Ligar a televisão e ver os canais portugueses durante o dia, principalmente de manhã, significa ver uns quantos anúncios a aparelhos auditivos. Vendem-se de todos os formatos, cores e preços, mas, aparentemente, nem todos são adequados a quem os compra.

As queixas dos consumidores feitas à Deco têm vindo a aumentar, principalmente pelo facto de não se conseguirem adaptar aos aparelhos e posteriormente não conseguirem fazer a devolução dos mesmos.

As dificuldades na adaptação surgem pelo facto de terem comprado os aparelhos à distância, sem realizarem os exames necessários, conforme explicou Ingride Pereira, do gabinete de apoio ao consumidor da Deco, de acordo com "Correio da Manhã", que cita a Agência Lusa. Outras queixas estão relacionadas com os contratos de crédito, o que faz com que não se consiga proceder a uma devolução.

O jornal diário partilha algumas das situações mais complicadas, como é o caso de um homem que realizou uma consulta em casa feita pelos técnicos da marca em questão, que lhe disseram várias vezes que ele poderia devolver o aparelho, se necessário. Depois de uma semana, não se adaptou. "Provocavam-me dores de cabeça, tonturas, emitiam um grande ruído, não conseguia estar com eles mais do que cinco minutos", lê-se na reclamação. Quando tentou devolver, enviaram um novo técnico para ajustar o aparelho. Isto aconteceu cinco vezes e nunca foi feita a devolução.

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Outro caso que chegou à Deco foi o de um outro homem de 84 anos, que recebeu uma comercial de uma marca em casa e que esta lhe deixou alguns aparelhos auditivos em casa. "Não assinei nenhum contrato. Agora deparo-me com uma fatura de 3500€."

De acordo com Ingride Pereira, muitos consumidores só se apercebem da gravidade da situação no momento em que apresentam toda a documentação à Deco. "Os consumidores devem ter algum cuidado" quando fazem a compra de um aparelho auditivo à distância visto se tratar de um problema de saúde, alerta. A jurista da Deco explica também que no caso de o consumidor querer experimentar o produto, tem um prazo de 14 dias para tomar uma decisão.

Mas a Deco não é a única a alertar para os riscos desta compra. De acordo com o "Correio da Manhã", que cita a Agência Lusa, também a Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cabeça e Pescoço considera arriscada a compra destes aparelhos, sem que sejam feitos os exames necessários, num local especializado.

Mesmo quando os exames são feitos de forma correta, os riscos existem, conforme explica Pedro Escada, da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cabeça e Pescoço. Os exames são feitos numa cabine sem ruídos e sem interferências, o que faz com que o doente fique satisfeito com os aparelhos, no entanto, o dia a dia não é assim e estes acabam por se tornar "muito intensos e incomodativos".

Para Pedro Escada, o principal problema está nas lojas de próteses. "O mercado das próteses auditivas é pouco regulado. Portugal é o paraíso para as casas de próteses auditivas. Qualquer pessoa pode ter uma", explica. "As casas de próteses dependem em grande parte da referenciação dos médicos, pelo menos, as melhores. Depois há aquelas casas de próteses que andam a pôr papéis nos correios, telefonam às pessoas, que estão nas farmácias de tudo o que é terra de província e onde fazem exames sem uma cabine" e para quem "o médico não interessa nada".

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Prova disso, foi um doente que tinha comprado um aparelho auditivo e quando posteriormente foi observado, tinha "uma rolha de cera" e que depois de esta ter sido retirada, deixou de precisar do aparelho.

Segundo a Deco, é preciso ainda saber distinguir os produtos que são vendidos, visto que os aparelhos auditivos são diferentes dos amplificadores de som. Enquanto que os primeiros são personalizados de acordo com a perda auditiva do consumidor, os segundos simplesmente ampliam o som na sua totalidade.

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