Mulher que está com o período não pode cortar o cabelo ou as unhas. Parece ridículo, não é? Pois, mas são dois mitos sem qualquer tipo de fundamento, que em tempos foram tidos como verdade. Mas e se a pergunta for: fazer desporto com a menstruação é perigoso? Deve uma mulher treinar nesta altura do mês? Mais confuso, certo?

A ginecologista Paula Ambrósio ri-se da pergunta. A resposta é clara: "Claro que pode”. O período é, como descreve, um processo feminino absolutamente fisiológico. O desporto, continua, não vai ter qualquer interferência: “Não há contra-indicação nenhuma sobre o exercício na fase da menstruação”, diz. “O período é o útero a escamar e ele escama independentemente daquilo que estamos a fazer.”

Mas tudo depende da forma como a mulher se sente. Há quem tenha mais ou menos dores, mais ou menos fluxo, melhor ou pior humor. “Se a pessoa tiver muitas dores, talvez não seja interessante, mas não é por causa da menstruação — é por causa das dores", ressalva, acrescentando que, atualmente, a pílula ou medicação inti-inflamatória são capazes de resolver a questão, nos casos em que não há mais nenhuma condição médica associada.

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Sobre o fluxo, a médica do Hospital dos Lusíadas explica que até pode aumentar com o treino, devido à vascularização do útero. “Na corrida, por exemplo, pode eventualmente aumentar um bocadinho, até porque se está na posição vertical”, diz. “Mas é uma coisa residual.” Já com a natação, acontecerá o inverso: “Com a água fria há menos fluxo."

Paula Ambrósio refere ainda um lado positivo: para quem tem mudanças de humor mais drásticas, pelo aumento dos níveis de estrogénio no corpo, o exercício até pode ser uma boa forma de libertação de stress, uma vez que aumenta a produção da dopamina, uma um neurotrasmissor responsável pelo bem-estar, associado a um melhor sono, humor, capacidade de concentração ou produtividade.

Pessoas com endometriose ou adenomiose  — não medicadas e controladas — poderão ser as que mais repouso precisam, mas isso estende-se para lá da prática do desporto. Ou seja, não tem a ver com o exercício, mas sim com as dores que causam desconforto generalizado, na execução de várias tarefas da vida.