Kevin Hart, humorista e ator, está com "ferimentos graves na coluna" depois de um acidente de carro que teve lugar na madrugada deste sábado, 31 de agosto, na Mulholland Highway, na Califórnia. A informação do estado de saúde do americano de 40 anos foi avançada por fontes policiais, citadas pelo canal CBS.

O protagonista do filme "Jumanji: O Nível Seguinte" — em fase de pós-produção e com estreia prevista para dezembro — era um dos três passageiros que ia no carro Plymouth Marruca 1970, que terá capotado, saído da estrada e caído de uma altura de três metros. O teto do veículo ficou destruído e várias marcas de pneus na estrada dão conta do acidente.

Kevin Hart, escreve o site de notícias "TMZ", terá saído do carro sozinho, tendo sido levado por uma das pessoas da sua equipa de segurança para casa. Só depois é que deu entrada no hospital.

Com o ator seguiam Jared Black, o homem que conduzia o carro e que também terá ferimentos graves nas costas. Já Rebecca Broxterman, a terceira passageira, não terá sofrido ferimentos.

Este será mais um dos episódios complicados na vida do ator. A sua infância não foi fácil: cresceu num bairro problemático da Filadélfia, no estado americano da Pensilvânia, teve de gerir o grave problema de abuso de substâncias do pai e ainda a morte inesperada da mãe. Mais recentemente, Kevin Hart esteve no centro de uma polémica em torno de comentários homofóbicos que terá feito num espetáculo de stand-up de 2010, os mesmos que lhe tiraram o lugar de apresentador da 91.ª edição da cerimónia dos Óscares, em 2019.

Ao todo, reunimos 8 factos e polémicas, desde a infância até ao presente.

1. Os problemas de adição do pai

O abuso de substâncias do pai terá sido um dos mais complicados e prolongados capítulos da vida do ator e, posteriormente, um dos temas que viria a abordar nos seus espetáculos de stand up, em que o humorista várias vezes narra sobre como foi crescer numa família disfuncional.

Por mais graça que possa ter, não deixa de ser verdade. A descrição do ator no programa de Howard Stern resume bem o cenário em que teve de viver: “Heroína, coca, crack. Escolhe um. Ele consumiu”, disse, referindo-se a Henry Robert Witherspoon, o pai. “Mais nada importava [para ele].”

Mas Kevin Hart é especialista em ver o lado positivo das coisas. Na entrevista com Stern, acrescentou: “Se o meu pai não tivesse estado por perto e não tivesse recorrido às drogas, eu poderia estar a lidar com o meu sucesso de forma diferente. Podia estar eu a usar drogas, à procura de alguma coisa.”

Depois de uma grande luta, Kevin Hart e o irmão Robert, conseguiram convencer o pai a tratar-se, num processo de reabilitação. Aqui, o homem terá conhecido uma “mulher incrível”, que o terá ajudado a manter-se longe da sua dependência. “O meu pai está ótimo agora… Nunca perdemos contacto. É o meu pai. Não quero saber sobre os erros que ele cometeu.” Em 2016, Hart levou o pai a uma cerimónia da passadeira vermelha.

2. O roubo, o assalto e a violência

Foi em 2017 que Kevin Hart lançou o livro de memórias e autobiográfico “I Cant’t Make This Up: Life Lessons”, onde revelou vários pormenores — alguns bastante mais profundos — sobre a sua vida.

Aqui temos mais acesso aos problemas com que se foi confrontando na infância. Numa das passagens, citada pela “Variety”, Hart conta a história de quando o pai “invadiu a casa da mãe para roubar dinheiro”. Além disso, fala ainda de quando o mesmo roubou a barbearia do irmão. “Ver as coisas em retrospetiva, ver a realidade por detrás das drogas e do vício, e o que isso é capaz de fazer com uma pessoa, fez com que eu não usasse drogas”, disse à mesma revista.

Além de não guardar rancor nenhum pelo pai, bem pelo contrário, considera que tudo o que viu e viveu foi fundamental para se tornar na pessoa que é. Ao “Seatle Pi” fez alguns comentários que denotam isso: “Eu acredito em que tudo o que se diz contra o bullying, mas, enquanto criança, acho que é preciso assistir a um pouco de drama”, disse, falando ainda sobre a necessidade de, acredita, passarmos por problemas para criarmos “caráter”. De seguida, deu um exemplo da sua vida.

“Vi o meu pai a perder uma luta enquanto me tentava mostrar o que é que devia ser feito”, contou. “Ele entrou numa luta com um tipo, enquanto eu e o meu irmão estávamos no carro. Ele disse: ’Temos de nos criar o tempo todo. Vocês são homens.’”.

De seguida, Henry Robert Witherspoon terá saído do carro para enfrentar esta pessoa. “O tipo deu ao meu pai os dois socos mais difíceis que eu já vi na minha vida.”

Moral da história: “Então, a lição que aprendi desta situação foi: ‘Meu, sai do caminho se alguma coisa estiver a vir'”, brincou.

3. Da faculdade aos sapatos

Depois de terminar o liceu, o ator passou pela Temple University, mas apenas por um período breve. Não era o aluno mais dedicado e, além disso, queria ajudar a família: “Não conseguia ir à escola e contribuir para a família ao mesmo tempo, por isso arranjei um trabalho para ajudar a minha mãe", disse, citado pelo blogue "Mind of Marvin".

Foi contratado por um vendedor de sapatos numa loja de ténis. Apesar de gostar do seu trabalho, decidiu seguir o conselho dos amigos: começou a frequentar um clube de comédia amador, para, mais tarde, vir a ocupar a sua vida com esta profissão.

4. Cresceu numa zona problemática de Filadélfia

O contexto de crescimento de Kevin Hart está longe de ter sido o melhor. Além de ter crescido na zona mais complicada da cidade, o humorista teve de lidar com o problema do pai — que, além do abuso de substâncias, era preso várias vezes — e com uma mãe solteira.

Apesar de o pai estar presente sempre que possível, várias vezes não estava lúcido, o que levantava problemas graves de negligência. Uma vez, relatou o ator, o pai deixou-o na escola errada, o que teve como resultado um limite imposto pela mãe às visitas do homem. “Viemos de uma situação horrível”, disse Robert, irmão de Kevin, à “Variety”. “Viemos das piores condições de vida.”

Ainda que, como disse a Howard Stern, esteja muito grato à mãe por lhe ter dado a base de crescimento mais sólida possível, o humorista também agradece ao pai. “Eu sou um ótimo pai, porque não quero cometer os erros que o meu cometeu.”

Apesar de tudo, na mesma entrevista com Howard Stern, o humorista mostrou que isto é passado. A ideia foi várias vezes reforçada: “Eu escolho ser positivo em vez de negativo e, por isso, o relacionamento com o meu pai é incrível”, disse a Stephen Colbert, do “The Late Show”. “E o meu pai entende como é que me sinto e como é que encaro as coisas. Agora, o meu pai está a concentrar-se em ser o melhor avô que consegue.”

5. O humor foi sempre a sua melhor arma

Foi o humor que manteve Kevin Hart protegido, na altura em que este crescia num bairro problemático. “Ninguém quer lutar com o gajo engraçado”, disse ao programa do canal CBS “Sunday Morning”. “Toda a gente quer estar à volta do gajo engraçado. E era isso que eu era.”

Além do humor, há outra característica que sobressai em Kevin Hart: os seus 1,63 metros de altura, pretexto que esteve na origem de várias piadas dos filmes que tem integrado. Ele não se importa. “Qualquer coisa que as pessoas possam querer dizer, eu consigo desarmá-las ao conseguir dizê-lo eu próprio”, disse, sobre o assunto, no programa "Oprah Prime".

6. O cancro escondido da mãe

Apesar de nunca assistir aos seus espetáculos, por motivos religiosos, a mãe de Hart era a sua fã número um, tanto que aceitou arcar com as despesas familiares no ano em que o ator começou a investir na sua carreira. “Havia bebida, álcool e fumo. Ela não queria estar no meio desta trapalhada. Ela não gostava de estar em ambientes que não fossem propícios ao seu crescimento espiritual”, contou o ator à “Variety”.

Em 2007, Hart conseguiu um papel na sua primeira comédia romântica. Terá sido por esta altura em que a mãe foi diagnosticada com um cancro terminal, que escondeu para não afetar o sucesso profissional do filho. O diagnóstico manteve-se oculto até às suas últimas semanas de vida, época em que o filho terá descoberto a doença.

Após a sua morte, que aconteceu enquanto limpava a casa, Hart descobriu mais uma prova de que a mulher lhe dava o seu apoio incondicional. Como descreveu à mesma revista, o humorista encontrou “uma caixa cheia de recortes de jornais e revistas com as suas entrevistas”, assim como recortes sobre vídeos e aparições em televisões. “Qualquer coisa eu tivesse feito, ela tinha. Nunca lhe escapava nada.”

7. Admitiu que batia na ex-mulher

O livro de memórias “I Can’t Make This Up: Life Lessons” desvendou vários pormenores sobre a vida do ator, que esteve longe de cingir apenas aos acontecimentos bons.

Um deles está ligado à relação que teve com Torrei, mãe de dois dos seus filhos. Não só a relação era instável, com episódios de infidelidade, como era violenta. De acordo com a revista “People”, houve várias discussões entre o casal que escalavam para cenários de violência doméstica. De acordo com Kevin Hart, a polícia foi chamada algumas vezes. O ator admitiu também que chegou a passar uma noite detido após um destes episódios.

“Tijolo por tijolo, construi uma casa instável com a Torrei, condenada ao colapso”, escreveu no livro. “Mas a experiência permitiu-nos construir depois boas casas para os nossos filhos, para os nossos parceiros e para nós mesmos.”

A “Refinery 29” escreveu que, apesar de ser surpreendente a capacidade de o ator em assumir publicamente este aspeto negativo da sua vida, não conseguia deixar de questionar como é que estas confissões iriam impactar a sua carreira.

8. A polémica dos Óscares 2019

Kevin Hart não escapa às polémicas. A primeira — e menor — estará relacionada com o facto de nunca ter usado humor para falar sobre o atual do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mas ele sempre foi claro quanto à sua forma de encarar a política. Para o comediante, este é um assunto que quer manter longe dos seus espetáculos. “Quando entramos no campo político, estamos a afastar parte da nossa audiência”, disse à “Variety”.

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Foi por este motivo que o humorista ouviu comentários depreciativos em relação ao seu trabalho. Um deles foi da humorista Katy Griffin, que destacou o facto de o ator nunca se ter pronunciado sobre Donald Trump. “Mas acho que ele vai vender sempre mais bilhetes do que eu”, comentou a comediante, em declarações ao "US Today".

A polémica mais recente do ator está relacionada com um bit e tweets de teor homofóbico que terá feito há alguns anos, em 2010.

Apesar de já ser antigo, foi na sequência de ter comunicado que ia ser o apresentador dos Óscares de 2019 que um utilizador do Twitter relembrou estas piadas. Outro fez um comentário que também relembrava os episódios de violência que o humorista revelou no livro que escreveu. “Tendo em conta que os fãs dos Óscares são mulheres e homens gays, é impressionante como é que a academia foi capaz de contratar um gajo que bateu na ex-mulher, traiu a atual quando estava grávida do filho e ainda disse que um dos seus maiores medos era que o filho fosse gay.”

Como resultado, o humorista decidiu abdicar do convite para ser o apresentador da 91.ª cerimónia da Academia, alegando que não queria ser uma "distração". No rescaldo de tudo, escreveu no Twitter: “Sinto muito por ter magoado as pessoas”. Acrescentou: “Estou a evoluir e quero continuar a fazer isso. O meu objetivo é aproximar as pessoas e não separar.”

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