Duas semanas depois das eleições, e de se saberem que partidos ganharam ou perderam deputados na Assembleia da República, chegou o dia em que os deputados dos partidos eleitos chegaram ao Parlamento. Esta sexta-feira, 25 de outubro, Joacine Katar Moreira, deputada eleita pelo Livre, apresentou-se na Assembleia da República, edifício onde irá discursar ao longo dos próximos quatro anos.

Ao seu lado ia o assessor Rafael Esteves Martins, 31 anos, que escolheu uma saia para se apresentar no primeiro dia. Aos jornalistas presentes recusou comentar a escolha da peça, mas esta terça-feira, 29 de outubro, esteve à conversa com Manuel Luís Goucha sobre o tema.

No programa "Você na TV!", o assessor de Joacine Katar Moreira explicou que não estava à espera desta repercussão. "Eu estou fora de Portugal há três anos, estou em Londres, e lá é normalíssimo homens de saia", começou por dizer. "Se há uma coisa que prezo é a minha liberdade".

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"Eu sou livre de escolher se ando de saias, se sem cuecas. Se eu pudesse ir nu, se calhar ia nu", continuou. "Não foi com uma intenção, aliás, isto até foi tema de conversa com a Joacine. Quando me foi feito o convite eu disse-lhe ' eu adoro fatos, mas não vou usar fato todos os dias. Há dias em que que vou usar fatos e há dias em que não vou usar fatos'".

Rafael Esteves Martins é professor na Universidade de Oxford, em Inglaterra, e, por curiosidade, Manuel Luís Goucha perguntou-lhe se costumava dar aulas de saias. "Sim, costumo. Eu dou aulas de saia. Dou aulas em Oxford, numa instituição que é muito mais antiga do que a Assembleia da República", referiu.

O apresentador questionou o convidado sobre o facto de a fotografia em que aparece de saia ter "anulado o efeito Joacine Katar Moreira a entrar no Parlamento". O assessor explicou que essa situação foi tema de conversa com a deputada. "Eu tive essa conversa com a Joacine, disse-lhe: 'Entre outras coisas, eu uso saia'. E perguntei se havia algum problema e ela disse-me logo que não. 'Sem problema. E se quiseres usar saia no primeiro dia, usas no primeiro dia'", relembrou.

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"'Bom, então vou fazer sombra' e ela disse-me 'não fazes sombra nenhuma, não há aqui problema nenhum. Tu és livre de fazer o que bem entenderes'", continuou.

"Foi um ato político?", perguntou Manuel Luís Goucha. "Eu acho que toda a roupa é política. A roupa sempre produziu um discurso, mas não é um discurso falado", respondeu Rafael Esteves Martins. "Num País conservador como Portugal, na Assembleia da República, sem qualquer poder, volto a dizer, eu sou um mero assessor. eu usar uma saia gerou um efeito de estranhamento porque não é uma coisa normal", continuou.

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Manuel Luís Goucha quis saber se, caso Rafael fosse eleito deputado, usaria saias na Assembleia da República. "Depende", respondeu o assessor. "Dependeria da campanha que eu fizesse e dos meus eleitores, porque aí sim eu já teria de responder em quem em mim vota. Coisa que não acontece com a Joacine".

Rafael Esteves Martins criticou ainda o facto de um homem de saia ser notícia mas as mentiras dos deputados nem por isso. "O que me choca verdadeiramente é, por exemplo, termos uma deputada eleita por Braga que mentiu acerca dos seus graus académicos, que mentiu acerca dos seus dados biográficos, por razões de natureza política, na sua juventude partidária", continuou."Ela está eleita no Parlamento, ela representa os portugueses e sobre isso ninguém fala".