Joana Costa estava de férias com a mãe na República Dominicana quando, num passeio pela praia, decidiram começar a apanhar o lixo que encontravam na areia. O dono do restaurante em frente, ao vê-las tomar aquela iniciativa, ofereceu-lhes um sumo, numa espécie de prémio de bom comportamento.

Foi nesse momento que Joana percebeu que aquele gesto se podia perpetuar no tempo se, ao chegar a Portugal, fizesse por isso. É que, com apenas 19 anos, Joana fala como gente grande quando o assunto é sustentabilidade.

É vegan, diz não a tudo o que é plástico e descartável, e tem como hábito fazer caminhadas entre as praias de Oeiras e S. Pedro do Estoril, só para apanhar lixo do chão.

Começou a contactar restaurantes, cafés e bares de praia, na tentativa de criar um movimento semelhante ao que viu acontecer nas suas férias. "Só toquei o sumo pelo café, porque em Portugal é uma bebida mais comum", explica à MAGG a mentora do projeto que começou no início de maio.

Depois de algumas negas de quem tem dificuldade em perceber o conceito, recebeu o primeiro sim do Wind Surf Cafe, em Carcavelos. Agora, um mês depois de ter começado esta onda sustentável, já são 15 os espaços aderentes, principalmente nas praias de Sintra e Ericeira. É o caso do Restaurante Nortada, na Praia Grande, ou do Bar Lobo do Mar, na Praia das Maçãs.

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Em todos esses espaços, há um autocolante à porta com a frase Waste4Coffee — nome que Joana escolheu para o projeto — e dois baldes à espera de ficarem cheios com o lixo que as pessoas apanhem do areal. A ideia é que os interessados peçam esses baldes no restaurante e, depois de cheios, os entreguem novamente lá, recebendo em troca um café.

"Tentamos que o lixo recolhido seja todo reciclado, mas essa parte já é da responsabilidade de cada restaurante", explica Joana, que já sabe que futuro dar às centenas de beatas que têm sido apanhadas durante este primeiro mês de projeto. "Estamos a tentar que seja tudo enviado para Guimarães, onde existe uma empresa que transforma beatas em tijolos", refere. Fala da eTijolo, que usa 350 beatas para construir um tijolo e que, tendo em conta as 16 milhões de beatas produzidas por dia em Portugal, não sofrerá de falta de matéria prima.

Joana está agora na fase de reunir com as autarquias para conseguir, não apoio financeiro, mas sim divulgação do projeto. Em breve, além do autocolante a identificar a iniciativa, vai também estar disponível um panfleto a explicar de que forma pode transformar o seu dia de praia num evento sustentável.