"Quartos sem iluminação, sujos, com um cheiro nauseabundo, colchões manchados de urina, janelas sem vidros, uma retrete para toda a equipa…”.

Foram assim descritas as instalações do desativado Quartel de Mafra, disponibilizadas para receberem três equipas de basquetebol, a propósito da fase final do Nacional feminino sub-16 (a Final Four Feminina sub-16), que se disputou no Pavilhão do Parque Desportivo Engenheiro Ministro dos Santos, entre os dias 31 de maio e 2 de junho..

A equipa algarvia ACD Ferragudo, em declarações ao "Diário de Notícias", mostrou-se indignada com aquilo que se passou no passado fim de semana. Pedro Nuno, diretor da secção de basquetebol deste clube, explicou que a equipa viajou de autocarro do Algarve diretamente para o local do jogo, em Mafra. Só perto da uma da manhã é que chegaram ao alojamento. “Nem queríamos acreditar no que víamos”, disse ao “Diário de Notícias”.

Sem meio de transporte para regressarem ao Algarve (viajaram num autocarro da Câmara que voltou ao seu destino), viram-se obrigados a permanecer ali. “As miúdas a chorar que não queriam ficar ali e os pais a pressionar para irem embora. Foi uma noite em branco para toda a gente”, descreve.

No dia seguinte, houve miúdas a “adormecerem em cima da mesa depois de comerem”. De acordo com o “Record”, também na alimentação houve falhas, “com sopa queimada, esparguete aquecido, coxas de frango mal cheirosas e quantidades minúsculas de comida”.

Recusando-se a ficar novamente no Quartel de Mafra, a equipa do Algarve ficou depois alojada "numa sala de um ginásio do pavilhão [no Parque Desportivo Municipal de Mafra]”, onde dormiram “em colchões de piscina”, contrariamente ao Sporting Figueirense, que “não teve alternativa e permaneceu no local.”

A equipa madeirense (CDEF Franco) resolveu mudar-se para um hotel e a da Quinta dos Lombos (de Carcavelos) — que se sagrou campeã —, pela proximidade, foi dormir a casa.

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O comunicado do ACD Farragudo aos pais

O "Jornal de Mafra" publicou o comunicado enviado pelo clube aos pais das atletas. Pode ler-se:

"Colocaram a nossa equipa (como a da Figueira da Foz e a equipa da Madeira) num dos lugares mais nojentos do país, precisamente o Quartel de Mafra, quartos sem iluminação, sujos, com um cheiro nauseabundo, colchões manchados de urina e sabe-se mais o quê, janelas sem vidros, uma retrete para toda a equipa e staff (para 22 pessoas), etc... etc... tal como poderão observar nas fotos que colocamos.

As refeições que prepararam à comitiva numa das escolas da cidade foi do pioria, especialmente as primeiras duas refeições, nem os cães merecem uma comida daquelas, desde sopa queimada, esparguete aquecido, coxas de frango mal cheirosas, a quantidades minúsculas, valeu tudo... (...)

A sujeira foi enorme e nunca mais será esquecida por todos aqueles que passaram por esta cena de horror... isso é certo. Por tudo isto, não nos remos calar até que o clube, o staff envolvido e as nossas atletas recebam um pedido forma de desculpa de todos os intervenientes nesta miserável desorganização.

Por fim, lamentamos as condições a que se submetem todos os militares que frequentam as casernas do Quartel de Mafra, certamente ao nível do pior que existe no mundo."

Como é que isto aconteceu?

De acordo com o que avança o “Diário de Notícias”, o alojamento foi solicitado à Câmara Municipal de Mafra (CMM) que, depois, fez o pedido para ao Exército, de forma a que estes cedessem aquele local.  Só que Câmara atribuiu as responsabilidades à Associação de Basquetebol de Lisboa (ALB). "O Presidente da ABL, após visita a estas instalações, validou a sua utilização pelas atletas, pelo que se imputam responsabilidades a esta associação pela escolha do espaço de alojamento, aliás sua competência enquanto entidade organizadora, e se rejeitam quaisquer responsabilidades por parte da EA [Escola de Armas]”, disseram, em comunicado enviado ao jornal.

Acrescentaram: "No dia 1 de junho, durante a manhã, a CMM tomou conhecimento de que as equipas se encontravam insatisfeitas face às condições de alojamento disponibilizadas e, de imediato, mesmo não sendo sua responsabilidade, disponibilizou espaço alternativo no Parque Desportivo Municipal de Mafra, tendo a Associação Cultural e Desportiva de Ferragudo aceite esta sugestão, enquanto o Sporting Clube Figueirense, por decisão das atletas, permaneceu nas instalações da EA"

A ABL assumiu a responsabilidade do sucedido e confirma a versão da CMM — apesar de considerar que existe “um empoamento demasiado excessivo”, cita o “Diário de Notícias”. Rogério Mota, presidente da associação, assumiu que visitou estas instalações, juntamente com a Escola das Armas e a CMM, tendo notado que estas “tinham algumas deficiências, mas nada de transcendente”, dizendo que parte das imagens divulgadas não correspondem ao local onde as jovens ficara instaladas.

Segundo o “Record”, a Federação Portuguesa de Basquetebol — que também responsabilizou a ABL, uma vez que esta recebeu verbas para o efeito, não tendo cumprido aquilo que vinha descrito no caderno de encargos, onde se estipula que o alojamento seja feito em hotéis de duas estrelas ou semelhantes — já enviou um comunicado relativo à situação: "A FPB reforça o seu empenho no aumento da qualidade da organização dos seus eventos desportivos, comprometendo-se a aumentar a supervisão dos mesmos."

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