Reciclar pode parecer uma tarefa simples e que se resume a três ecopontos: o azul, o amarelo e o verde. O amarelo é aquele cujo material tem sido o mais polémico nos últimos tempos — o plástico — mas ainda que o foco esteja na sua redução (como forma de evitar que seja produzido em massa ou que acabe no mar), todos os outros resíduos que possam estar a poluir a atmosfera ou o solo devem ter a nossa atenção.

É essencial dar, sempre que possível, uma nova vida às matérias-primas que utilizamos e é por isso que ao longo dos anos surgiram outras variantes (de que provavelmente já ouviu falar) dos ecopontos de três cores. É o caso do pilhão, do depósito para cápsulas de café ou ainda para pequenos equipamentos elétricos.

Para esclarecer ao pormenor o que pode ou não colocar em cada tipo de ecoponto, a MAGG falou com a coordenadora do Centro de Informação de Resíduos, da Quercus.

Ser eco no ponto certo

Provavelmente já teve dúvidas quanto à forma como pode reciclar uma embalagem de iogurte liquido: "Será necessário lavar antes de colocar no ecoponto amarelo?". A coordenadora, Carmen Lima, aponta que esta é uma dúvida frequente entre os consumidores e explica que "não é necessário lavar. O processo de reciclagem do plástico já possui processo de lavagem."

Mas apesar de não ter de lavar, não pode simplesmente acabar de beber um iogurte liquido e deitar a garrafa diretamente na reciclagem. Isto porque no caso do rótulo envolvente ser de papel, tem de separá-lo do recipiente de plástico. "Se não separarmos o papel da garrafa ele entra como um contaminante e é separado no processo de reciclagem da garrafa de plástico. Aqui dificilmente consegue ser encaminhado para reciclagem."

Este processo acontece durante a triagem: "Uma instalação onde se realiza a aferição da seleção que nós já fazemos em casa. Os diversos materiais são separados para serem encaminhados para reciclagem", explica Carmen.

Além de reciclar, é importante reciclar bem e perceber que cada tipo de material tem o sítio certo. Se for uma das pessoas que colocam o papel dentro de um saco de plástico para deitar posteriormente no ecoponto azul, então não tem feito as coisas bem. A engenheira do ambiente explica que apesar de ser possível separar os materiais no ecocentro "seria mais adequado colocar sem saco ou num saco de papel."

Contudo, por vezes surgem algumas dúvidas menos óbvias que o leva a colocar um copo partido no ecoponto verde (exemplo do que não deve fazer). Acontece, não é o único, mas sabe o que é que se sucede nos casos em que aparecem materiais para reciclar no sítio errado? Carmen explica que em alguns locais do país estes são separados posteriormente para tentar aproveitar alguns materiais para reciclagem, mas "em outros locais, se não separarmos em casa, estes são encaminhados diretamente para a incineração ou para o aterro." Para que isto não aconteça e coloque tudo no sítio devido, há uma forma de esclarecer as suas dúvidas.

WasteApp

A reciclagem já chegou à internet e à loja de aplicações do telemóvel. A WasteApp é a aplicação da Quercus que explica em que ecoponto colocar os resíduos, o que é que não pode reciclar e qual o ponto de recolha mais próximo.

Aqui pode encontrar nos três básicos — o ecoponto amarelo, o verde e o azul — uma lista com o que pode e não pode reciclar. No amarelo pode colocar embalagens de plástico, desde os garrafões, até aos cabides de plástico, embalagens de aço e alumínio, tal como as latas de conservas e as caricas, e ainda embalagens de cartão para líquidos alimentares, como os famosos pacotes de leite (que muitas vezes vão parar ao ecoponto azul).

O que é que não pode colocar? Baldes, tachos, panelas, ferramentas, talheres de metal, cassetes VHS, CDs e DVDs, talheres de plástico, plásticos não embalagem, rolhas de cortiça, eletrodomésticos, pilhas e baterias.

Já no ecoponto verde, pode colocar garrafas e frascos de vidro, mas esqueça coisas como pratos ou jarras de cristal, janelas e espelhos, lâmpadas, embalagens de medicamentos e materiais de construção civil.

Por fim, no ecoponto azul podem entrar caixas de cartão, como caixas de cereais ou sacos de papel, e também papel de escritório. Entre as caixas de cartão estão as de pizza, uma das que Carmen refere que mais confundem as pessoas, mas é preciso ter atenção às condições das mesmas antes de reciclar. Estas só podem seguir para o ecoponto azul caso não tenham gordura (algo que raramente acontece).

Quanto àquilo que não pode colocar anote o papel autocolante, o papel plastificado, o papel de alumínio, os lenços de papel ou os guardanapos sujos, os sacos de cimento, os toalhetes e as fraldas, as embalagens de cartão com gordura (as tais caixas de pizza de um jantar com amigos) e ainda os sacos de plástico — como aqueles onde leva todo o papel que reciclou durante a semana.

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Depois de analisar a lista pode estar a perguntar-se onde ficam as esponjas da louça ou do banho, as beatas, as cápsulas de café ou as radiografias. A WasteApp indica vários pontos do país que recolhem materiais específicos como estes. No caso das esponjas, há mais de 20 pontos de recolha, e quanto às beatas possivelmente não sabia que existe a Missão Beatão que encaminha-as para valorização energética. Os dez pontos de recolha estão concentrados em Santarém, mas já é o inicio de uma ideia que salva milhões de cigarros que acabam frequentemente no chão.

Quanto às cápsulas de café, também lhes pode dar uma nova vida através dos vários pontos de recolha que existem pelo país, que incluem as cadeias de supermercados Continente ou Pingo Doce, que, no último caso, além de recolher as cápsulas, disponibiliza ecopontos para pequenos equipamentos elétricos, para óleos e tinteiros, pilhas ou baterias usadas, lâmpadas tubulares e compactas e tampas, rolhas ou caricas.

A adesão dos supermercados traz mais acessibilidade aos consumidores

Agora sabe que resíduos não deve colocar na reciclagem: as cápsulas de café, os CD e DVD, os medicamentos, os copos de vidro ou a loiça partida, são alguns exemplos que Carmen identifica como os mais comuns colocados erradamente pelas pessoas no ecoponto.

Idealmente todos os produtos deveriam ter uma identificação se são ou não recicláveis, mas isso nem sempre acontece. Contudo, alguns plásticos além de estarem identificados com o símbolo da recilagem, diferenciam o tipo de plástico em níveis que começam no 1 (PET — Politereftalato de etileno), que incluem os plásticos inquebráveis e transparentes, e vão até ao 7 (Outros) que se caracterizam por serem mais leves e flexíveis. Mas além da identificação, a engenheira do ambiente acrescenta que as entidades "deveriam igualmente pagar a uma entidade gestora para garantir a sua recolha e encaminhamento para reciclagem."

Apesar de os fabricantes terem o dever de se preocuparem com o destino final dos produtos, cabe também aos consumidores zelar pela melhor utilização dos mesmos. Este aspeto tem-se feito notar com a crescente adesão aos ecopontos menos comuns, como o pilhão que teve um grande impulso através da recolha nas escolas. Além deste, "o óleo começou a ter uma maior adesão desde que alguns supermercados asseguraram a sua recolha", indica Carmen. O mesmo acontece com as cápsulas de café, por ser uma solução de proximidade para as pessoas.

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