A luta pela igualdade de género tem ganhado cada vez mais força. Para perceber qual a posição das pessoas acerca deste tema, o jornal britânico "The Guardian" publicou na sexta-feira, 10 de maio, o resultado de um estudo realizado a 25 mil pessoas de mais de 23 países.

Apesar de ser considerado um dos melhores países para as mulheres — devido à pequena diferença salarial e a uma maior igualdade de direitos —, a pesquisa do YouGov-Cambridge Globalism Project, em parceria com o "The Guardian", concluiu que a Dinamarca é o país menos feminista da amostra.

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Os resultados do estudo indicam que apenas um em cada seis dinamarqueses se considera feminista. O estudo avança também que apenas quarto das mulheres dinamarquesas é feminista — um número bastante pequeno comparado com os 46% da vizinha Suécia.

O jornal britânico foi para a rua e questionou uma dúzia de mulheres, sendo que só uma delas se assumiu feminista. "Sim, sou. Tive três filhas e criei-as como feministas", afirmou Charlotte Mathiesen.

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O estudo concluiu ainda que cerca de um terço das mulheres dinamarquesas não se importa de ser assobiada na rua. "Eu não me importo, na verdade vejo isso como um elogio", diz Hansen.

Rikke Andreassen, professor de Estudos de Comunicação, explicou ao "The Guardian" a razão pela qual as mulheres não se importam com os assobios na rua: "Nós temos uma cultura em que o que se diz só é racista ou sexista se a pessoa que o diz pretender que assim seja", revelou.

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Estas questões de igualdade de género e assédio sexual levam-nos ao movimento #MeToo. Na Dinamarca, apenas 4% dos homens e 8% das mulheres simpatizam com a iniciativa, em comparação com os 16% e 34% na Suécia.

Sara Pihl, em declarações ao jornal britânico, acha que o movimento #MeToo faz com que "alguns homens tenham medo de conversar com mulheres no trabalho, porque podem ser acusados de alguma coisa."

O estudo em questão conseguiu apurar ainda que, na Dinamarca, as notícias acerca do movimento eram colocadas nas secções de cultura e opinião.