não está a ser atendida. E a nossa mente é tão incrível (ou tão truculenta) que se nós não dermos atenção a uma qualquer necessidade psicológica ou emocional, ela vai “simplesmente” impor-se em algum momento.

Não conheço o contexto mais aprofundado da vida do leitor ou sequer as reais necessidades implícitas no que o leva a agir como refere, mas imaginemos (é uma hipótese apenas, ok?) que o leitor tenha muita necessidade de se sentir como alguém capaz de conquistar uma mulher e que isso possa ser eventualmente uma necessidade constante mas que isso não tenha nada a ver com o seu amor pela sua namorada (embora muitas namoradas possam ver isso como um absurdo, pois “se ele gosta de mim, porque deseja outras pessoas e me trai?”).

Bom, pensando apenas em meras possibilidades, e na tentativa de entendermos o que acontece nestas situações, de facto, o seu amor pela sua namorada poderá não estar em causa e o seu comportamento pode estar a ser mais motivado por imperativos (inconscientes) da psique no leitor, ou seja, do seu modo de “funcionar” e da sua própria história de vida.

A sua vontade de trair a sua namorada poderá não estar, então, relacionada com o amor que o leitor diz sentir por ela, mas sim poderá mais ter que ver com uma necessidade sua que precisaria ser vista, isto é, identificada e (re)conhecida. Tornar consciente essa sua necessidade psicológica ou emocional e buscar direccioná-la para a busca de uma solução melhor do que essa que o leitor encontrou (pois essa “solução” que está a dar, coloca a sua vida afetiva e o relacionamento com a sua namorada em risco, e é por isso que o leitor me faz essa pergunta, pois de certo modo está a fazer um pedido de ajuda).

Talvez o que exista aqui é aquilo a que nós chamamos de “efeito bola de praia”.

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Pense na quantidade de energia que o leitor precisa para manter uma bola de praia inflada dentro da água por um determinado período de tempo. No momento em que você relaxa ou se distrai da tarefa de mantê-la submersa, a bola irá pular e respingar água no seu rosto. Assim, o “efeito bola de praia” está em funcionamento quando o leitor suprimiu alguma coisa de maneira profunda na sua psique (ah, já agora, mente e psique não são a mesma coisa; a psique é a estrutura da mente, ou seja, o seu recipiente, sendo que a mente é o seu conteúdo, tipo como água (mente) para um jarro (psique), por exemplo) e a armazenou nos recônditos do seu inconsciente.

As questões não resolvidas lá no nosso inconsciente são mais ou menos como o efeito desta bola de praia. Por exemplo, se “eu” tenho uma inveja ou uma vaidade imensa, se “eu” tenho medo ou se “eu” tenho vergonha, se “eu” tenho uma necessidade muito grande de me sentir admirado ou de me sentir “por cima” nos relacionamentos ou “acima da lei” na sociedade, se “eu” tenho uma grande necessidade de poder e domínio sobre o(a) outro(a), se “eu” tenho baixa tolerância à frustração ou a algum sentimento de rejeição, ou seja lá o que for, tudo isto fará com que “eu” tente reprimir essa emoção. Mas ao fazê-lo, chega uma altura em que “eu” não dou conta. Não, não vale a pena acreditar que essa repressão se conseguirá fazer até ao resto da vida e está tudo certo. Aquilo vai manifestar-se de alguma maneira e muitas vezes isso acontece também sob a forma de doenças através de sintomas psicossomáticos (as chamadas somatizações).

Neste vídeo que fiz, e que poderá em baixo, ficará a saber mais sobre o que é que os seus sintomas estão a tentar (desesperadamente) dizer-lhe e quais serão os caminhos para você conseguir curar-se de forma mais rápida e (realmente) eficaz.

Há atos espalhafatosos de autossabotagem que podemos experienciar que nos permitem entender os efeitos demolidores da negação e da supressão do nosso “lixo emocional” não processado.

Não faz, por isso, lá muito sentido nós ficarmos a reprimir as nossas emoções. Quando elas surgem – especialmente “essas”, as chamadas emoções “negativas”(porém, elas não são necessariamente “negativas”, elas são parte da nossa humanidade e têm um sentido na historia de vida de cada pessoa; o que pode ser mais ou menos positivo é a forma como lidamos com elas) quando surgem estão simplesmente a dizer-nos:

“Existe algo aí que tu precisas prestar atenção e cuidar, oh Zé!”.

Esta mensagem ou este sinal, como disse antes, costuma vir ainda antes da ação, do comportamento. E se um “Zé” ou se uma “Maria” sabem cuidar bem desses sinais enquanto eles não se transformam num comportamento disfuncional, o que acontece é que normalmente ele é canalizado para uma solução “boa” ou, pelo menos, que não coloque a pessoa em conflito psicológico consigo mesma e/ou com os outros, o que poderá ser problemático na medida em que a partir disso poderão derivar comportamentos destrutivos na relação com a sua namorada, emocionalmente devastadores para ela e mesmo para si.

Infelizmente estão aí os “media” para nos contar quantas histórias tristes acontecem por conta de situações como esta que o leitor relata.

Porém, na verdade a consequência dessa “bola de praia” que uma pessoa pressiona e que fica lá em baixo, nas águas do inconsciente (e que nós não queremos que ela suba nem por sombras, literalmente!) – fazendo-nos negar a situação ou fugir do problema – é o medo. Assim, talvez o leitor viva não somente com o desconforto em relação à sua questão, como com um medo acrescido que isso venha à tona e cause ainda mais danos ao seu relacionamento ou à sua vida.

Se não consegue identificar os sinais mais subtis desses impulsos “sombra”, isto é, desses movimentos do seu inconsciente que vai gerando desconfortos ou problemas, peça ajuda profissional.

Às vezes, o nosso pânico em relação à rotina, contrariamente ao que a maioria das pessoas pensa não surge do medo do tédio ou da “mesmice”. O verdadeiro medo é o de ter que aprofundar a relação com os outros e consigo mesmo.

A rotina sexual costuma ser uma desculpa para quem não quer descobrir-se e desvendar a imensidão do relacionamento e do sexo. De modo geral, somos preguiçosos e não queremos colocar-nos de formas diferentes para variar os nossos movimentos internos. Esperamos que um novo objeto de consumo nos faça olhar a vida de uma maneira diferente. Pobreza de perspetiva poderá ser o nome certo para isto.

Tal acontece quando buscamos a realização dos nossos desejos como expressão de um mal-estar interno e, na cama, como noutras esferas da vida, seguimos como crianças incapazes de se restringir por pura inconsciência do que desejamos de facto.

A compulsividade por sexo, bebida, compras, comer doces, comer salgados, envenenar a internet com ódio, falar sem pensar, saltar de pára-quedas, ou qualquer outra coisa do género, em muitos casos, pode ser simplesmente resultado de uma vida pouco gratificante que se anestesia em qualquer tipo de satisfação imediata. A compulsão está sempre na incapacidade efetiva para a negociação interna consigo mesmo. Nestes casos, um sujeito pode até querer não querer, mas na verdade não está habilitado para se conter a si mesmo. Noutras palavras, precisa de treino emocional.

Por isso, tendem a buscar a realização “obrigatória”, compulsória das suas vontades quase como se fossem domesticados pelos seus desejos e não o contrário. Acreditam que isso é uma escolha mas, na verdade, já não sentem liberdade diante de si mesmos.

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A questão é que talvez o leitor se tenha disposto a namorar alguém que consegue adiar os seus desejos e escolheu ter pleno controlo sobre como direccioná-los. Acordos são acordos, num certo sentido, poderá haver sempre uma privação mútua, um preço a ser pago e uma dose de angústia/frustração própria da convivência humana. Há quem queira pagar o preço disso e há quem não queira.

A felicidade ou a liberdade não parece ter tanto a ver com conquistar tudo e realizar todos os seus desejos, mas sim com conseguir escolher, entre aqueles que estão disponíveis, quais os que fazem mais sentido para cada um, quais os que têm mais profundidade ou são plenos/duradouros na sua noção de bem-estar geral.

Não somos aquilo que temos ou deixamos de ter. Somos, isso sim, a nossa relação com aquilo que temos. E só com a consciência disto mesmo poderemos usufruir, em saúde e em vida, das maravilhosas coisas que o mundo tem para nos dar e para nós as conquistarmos. Porém, nunca ao preço da ilusão que o nosso Ser está no nosso Ter (possuir algo ou alguéns). No vídeo e baixo, explico isto um pouco melhor e dou-lhe a conhecer aquilo que, garantida e comprovadamente, é capaz de trazer felicidade à vida de uma pessoa (em todas as áreas).

Talvez exista, caro leitor, um problema de desajuste de motivações. Você não é obrigado a relacionar-se com uma mulher só e ela não é obrigada a relacionar-se com um homem que deseja isso.

No entanto, quem trai, trai-se de certo modo. Quem trai trai-se porque muitas vezes não consegue notar que os seus pensamentos e desejos começaram a caminhar noutra direção. Tem dificuldade de assumir posturas na vida e direcionar as suas ações sem garantias. Prefere sustentar o medo “totó” de que não quer magoar ninguém, mas no final acaba sempre por magoar.

A traição é o sinal de uma relação que não sobreviveu à imaturidade das duas partes. Frequentemente, é fruto de uma relação onde não havia coragem ou abertura para assumir problemas e dificuldades próprias do convívio de casal. A pessoa que trai não tem coragem de assumir a falência do desejo e a pessoa traída não estava suficientemente conectada para identificar a decadência da relação.

Na verdade, a verdadeira intimidade também envolve riscos.

Tipicamente, trapacear envolve duplicidade e começa com enganos e mentiras. Há risco envolvido, com certeza, mas talvez arriscar a honestidade no seu relacionamento possa oferecer um papel mais seguro e gratificante para assumir riscos emocionais.

Os relacionamentos amorosos, íntimos, podem gerar esse tão proclamado medo: ao abrir-se para outro, você corre o risco de fazer com que a outra pessoa veja qualidades e vulnerabilidades que talvez tenha passado a vida inteira sem consciência de e/ou (inconscientemente) a tentar esconder.

Suster a intimidade é muito mais do que inventar novos truques ou cartas na manga, uma vez que o real aprofundamento de uma relação (principalmente amorosa) necessita passar pela caldeira dos nossos medos e “demónios”. Sem isso, agiremos com uma dose de artificialidade tentando suportar o peso de uma rotina afável na superfície, mas internamente fria e secreta.

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Algumas das questões que aqui poderíamos colocar em pauta seriam “será que poderíamos ser amados pelas nossas vulnerabilidades?”, “Seríamos desejados mesmo com as nossas incompetências? “ Será que nós mesmos aceitaríamos que não fossemos invencíveis?”

Uma coisa é certa. Todas estas respostas seriam mais fáceis de responder se estivéssemos familiarizados com o conteúdo do porão. Mas poucos se arriscam a conviver com ele…

Feliz ou infelizmente, o risco é uma componente obrigatória da maioria das atividades que nos fazem crescer e ir além dos limites (internos) existentes. E pisar estes limites pode borrar de medo qualquer um, pelo que conseguir transpô-los é que é “d’homem”! :)

O facto é que sem avançar para o desconhecido (dentro de nós), estamos confinados ao que é, não ao que gostávamos que fosse ou ao que poderia ser.

Até para a semana!

As coisas MAGGníficas da vida!

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