Estava ansiosa para partilhar convosco as minhas férias na Sardenha. Digamos que foram uma verdadeira aventura... tudo menos o que tinha planeado. Agarrem-se bem porque vem aí muito vento, chuva e animais selvagens.

Nos meus últimos artigos de viagens, tenho-vos dado essencialmente dicas. Neste caso, penso que esta viagem inesperada merece ser contada tim por tim tim. Aconteceu mesmo muita coisa.

Ora vamos lá.

1.º Dia

Para muita gente, a segunda-feira significa o início de uma semana de trabalho, mas para mim foi o primeiro dia das férias que planeava há meses. Parti de Lisboa em direção a Madrid, onde fiz escala para Sardenha. Cheguei ao aeroporto de Olbia, por volta das 14 horas, e estava um tempo espetacular. Tudo estava a bater certo, até ir levantar o carro que tinha reservado e pago online. Pensei que seria a forma mais fácil e rápida de conseguir um carro para visitar a ilha.

A questão é que pensei eu e mais uma dezena de turistas, portanto esperei três horas até chegar a minha vez de agarrar a chave e ir finalmente para o hotel. Era bom, não era? Pois, mas não foi nada assim. Depois de quase três horas de espera, tendo pago tudo e com todos os documentos necessários, a senhora que me atendeu achou que ainda não estava na hora de me ir embora e colocou uma quantidade de objeções que passado mais uma dúzia de minutos consegui resolver. Uffff... será que já podem começar as férias?

Estava ansiosa para chegar ao hotel que tinha reservado, o La Coluccia. Tinha as expectativas altas pelo que tinha visto nas fotografias e quando lá cheguei... era mesmo espetacular. Finalmente, algo estava a correr tal e qual como tinha planeado. E como o que queria mesmo era aproveitar o calor (sim eram 19 horas e ainda estava imenso calor) e estar de molho, foi isso que fiz... primeiro mergulho no mar da praia semi-privada do hotel, check!

Claro que acabei por atrasar também o jantar e por isso fiquei pelo restaurante do hotel, que tem esplanada por cima da praia. No fim da refeição, depois de um dia que tinha saído meio furado, só queria mesmo ir descansar. E ia, se não fosse haver javalis no jardim que tinha de atravessar para ir para o quarto. Os responsáveis do hotel começaram a dizer-nos, com um ar apreensivo, que aqueles animas eram perigosos e que podiam atacar. Portanto, tivemos que fazer tempo e só depois é que fizeram questão de nos acompanhar até ao quarto.

Agora sim, dormir.

2.º Dia

Abri os olhos e estava mesmo com aquela energia de que iria percorrer o mundo, até começar a ouvir com atenção. Não, não podia ser chuva. Mas era.

Passei a manhã a explorar o hotel, a ver se a chuva ia embora. Nada. No início da tarde, decidi que não havia de ser mais teimosa do que eu e que iria aproveitar para seguir finalmente o meu roteiro, com ou sem ela.

Demorei cerca de 50 minutos a chegar a uma das mais belas praias desta ilha, Spaggia del Principe. Era realmente muito bonita, mas só fiquei lá uma hora porque estava com aquele humor de quem planeia uma refeição para a família e deixa queimar tudo, e o mau tempo não estava a ajudar.

Segui para Porto Cervo, um dos locais mais amados de Sardenha pelos turistas. Era realmente incrível. Duas marinas, a praia ladeada de rochas lapidadas pelo mar e um ambiente de autêntica luxúria. É sabido que todo o local que atrai turistas tem preços mais altos, mas aqui eram exageradamente altos. Tentei procurar um que fosse mais acessível, mas cansei-me e acabei por ficar num que parecia mais baratinho. Pior foi quando vi a conta — 25€ por um sumo de frutas da época. Sim, leram bem. Era bom? Era. Mas 25€? Ficou para a história!

Fui a digerir este dinheirão para o próximo destino do roteiro, Spiaggia Rena Bianca. Agora que o dia estava a acabar e era o tudo ou nada, lá foi um mergulho. Apesar do dia estranho e do sol não nos ter brindado, estava imenso calor. Soube-me pela vida aquele mergulho.

Já eram horas de jantar, mas antes ainda fui tomar um banhinho. Não estava desmotivada com os contratempos, pelo contrário estava a sentir que o terceiro dia ia ser em cheio e estava com tantos planos.

De roupa fresca vestida fui jantar ao restaurante “Azzurra”, em Santa Teresa di Gallura. Hm, aquela pizza sabia mesmo a Itália.

3.º Dia

Não havia chuva, não havia vento, mas o sol também não estava com muita vontade de brilhar. Como já estava farta do mood dos dias anteriores, estava na hora de fazer as férias valerem a pena.

A 141 quilómetros de distância, também no norte, estava La Pelosa. Confesso que devido à distância não estava com muita vontade de ir, mas quando vi aquele mar azul turquesa e a areia branca, fiquei de boca aberta. Nunca estive nas Maldivas, mas pelas fotos deve ser mais ou menos isto. Estava imensa gente e, por isso, andei mais um bocadinho e fiquei numa zona de rochas, sem ninguém.

Fiquei tão maravilhada que só voltei ao hotel para tomar banho e ir jantar. Desta vez, optei por uma pasta no restaurante Chameleon Clubbing que tem uma vista incrível para a praia. Não era barato, mas não eram aqueles preços doidos (cerca de 25€ por pessoa).

4.ª Dia

Quando fui a Menorca, aluguei um barco e tive uma das melhores experiências da minha vida e por isso queria repetir — desta vez para ir até La Maddalena. Tinha ouvido falar tanto deste sítio que, com chuva ou com sol, tinha mesmo de ir. E finalmente estava um dia de sol e de calor. Tudo para ser um dia em grande.

Infelizmente, cheguei tarde a Palau e já não havia nenhum barco disponível para alugar.

Não baixei os braços e fui de ferry, com o carro, até la Maddalena. 

Foi realmente o dia que marcou as minhas férias e por isso conto-vos um pouco sobre este arquipélago de Maddalena, na Costa Esmeralda. É formado pelas ilhas Caprera, Santo Stefano, Santa Maria, Razzoli, Spargi e La Maddalena. A última é a que tem mais vida e comércio e por isso decidi-me ficar por aqui. Tive pena de não ter alugado estadia nesta ilha porque havia muito para ver.

Tinham-me falado de duas praias: Spiaggia di Cala Corsara e Spiaggia do Cala Coticcio. Eram ambas muito difíceis de chegar de carro, só mesmo de barco. Por isso, quando cheguei à Corsara acabei por arriscar. Parei o carro, andei a pé, subi e desci rochas e finalmente... o paraíso. Era linda de morrer. Fiquei novamente nas rochas, uma vez que só havia um cantinho de areia que já estava ocupado por um casal.

Um dia maravilhoso, que terminou em Porto Cervo para jantar e conhecer aquele cantinho de glamour à noite (visto que só lá tínhamos ido de dia). Este dia tinha corrido surpreendentemente bem face aos restantes e por isso estava muito entusiasmada com o último dia que tinha realmente para aproveitar as férias.

5.º Dia

Já tinha ficado sem barco no dia anterior, portanto reservei logo para o último dia de forma a estar segura de que iria acontecer. Obviamente que umas férias tão atribuladas não podiam acabar sem uma última aventura. O mar estava “muy duro” ou, em português, "estava picado" e, por isso, não me deixaram alugar o barco. Na tentativa de conseguir ir numa excursão de grupo, fui para Palau (onde se apanham os ferrys).

Já tinham todos partido, não fui a tempo. Resultado, depois de tanto procurar e de tanto desespero, consegui que um skipper que me levasse. O Luís, com 14 anos de experiência de marinha, só podia correr bem.

Da próxima vez, sigo o conselho dos senhores e fico em terra. Foi horrível, o barco virava para todos os lados, a água já estava mais no barco do que no mar e não conseguimos chegar a muitos locais que queria. Vi a paradisíaca Spiaggia Rosa, a La Corsara e finalmente conseguimos atracar em Porto Della Madonna. Costuma dizer-se que depois da tempestade vem a bonança, e a verdade é que nunca tinha visto uma cor de água assim. Era inacreditável. Claro que me vinguei e mergulhei como se não houvesse amanhã.

6.º Dia

Último dia, com tristeza disso mesmo. Despedida de um destino que apesar de tudo me tinha sabido a pouco. Tive azar com o tempo e contratempos, e de regresso a Lisboa estava a precisar realmente de férias.

Afinal, nem sempre corre tudo bem e como planeamos, não é? Só por causa disso já escolhi o próximo destino: Porto Santo, uma ilha pequena no arquipélago da Madeira, com poucas pessoas, e onde a margem de erro é quase nula. Vamos a isso!

Viagem à Sardenha. O roteiro inesperado onde (quase) nada correu como previsto

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