"Porque é que não és tu a tirar o teu cabelo, em vez do cancro?", foi o que sugeriu Mandy Parks, fotógrafa profissional, a Charlie Johnson, enfermeira em Gillham, nos Estados Unidos, diagnosticada com cancro da mama.

A mulher aceitou. Vestiu um vestido cor de rosa, colocou um colar de ouro com um pendente em forma de laço (símbolo da luta contra a doença), encaracolou o cabelo loiro e sentou-se em frente a um tocador com espelho (parte da herança de família), colocado no meio de um campo de futebol nos Estados Unidos. Em cima, estavam também duas luvas de boxe, outro sinal de batalha, com que aparece no final.

A comovente sessão fotográfica, em que é possível ver o processo do início ao fim, contou com a presença constante do marido Kelsey Johnson, de 33 anos, o responsável por cortar o cabelo à mulher, entre lágrimas e abraços. Tornou-se viral, a 20 de agosto, depois de Parks ter partilhado as imagens na sua página profissional de Facebook. Conta já com 50 mil comentários, mais de 300 mil reações e de 300 mil partilhas. 

O diagnóstico desta doença é sempre uma terrível surpresa, mas no caso de Charlie pode ter sido ainda pior. Há alguns meses, depois de ter descoberto um nódulo na mama, a enfermeira fez os exames necessários — uma mamografia e um check-up — e em abril os médicos garantiram que era benigno. Só que o nódulo começou a ficar dorido e Charlie decidiu retirá-lo.

“Duas semanas após a remoção, entrei na consulta de acompanhamento com o meu cirurgião. Foi quando ele me contou sobre os resultados", disse à revista "People". Aos 34 anos, Charlie Johnson descobriu que tinha cancro da mama.

A perda de cabelo é um dos momentos mais difíceis para quem sofre da doença, que se agrava no caso das mulheres que veem o seu aspeto mudar radicalmente. Com esta sessão fotográfica, Charlie quis, de alguma forma, dar uma injeção de coragem a quem também tem de passar por este processo.

"Se uma mulher está a lutar com as preocupações, a ansiedade, o receio de perder o cabelo e vê esta publicação, pode ter alguma esperança ou pode para pensar 'eu consigo fazer isto'. É exatamente isso que queremos", explica Johnson. Ainda assim, a enfermeira não esconde que, misturado com o entusiasmo, também vinha o medo — por ela, pelo marido e pelas crianças que, ressalva, têm conseguido lidar o melhor possível com a situação.

Apesar de ter sido uma ideia planeada há algum tempo, a sessão acabou por acontecer numa altura inesperada, porque o cabelo de Charlie caiu mais cedo do que era previsto, como resultado do primeiro tratamento de quimioterapia. Assim que ficou melhor, marcaram o dia para fotografar. "Não pensámos que fazer isto fosse tão violento".

Uma das fotografias mostra o marido a cortar, cuidadosamente, os caracóis loiros da mulher, gesto que simboliza o amor entre o casal. Mas não se vê outra particularidade, que Parks só revelou depois à revista americana: "Conversaram um com o outro o tempo todo, dizendo um ao outro que se amavam. Foi muito impressionante".

O momento em que Kelsey Johnson, marido de Charlie, começa a cortar-lhe o cabelo

Além das partilhas e dos gostos, surgiram na publicação de Facebook da fotógrafa várias mensagens de força: "Tivemos centenas de pessoas a enviar mensagens de apoio. A nossa esperança é que haja alguém lá fora que esteja a lidar com a mesma condição e com as mesmas emoções cruas e veja algo positivo nesta experiência", conta Parks.

"Momentos bonitos que mostram a dor, mas também a força..." e "É com isto que se parecem os super-heróis", são alguns dos comentários que se podem ler na publicação.

A enfermeira continua a trabalhar no turno da noite nas urgências, mas vai parar uma semana depois do segundo tratamento de quimioterapia marcado para sexta-feira, 30 de agosto.

Mostramos-lhe as fotografias que têm emocionado o mundo.