Reinaldo Moreira recebeu da sogra um par de meias. Esta poderia ser uma daquelas histórias repetidas quando queremos falar de presentes dados sem grande originalidade, mas a verdade é que acabou por se transformar no início de um negócio.

As meias eram realmente boas, Reinaldo sentiu-lhe a qualidade e insistiu para que a sogra lhe dissesse onde as tinha comprado. "Fez um grande mistério, depois disse que tinha sido num sítio ao qual eu não iria, mas lá acabou por admitir que comprou diretamente numa fábrica", conta à MAGG.

Para quem é do norte, como Reinaldo e a família, ir diretamente às fábricas comprar roupa é algo até comum, mas mesmo nesta zona do País é um negócio pouco estruturado. "Foi aí que pensei que de certeza que haveria mais pessoas, de todo o País, interessadas em comprar roupa de qualidade a preços de fábrica", recorda. Daí surgiu a ideia daquilo que hoje é a Springkode, a primeira plataforma de e-commerce que liga a indústria têxtil diretamente ao consumidor final.

Reinaldo juntou-se a dois amigos, Francisco Pimentel e Miguel Pinto, e juntos começaram ainda em 2017 a bater à porta das fábricas para apresentar a ideia. "Ouvimos muito nãos mas, ao mesmo tempo, deparámo-nos com toda uma nova geração de gestores, abertos a estas novas ideias", refere.

A Springkode arrancou com três fábricas em setembro de 2018 e Reinaldo, "pragmático e com os pés bem assentes na Terra", como se define, tinha estipulado que este ano chegariam às dez. Agora, em junho, estão prestes a chegar às nove fábricas e Reinaldo já admite que o projeto pode estar a correr melhor do que o esperado.

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O site reúne as coleções criadas em exclusivo pelas fábricas. Não são necessariamente novas marcas, mas sim peças que servem para rentabilizar a identidade da fábrica. É também uma forma de aproveitar a mão de obra e a matéria prima.

As peças são exclusivas e feitas com o mesmo preciosismo que teriam se tivessem a chancela de uma marca conhecida. A diferença? O preço. "Os valores podem ser até 80% mais baixos", garante Reinaldo. É por isso que no site, seja qual for a peça escolhida, surge o preço pelo qual está à venda e o preço pelo qual estria à venda caso fizesse parte de uma marca reconhecida no mercado. No caso destas calças de cintura subida, por exemplo, o desconto é de 75% — custam 84€ e poderiam custar 336€ no comércio tradicional.

O trio de empreendedores visita as fábricas todas as semanas e a relação com quem faz as peças é de proximidade. É por isso que no site fazem questão de ter informação sobre a fábrica que produz cada uma das peças, desde a sua fundação até fotografias dos funcionários em ação.

Atualmente a plataforma apresenta exclusivamente roupa feminina, mas brevemente será incluída a venda de roupa masculina. Também o calçado e a bijutaria vão passar a estar disponíveis para venda no site ainda este ano.