"A Mariana, a Cláudia e eu era uma delas
Lembro-me das noites que passaste com a Daniela
Eu sei por onde vais, vais
Chega de desculpas
Tu não percas tempo, não não"

Em cinco dias, a nova canção de Bárbara Bandeira, "Larga-me Essas", ultrapassa o meio milhão de visualizações, tem mais de 27 mil gostos e ocupa a terceira posição no Top dos mais populares do YouTube.

"Sim eu sei que essa bae yeah yea
Tá com fome
Se quiseres está tudo bem yeah yeah
Dá-lhe um toque
Ela não tem, o que eu tenho
Mas é na boa, tu troca
Porque amanhã, bem de manhã
Eu sei que tu estás de volta"

Não vou perder tempo a falar do auto-tune, do tamanho das unhas da Bárbara Bandeira ou da publicidade disfarçada à NOS. Nem sequer vou comentar o facto de lhe ajeitarem o cabelo com a escova ao contrário, de acordo com o que vemos ao minuto 1 e 15 segundos. A minha única verdadeira e genuína preocupação prende-se com o facto de, em 2019, termos uma letra como esta.

Todos os dias vejo pessoas a lutarem por uma sociedade mais justa e igualitária. Todos os dias vejo discussões sobre os direitos das mulheres, das minorias, da comunidade LGBTQ+, até da aceitação de todo o tipo de corpos. E, de repente, temos uma artista portuguesa a cantar que sabe que é traída mas coloca a tónica da culpa nelas.

Nelas. Essas, estão a ver? As rameiras, prostitutas, meretrizes. É óbvio em toda a canção que à frase "larga-me essas" segue-se uma palavra começada pela letra "p", que possivelmente não foi proferida porque algum produtor teve o bom senso de a manter de fora. Mas é tão óbvio que chega a ser ridículo — basta ver, ao minuto 1 e 6 segundos, o sexyness com que Bárbara mete o dedinho na boca para se impedir de dizer a palavra marota. A sério?

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Vou fingir que a palavra é "princesas". Portanto, as princesas Mariana, Cláudia e Daniela são as babes que estão com fome. E que não têm o que a Bárbara tem porque, no dia seguinte, ele volta para ela. Conclusão: estamos perante um namorado que é um traidor e um mentiroso, mas a mensagem que passamos para os adolescentes é que a culpa é das... princesas.

É claro que uma análise mais profunda à letra e videoclipe (e por profunda entenda-se mais do que uma visualização) faz-nos perceber que nada aqui faz sentido. Logo no início ela diz que não sabe onde é que o namorado está, mas depois já sabe de coisas que nem ele sabe. Ela também sabe que é traída e está bem com isso porque no dia seguinte ele está de volta, mas ao mesmo tempo quer que ele as largue. Ainda assim ela "bazou" desta relação. Confusos? Pois, eu também não percebi.

Complexidades narrativas à parte, é esta mensagem que predomina: numa traição, a culpa é das outras. Para tentar disfarçar a coisa — afinal, até Bárbara Bandeira sabe que estamos em 2019 —, no final do videoclipe elas unem-se para bater no rapaz. Só que isto é tão hipócrita como não usar a palavra começada pela letra "p". Alguém acredita efetivamente que a mensagem é esta quando a canção diz exatamente o contrário?

Bárbara Bandeira está longe de ser um caso único nisto da música não acompanhar a evolução de pensamento da sociedade. Como esquecer a canção "Devia Ir", dos Wet Bed Gang, que entoava frases magníficas como "caga nas tuas amigas" ou "sei que basta uma chamada e sou a tua choice"?

Não, Bárbara Bandeira não é a única. Mas era bom que fosse a última. Até quando vamos continuar a diminuir as mulheres? Já não chega?

Esta semana, a jornalista Ana Luísa Bernardino conta-nos a história dos migrantes que morreram no Rio Grande. A fotografia do pai e filha já cadáveres à beira do rio tornou-se viral, e mais um exemplo de quem morre em busca de uma vida melhor. A família vivia com 307€ mensais e só queria chegar aos Estados Unidos para poupar o suficiente para construir ou comprar uma casa.

Já Fábio Martins conta-nos a história de Matilde, a bebé portuguesa que precisa de um medicamento que custa 1,9 milhões de euros para sobreviver. Com apenas 2 meses de vida, a pequena Matilde sofre de atrofia muscular espinhal de tipo I, a forma mais grave da doença.

Passando para temas mais leves, começou a época de saldos e a MAGG tem inúmeras sugestões de peças que valem a pena. Não esquecemos as lojas mais populares nesta época, como a Zara, H&M ou Uterqüe, mas também lhe damos dicas para criar looks completos, mostramos-lhe ténis imperdíveis e sugerimos peças para renovar o quarto.

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Saindo dos saldos, mas continuando nas sugestões, esta semana também lhe mostramos o novo BE THE KO, um ginásio especializado em fitboxing, contamos-lhe as novidades na Uber Eats assinadas pelo chef Avillez e dizemos-lhe quais são as 50 melhores temporadas de sempre.

E ainda não acabámos. Vale a pena conhecer ainda a Just a Change, uma associação que reabilita as casas de quem mais precisa, recordar como foram as últimas 24 horas de vida de Michael Jackson e conhecer a história da nova série da Netflix sobre o criminoso mais procurado em Espanha, que fugiu para Portugal.

Por último, mas não menos importante, a família Observador está de parabéns. Já está no ar a Rádio Observador, um projeto que envolveu muito esforço e dedicação por parte de uma equipa que quer continuar a fazer mais e melhor. Com noticiários de 30 em 30 minutos e uma cultura de "última hora", reúne também programas relacionados com desporto, cultura e parentalidade, entre outros temas.

Há cinco anos, o Observador transformou por completo a forma como consumíamos informação na internet, ao trazer-nos um jornal online livre, independente, rigoroso e adaptado às necessidades atuais. Agora, os mesmos pilares sustentam este novo projeto.

A MAGG também vai estar por lá. Todos os sábados, às 10h30, chega o programa “Isto de Ser Mãe” que junta Catarina da Eira Ballestero, jornalista da MAGG, e Fabíola Carlettis, consultora de moda e beleza da mesma publicação, para falar sem filtros sobre parentalidade. Todas as emissões contam com um convidado, que na estreia será Sónia Morais Santos, autora do blogue de maternidade “Cocó na Fralda”.

Já só falta dizer a frequência: 98.7 FM.

Até para a semana!

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