Aos 24 anos, as preocupações de uma mulher devem passar pelas primeiras experiências profissionais, programas com amigos e com namorado, caso haja, e pouco mais. Mas, com essa idade, Kelly McLay teve outras preocupações que não correspondem à idade.

Depois de ganhar mais de 20 quilos, de ter suores noturnos, de sentir diferenças constantes de humor e de estado de espírito, e de ter que fazer uma série de exames, incluindo mamografias, o diagnóstico chegou: Kelly McLay tinha acabado de entrar na menopausa.

Com apenas 10 anos, McLay foi diagnosticada com hipotiroidismo, o que afeta o metabolismo e as hormonas, mas neste caso afetou também os ovários, tendo ouvido dos médicos que estes pareciam "passas murchas". Algo que acontece a 1 em 250 mulheres com problemas na tiróide, na casa dos 30 anos, e a 1 em 100, na casa dos 40, segundo o que a sua endocrinologista lhe explicou na altura.

O diagnóstico de menopausa precoce fez com que Kelly McLay percebesse que provavelmente não conseguiria ser mãe. Para não entrar numa espiral de sofrimento, decidiu que tinha que ter um objetivo de vida e começou a treinar para correr a sua primeira maratona. "Era a distração de que eu precisava para recuperar da perda que eu sentia e uma forma de eu continuar a pôr um pé à frente do outro", explica no livro "Tales from the Trails: Runners’ Stories that Inspire and Transform".

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A partir daí, Kelly McLay começou a correr várias outras maratonas e a sentir-se mais à vontade com a sua condição. Tão à vontade que a partilhou com várias pessoas, inclusive John, que conheceu num casamento e com quem é hoje casada. "Provavelmente quebrei todas as regras do primeiro encontro, mas eu tinha que ser frontal sobre a minha luta e sobre o que significava para alguém que ia começar uma relação e queria ter filhos. O meu futuro companheiro teria que aceitar um dador de óvulos, adoção ou simplesmente vivermos os dois felizes para sempre."

Ao terceiro encontro, decidiram viver juntos e pouco tempo depois optaram pela fertilização in vitro com um dador de óvulos. Mas neste processo, o seu estilo de vida enquanto maratonista preocupava a equipa médica. "As enfermeiras diziam que a minha infertilidade resultava do meu estilo de vida ativo, mas era tudo menos verdade. Correr deu-me vida." A primeira tentativa foi bem sucedida e Kelly McLay engravidou. Às 27 semanas de gravidez, fez a sua 49.ª maratona. Em 2016 foi mãe.

Quando a filha completou 11 meses de vida, a maratonista dedicou-se a outro objetivo: correr uma maratona em cada continente. E assim se tornou numa das 41 mulheres no mundo que correu sete maratonas, em sete continentes, em sete dias.

Kelly McLay foi mãe de uma menina aos 37 anos