Aconteceu naquele que seria o sítio mais inesperado. Aconteceu no cenário sobre o qual apenas imaginamos montanhas e neve. Mas aconteceu. Nos Pirenéus chove plástico, uma forma metafórica de dizer que existem milhares de partículas de plástico no ar, que acabam por contaminar a água e os solos destas montanhas.

Foi uma surpresa para todos, inclusive para a equipa de investigadores, que registou uma taxa diária de 365 partículas microplásticas por metro quadrado a cair do céu, quando não existe uma fonte óbvia de onde possam ter surgido num raio de cem quilómetros. “Nunca esperámos encontrar assim tanto plástico", admite Steve Allen, da Universidade de Strathclyde, em Glasgow, Escócia.

O estudo foi publicado este mês na revista Nature Geoscience e apresenta-se como prova de que os microplásticos — aqueles que têm menos de cinco milímetros — não estão presentes apenas em cidades ou, pelo menos, em zonas habitadas e nas quais o fenómeno poderia ser mais provável. “O microplástico é um novo poluente atmosférico”, acrescenta Allen.

Novo relatório alerta: estamos a transformar os oceanos em mares de plástico
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A equipa de Allen concluiu que a ação do vento faz com que as partículas consigam viajar até zonas tão remotas quanto os Pirenéus. Falam em distâncias de cem quilómetros, neste caso, porque foram até esse raio de distância na tentativa de encontrar uma fonte. “Mas ninguém sabe a que distância os microplásticos conseguem viajar”, refere e, por isso, pode até ser superior.

Durante a investigação, que durou de novembro de 2017 a março de 2018, os cientistas analisaram amostras recolhidas a 1.425 metros de altitude, na estação meteorológica de Bernadouze. Concluíram que, todos os dias, uma média de 365 microfragmentos de plásticos caem em cada metro quadrado da região.

Há microplásticos em todo o lado — até na água canalizada
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Encontraram vários tipos de fragmentos de plástico, com destaque para aqueles com menos de 50 micrómetros de diâmetro. Para termos uma noção do tamanho, é pensar que o cabelo humano tem entre 50 a 70 micrómetros de diâmetro e que a partícula mais pequena visível ao olho humano tem cerca de 40 micrómetros.

Este não é o primeiro alerta dado pela comunidade científica, que já detetou a presença destes pedaços de plástico até em fezes humanas ou na água canalizada. Os cientistas estimam que existem entre 15 a 51 biliões de partículas microplásticas a flutuar na superfície dos oceanos.

Com apenas cinco milímetros (ou até menos) de tamanho, os microplásticos têm origem em roupa sintética, pneus, pellets de plástico (que são utilizados na manufatura de plástico) ou até em plástico partido.

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