Quase metade das mulheres diagnosticadas com cancro da mama tendem a desenvolver problemas sexuais após os tratamentos relacionados com a doença. É esta a conclusão de um estudo realizado pela Breast Cancer Now, uma associação de sensibilização para a doença, e a YouGov que, juntas, inquiriram mais de mil pessoas que, nos últimos dez anos, lutaram contra o cancro nos últimos dez anos.

Os resultados, citados pelo jornal britânico "The Independent", mostram que 46% das mulheres que aceitaram fazer parte da investigação, queixaram-se de secura vaginal, dor durante o sexo e a perda de libido após os tratamentos para o cancro.

Além disso, a investigação concluiu ainda que um grande número de mulheres, 34% especificamente, não pediu aconselhamento médico ainda que soubesse que a procura de ajuda era necessária

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"Mais de metade destas mulheres (54%) disse que a razão para não ter procurado ajuda teve que ver com a vergonha, enquanto 45% disseram estar preocupadas em fazer os seus médicos perderem tempo", lê-se na mesma publicação.

Mas os dados obtidos vão para lá disto: 48% das mulheres admitiram que sempre acharam que o problema era trivial e que, por isso, não merecia atenção e outras 40% escreveram que não sabiam a quem recorrer.

Ao "The Independent", a enfermeira especializada Rachel Rawson, que pertence à Breast Cancer Now, diz que os tratamentos para o cancro da mama podem ter efeitos não desejados na vida sexual destas mulheres. "Os tratamentos com hormonas ou através da quimioterapia pode ter efeitos secundários que afetem a vida sexual e íntima das mulheres. Alguns desses efeitos incluem a dificuldade em chegar ao orgasmo, secura vaginal, irritação ou até mesmo dor", explica.

E continua, reforçando a ideia de que o cancro da mama afeta várias mulheres de maneiras muito diferentes. "Pode demorar algum tempo até que uma mulher seja capaz de voltar a lidar emocionalmente ou sexualmente com um parceiro. Mas há outras que conseguem e querem voltar à intimidade ou a retomar uma vida sexual o quanto antes."

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Ao mesmo jornal, Delyth Morgan, responsável pela organização Breast Cancer Now diz que é importante reforçar o grau dos problemas que estas mulheres possam vir a sofrer após a conclusão dos tratamentos.

"Estas dificuldades, algumas realcionadas com a intimidade e a vida sexual, muitas vezes não são abordadas e há quem não saiba a quem pedir ajuda sem sentir vergonha", conclui.