Foi quando se mudou para o Brasil, em 2017, que Filipa Belo percebeu que o mundo pouco sabe sobre Portugal. Pelo menos no que diz respeito ao artesanato, continuando este imaginário ainda muito agarrado a marcas como a Vista Alegre e Bordallo Pinheiro. "Não é que essas marcas não sejam importantes, mas Portugal é tão mais do que isso", refere à MAGG.

Tudo começou ainda em Portugal, quando trabalhava na Organii, marca de cosmética biológica, e organizou o primeiro Organii Eco Market. "Conheci marcas que até aí me eram totalmente desconhecidas. Algumas delas super interessantes e feitas por pessoas com histórias de vida que mereciam ser contadas", salienta. Essa vontade de dar a conhecer estas marcas mais pequenas ganhou força quando, já no Brasil, percebeu que do outro lado do Atlântico pouco ou nada se sabia do que de mais moderno era feito em Portugal no que diz respeito ao artesanato.

"Percebi que tinha mesmo que fazer alguma coisa por esta área e foi assim que nasceu o Portugal Manual, pensado não só como montra de artesanato, mas também como forma de promover outras formas de turismo", conta.

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O site está, por isso, dividido em vários setores ainda que todo o trabalho seja feito no sentido de valorizar o trabalho dos artesãos portugueses.

Além de criar uma base de dados com as marcas que considera fazerem sentido no projeto, Filipa criou também uma rede de parceiros que oferecem serviços na área da estratégia comercial ou sessões fotográficas, por exemplo. "São mais de 30 parceiros e, por ser um trabaho de equipa, os preços são mais acessíveis do que se os artesãos trabalhassem sozinhos".

Quer apostar agora também na vertente cultural destes produtos, inserindo-os em roteiros turísticos. Agora, quem visita o país, já pode por exemplo experimentar fazer macramé num workshop na Oficina 166 (65€) ou aprender mais sobre cerâmica com a Fica - Oficina Criativa (40€). Até ao fim do ano, garante Filipa Belo, vão ser lançados pacotes turísticos nos quais o artesanato passa a estar associado a experiências de hotelaria e gastronomia. "A ideia é que um turista que vá conhecer determinada zona do país, saiba onde ficar, qual o melhor restaurante para comer e ainda possa experimentar fazer artesanato com os locais", acrescenta.

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Filipa trabalha ainda no reposicionamento das marcas, mostrando-as como peças de design e até obras de arte, justificando assim o preço. E além deste trabalho online, apresenta as marcas em exposições, que começaram no Brasil, mas chegam já ao mercado nórdico, aos Estados Unidos, Paris e Macau. "Só na feira de São Paulo, tivemos 15 lojas interessadas na revenda de produtos portugueses", conta Filipa, entusiasmada.

Há marcas infantis como a So-So, que cria objetos inspirados em provérbios e expressões portuguesas ou a Mauvais Marie, que cria bonecos de peluche feitos à mão. Mas também há as serigrafias do Tiago Galo, as malas da Sul, as jóias da Opaca e as peças de cerâmica da Golden Bird.

Quando arrancou com o projeto foi atrás das marcas que fazia questão de ter como base. Agora, já são as marcas que procuram a sua ajuda e já são mais de 60 as que compõem um Portugal Manual que, ainda que tenha sido criado no Brasil, vai acompanhar Filipa seja qual for o destino. "Para já fico-me pelo Brasil, mas com a certeza que a Portugal Manual faz sentido em todo o lado", refere, orgulhosa de um projeto que dá a conhecer quem até aqui não conseguia passar fronteiras. "Falar de artesanato era quase pejorativo. E não tem que ser, pelo contrário, é algo sobre o qual devemos falar com o maior dos orgulhos".

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