Os leitores perguntam, a psicóloga Sara Ferreira responde. É assim todas as semanas. Saúde, amor, sexo, carreira, filhos — seja qual for o tema, a nossa especialista sabe como ajudar. Para enviar as suas perguntas, procure-nos nos Stories do Instagram da MAGG.

Olá, cara leitora.

Ora aqui se coloca mais uma pergunta pertinente… e importante… e interessante... e relevante… e impactante… (mais alguma coisa acabada em “ante”?!?)… Adiante.

Comida emocional! Eis uma (grande) questão. Mas esgotante…

A fome emocional cansa, a fome emocional esgota, consome-nos, consome-se e deita-se fora, para logo depois recomeçar o ciclo vicioso — e viciado — do comer e condoer-se por mais.

Se a leitora me fez esta pergunta porque se sabe a “comer emocionalmente”, eu desde já posso suspeitar uma coisa. Que busca ou corre atrás de algo, que é o que o fazemos quando sentimos que alguma coisa nos falta… e sentimo-nos vazios.

Todas estas “buscas”, as nossas habituais correrias e coisas, geram níveis de stresse bastante elevados e o sofrimento emocional é praticamente inevitável. E adivinha como é que muitas vezes esses vazios são preenchidos? Pois é… infelizmente, na comida. Ou pior, na “comida” (com aspas)… E, permita-me que seja eu agora a perguntar-lhe: será que quando “ataca” o frigorífico realmente está com fome?

E é por isso que a comida é emocional, quer se ache bem, quer se ache mal… E o problema? É “só” este: se enchemos os nossos corpos com alimentos "vazios" e que carecem de nutrição, estes ficarão mais fracos e cansados. Por outro lado, se munirmos os nossos corpos com vibrações alimentares elevadas, através de alimentos frescos e "limpos", necessariamente irá sentir-se mais vivo, bem e feliz. Tudo é informação e energia. Todos somos energia. E a comidinha no nosso organismo? É energia transformada!

Os alimentos orgânicos frescos são energia positiva e é essa energia que mantém a alta vibração.

Agora, antes de lhe orientar uma “dicas” sobre como “deixar de comer emocionalmente” (e olhe que lhe ofereço aqui uma mão cheia delas!), primeiro temos de começar por perceber o seguinte: mas então, de que forma a comida é emocional?

Nós escolhemos os alimentos pela maneira como nos estamos a sentir no momento, ou como nos temos sentido no passado, e ainda como o nosso corpo se sente e qual é o seu desejo. E sim, o “desejar” decorre de emoções também. É baseado em sentimentos inconscientes de querer, do tipo "o que é que eu quero comer?” ou “eu estou com fome, eu tenho uma necessidade de preencher".

E o facto é este: precisamos de comida para sobreviver e precisamos de comida para progredir. Já ouviu dizer que “semelhante atrai semelhante”? Pois bem, este adágio que de resto é tido como uma “lei universal” em todas as correntes e filosofias ancestrais, espelha bem uma verdade: “Diz-me o que comes, dir-te-ei como te sentes”.

Inversamente, poderia também dizer-lhe: “Diz-me como te sentes, dir-te-ei o que comes”.

Muitas vezes o nosso corpo simplesmente parece “pedir” o que comer. E, sim, é importante honrá-lo e “ouvir” com atenção o que ele nos está a pedir.

Se quer sumo fresco, dê-lhe sumo fresco! Se quer um bonito e delicioso smoothie bowl de açaí e framboesa, dê-lhe! E quando ele lhe pede um bolo de natas, por exemplo? Se for de forma sistemática e recorrente, aí provavelmente, pare um pouco para pensar (antes de passar à ação e abrir a caixa dos doces). 

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E na prática, como fazer isso?

Comece por distinguir entre aquilo que é a vontade de comer fisiológica (do corpo) daquilo que é a vontade de comer emocional (da mente). Por outras palavras, a sensação de fome física tende a ocorrer progressivamente e tende a poder ser adiada (não saciada no momento).

A sensação de fome emocional aparece de repente e muitas vezes com carácter de “urgência”. A fome física pode ser satisfeita com qualquer alimento, ao passo de que a fome emocional exige, muitas vezes, satisfação exclusiva através de itens muito específicos (por exemplo, apelo por pizza, gelado, etc.).

A fome física uma vez saciada, faz com a pessoa queira parar de comer. Já na fome emocional a pessoa tende a comer muito mais do que aquilo que em situações normais comeria.

Por último, a fome física ao ser satisfeita não cria sensação de culpa; a fome emocional, pelo contrário, cria sensações de culpa após ser satisfeita. O equilíbrio e a moderação são importantes em todos os aspetos das nossas vidas. E a alimentação é, seguramente, um outro aspeto importante desse equilíbrio.

Alguns dos ingredientes mais importantes com os quais podemos alimentar corpo e a mente são precisamente o respeito, amor, honra e confiança. E isso passa (ou não) pelo estômago e pelo trato gastrointestinal, literalmente.

E agora, novamente, deixe-me que lhe faça mais algumas perguntas (faça-as a si mesma):

  1. Que tipo de alimentos você come?
  2. Que tipo de alimentos deseja?
  3. O que precisa e quais as emoções que sente ao comê-los?
  4. Como é que costuma escolher os seus alimentos?

Verifique as suas emoções e pergunte-se que conexão poderá existir entre as necessidades que precisa atender, aos diferentes níveis.

Sabe, querida leitora, ter consciência dá jeito e a verdade começa aí. Então, temos tudo para fazer boas escolhas. Porém, somos levados pelos nossos desejos e emoções não resolvidas.

E a solução?

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Bom, por hoje, deixo-lhe aqui algumas técnicas básicas para se livrar destas armadilhas e para potenciar o resultado desejado de “deixar de comer emocionalmente”. 

  • Sempre que sentir o impulso de comer fora de horas, pergunte-se: Estou com fome ou com vontade de comer? Estou com fome de quê? O que me incomoda neste momento? Traga para o consciente a situação e tente resolver;
  • Pratique uma atividade física para canalizar o stresse (caminhada, ioga, dançar, etc.);
  • Alimente também a sua mente e atenção plena, tire um tempo para olhar para dentro de si, para meditar, ou até mesmo contemplar a natureza;
  • Descubra as suas reais necessidades emocionais através de psicoterapia. Comece por tentar compreender-se (ao seu corpo e à sua mente). Penso ter dado a entender melhor, nestas linhas, porque é que “os vazios não matam a fome”. E que não é a “encher-se de nada” que você se ajuda ou cria as bases para se sentir bem. Procure conhecer-se a si mesma, com curiosidade, descobrindo a sua singularidade e complexidade únicas e naturais, tornando-se na sua principal aliada na grande viagem (e a mais importante) que é aquela que podemos fazer ao centro de nós mesmos. Aprendendo de que forma você poderá ser a principal fonte do seu alimento emocional;
  • Perceba, através dos sinais que o seu corpo e que a sua mente lhe dão, que quando não nos cuidamos o suficiente, quando não dialogamos connosco mesmos, o corpo começa a tornar-se numa barreira ou num escudo defensivo em relação a nós e ao mundo à nossa volta. E quando nos sentimos mal, a tendência é ferir-nos ainda mais, comendo o que não nos faz bem.

Em suma, existem diferenças entre desejo, necessidade e vontade. É importante aprendermos a lidar com as nossas emoções, pois acontece com frequência alimentarmo-nos compulsivamente, mais por ansiedade do que por fome.

Quando assim acontece, simplesmente esperamos que o alimento nos traga novamente uma sensação de bem-estar e aí é fácil cair-se num ciclo vicioso.

E depois?

Diz-lhe alguma coisa aquela sensação de culpa ou de “ressaca” moral?

Até para a semana!

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